Para que servem os amigos?

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Amanheceu.

Esfreguei a mão nos olhos soltando um leve bossejo, meu corpo estava mole e minhas pernas doíam como se eu tivesse andado quilômetros, rapidamente me lembrei de tudo que aconteceu na noite anterior e senti uma pontada de aflição e desgosto me subir a espinha.
Analisei demoradamente o lugar onde me encontrava e num súbito movimento me pus sentada. Meus olhos foram em busca de encontrar a dona da casa mas nada encontrou, talvez ainda estivesse dormindo.
Que horas seriam?

Levanto devagar e tento me lembrar qual caminho me leva ao banheiro, olho de soslaio para a mesa de centro e vejo encima dela um relógio que apontava 9:45 da manhã. Ando mais depressa para o banheiro e quando chego lavo meu rosto com a água fria que vinha da torneira.

— Puts!

Falei pra mim mesma ao olhar meu reflexo no espelho, eu estava um desastre. Nunca vi olheiras tão escuras e minha pele estava seca. Novamente exclamei só que agora em meus pensamentos.
Não sabia ao certo o que fazer, mas tomei a atitude de procurar a dona da residência e se caso ela estivesse dormindo só escreveria um bilhete e partiria dali.
Não é a forma mais amigável de agradecimento mas não queria que ela me enchesse de perguntas novamente.
Sem muita demora encontrei o quarto. O apartamento não era grande, não tinha muitos cômodos então foi fácil.

Abri de leve a porta, enquanto minha mente me acusava de ser tão atrevida e bisbilhoteira. Não tinha como evitar.

A Laura estava dormindo, um sono pesado. Então como já tinha em planos, procurei uma folha e caneta pra escrever o que pretendia.
Assim que achei fui rápido e precisa.
Pedi desculpas pelo incomodo causado e por muitas vezes agradeci, contei rapidamente o que havia se passado comigo e o quanto foi importante pra mim a ajuda dela.
Após ter concluído, saí em busca das minhas antigas roupas e fui embora do apartamento.

Do lado de fora pedi na portaria um telefonema e com muito esforço consegui me lembrar o número do Valentin, torci para que fosse o mesmo de anos atrás e assim liguei. Depois de 6 toques ele atendeu com uma voz pesada de sono.

Dei bom dia e pedi para que ele viesse me buscar no prédio que se cituava no local onde o recepcionista me informou. Ele fez algumas perguntas e como o senhor em minha frente me apressava para desligar a ligação não pude responder todas.

— Só venha me buscar, no caminho eu te explico tudo.

Ou quase tudo — pensei.

Assim que desliguei o telefonema, agradeci e fiquei em frente ao prédio o esperando.

...

— Me perdi da Shofia e como você sabe que odeio lugares cheios... Fui embora sozinha.

Ele virou o rosto para fitar o meu e seu semblante demostrava que ainda estava confuso.

— Me explica como foi parar na casa de uma desconhecida. — Insistia ele.

Revirando os olhos me vi forçada a responder.

— Não tinha como eu voltar tarde da noite Valentin, ela só me ofereceu um lugar pra dormir e eu aceitei. Vai perguntar o que mais? Meu CPF?

Ele me olhou firmemente e não se dispôs a falar mais nada, silenciou e assim seguimos a viagem.

Não achei necessário contar todos os detalhes pra ele. Detalhes a qual eu queria esquecer e seguir adiante. A única coisa que revelei foi o bastante pra sua compreensão, seria normal da minha parte sair de uma festa do nada.

Acerca de 40 minutos chegamos.

Como era de se esperar Valentin levantou mais questionamentos e ficou mais alarmando pelo fato que sua irmã não se encontrava em casa, tentei traquiliza-ló dizendo que ela ficou com pessoas confiáveis e dormiu na casa de uma amiga e que eu apenas não me senti confortável de ficar também. Aos poucos ele se deu por vencido, mas sentiu uma necessidade de me acolher. Eu precisava, mas não podia aceitar vindo dele.
Recusei as conversas afetivas e o abraço que ele tentou me dar, aleguei que não precisava de todo aquele "mimimi", que eu só não conseguir ficar numa festa e isso não foi nenhum transtorno.
Menti.

— Eu lembro de como você ficava em festas e o porquê de você não gostar de lugares cheios. Não precisa se fazer de durona Madu, sério.

Insistia ele tentando ser afetivo.

A vontade que eu tinha era de chorar, de receber um abraço mas se fosse ele que me fizesse tudo aquilo, minutos depois eu estaria me sentindo pior. Não posso mais ser fraca.

— Juro que estou bem, quer dizer... Quase bem. — Nesse instante ele me olhou com mais atenção. — Estou morta de fome! Nossa!

Levantei do sofá frustando todas as expectativas dele que achava que eu iria me abrir. Pensou errado.

Horas depois Sofhia chegou em casa e diferente do que imaginei que seria a chegada dela, a garota irradiava alegria. Mal se preocupou com nosso afastamento na festa, não me deu bom dia e muito menos perguntou como eu estava. A única coisa que ela fez foi gritar e pular no meu colchão dizendo que sua noite havia sido ótima.

— Acorda garota! Vem saber dá mega novidade que tenho pra te contar.

Fingi não dar ouvidos e continuei com os olhos fechados, não fiz nenhuma movimento sobe a cama até o momento que ela começou a gritar brava e se sentindo ofendida.

— Como você pode ser tão egoísta Maria Eduarda? Eu estou aqui, precisando de alguém pra contar meu dia super feliz e você dorme. Que tipo de amiga é você? Egoísta! Não se presta nem pra me ouvir!

Eu não podia está ouvindo aquilo. Não mesmo.

— Do que me chamou? — Levanto o rosto para visualizar a garota que me insultava por não está ouvindo as boas novas dela, enquanto nem se preocupou de saber porque eu havia desaparecido ou se estava bem.
Que menina fútil!

Ela senta na cama e abre um grande sorriso fazendo gesto de desdém.

— Não importa. Só me escute.

Tentei interromper mas ela não deixou.
Passou minutos contando detalhes do que me parecia ter sido sua primeira vez com o namorado.

Fala Sério Vida!Where stories live. Discover now