Isis - A Dona do Trono

Prólogo

Posso dizer que a minha família é pequena, rica, poderosa e... estranha. Ao contrário das outras raparigas, quer sejam do céu, do inferno ou até da Terra eu sou aquela que não tem tias, primos, avós, sobrinhos o quer que seja. Sou a criação original do meu pai sobre a alma e corpo de uma humana. Da minha família, como se pode bem imaginar, sou a mais nova, vou fazer apenas dezoito anos, não consigo registar nem o mais velho. Tenho apenas os meus tios e o meu pai para chamar de família. Todos os meus tios têm lhe algo ligado bula, avareza, ira, luxúria, inveja, preguiça, ao orgulho e por aí fora. Aos olhos dos humanos, temidos pecados e eu sou feita com um pouco deles todos.

O meu pai nem sempre foi um demónio, pois afinal, demónios são anjos caídos. O meu pai era rico em beleza, força, inteligência e era superior aos outros filhos de Deus. Ele apenas queria realizar o seu desejo de ter mais poder e foi expulso do céu, ele valoriza os que têm orgulho e acham que estão certos, não gostam de críticas e não pedem conselhos, não são humildes, são feitos à sua imagem. Irónico, por pensarem que temos chifres pontiagudos, temos pele vermelha e um rabo comprido e triangular, é tudo um embuste. Somos iguais a qualquer ser humano, pelo menos fisicamente, porque em poder nem podemos ser comparados. Sabem lá eles o que é ter poder a sério e poder não é ter carros caros, ter montes de propriedades e habitações, ter as mulheres e homens que quiserem e ter dinheiro suficiente para poder nadar nele.

No geral as regras aqui são um pouco rigorosas e eu na minha teimosia (que é muita) desrespeitei algumas e virei as costas ao meu pai. Não o devia ter feito, e aprendi isso da pior forma. Conviver com humanos pode ser algo bem perigoso. 

Do que eu me lembro a história foi mais ou menos assim...

- Concentra-te.-O meu tio, Azazel, disse-me depois de me empurrar para longe, fazendo-me assim bater em uma parede. Uma leve dor passou pelas minhas costas, me fazendo arfar baixo pela dor.- Só sentirás dores se deixares. Vai. Levanta-te.- Estou quase a fazer dezoito anos, incrível, e estou desde os seis anos a treinar para ser impossível de derrotar. Ao fazer dezoito anos também vou ganhar uma grande responsabilidade, vou ser coroada rainha, e isso é incrível, tirando o facto que vou passar a maior parte do meu tempo a tratar de política, como uma verdadeira monarca. Chato. Já mencionei que o trono é desconfortável?

-Tem razão meu tio. Desculpe-me.- Depois de a dor passar rapidamente, me levanto. Tenho que me levantar.

-Hoje não estás em ti Isis, tens de te concentrar. Lembra-te, Isis significa "adiantar-se"...- Ele ia se pronunciar mais e eu o interrompi. Sei a origem do meu nome, como sei que sou filha do meu pai. O meu pai, esse, abandonará o trono e tornar-se-á general contra os anjos e arcanjos que continuam a tentar impor as suas regras no reino da "tormenta".

-"Nasci de mim mesma, não venho de ninguém" e "dona do trono".-Digo indo até ele sem expressão.

-E mais?-Contestou ele.

-Deusa da fertilidade e do amor maternal.-Digo em um suspiro. Por nunca ter conhecido a minha mãe, esse lado do meu nome me deixa com raiva, porque não tenho desejo algum de ser mãe, mesmo que o tenha fazer para garantir um trono legítimo ao reino do Inferno,  caso não aconteça um dos meus tios assumirá o trono, e o povo não quer um rei "velho", em termos de idade, no poder, pois aqui o nosso corpo se mantém jovem e bonito por milénios.

-Mesmo que não gostes é isso que significa.-Começamos a lutar novamente. Cada golpe furtivo dele, era defendido por outro meu. Combate corpo a corpo, sem qualquer tipo de arma e sem recurso a magia, uma normal sexta-feira para mim. Espero que chegue rapidamente o sábado  para poder dormir até tarde.

-Com respeito meu tio - com um golpe perspicaz o empurro para a mesma parede onde eu fui atirada anteriormente. - eu não quero saber.

Vejo-o se levantar, com a mão levemente sobre a sua barriga, enquanto por baixo dela aparecia uma luz vermelha, essa luz era o resultar de uma magia de cura, foi das primeiras que aprendi, mas não a costumo usar, não tenho grande necessidade, até porque ela cansa-me imenso.