63. Bipolaridade

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Alice narrando:

Com a ajuda de uma moradora da favela que trabalhava no hospital Guero conseguiu fugir comigo e nossa filha, para seu esconderijo, esse era a minha lugar novo, diferente, demoramos muitas horas para chegar, os balanço do carro na estrada fazia doer  o corte da minha cirurgia.

O lugar era lindo, afastado da cidade, cercado por árvores e isolado, como Guero gostava.

O lugar era lindo, afastado da cidade, cercado por árvores e isolado, como Guero gostava

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Eu me pergunto quantos mais esconderijos esse cara tem!

Eu não tinha outra escolha, eu não podia deixar minha filha ir com Guero, ela precisa de mim e eu preciso dela. O que eu não sabia era que essa decisão ia me traumatizar para sempre.

Guero rapidamente trouxe seus homens para o novo local e os deixou espalhados por todos os lados da propriedade, parecia que estava acontecendo alguma coisa de muito grave e somente eu eu não estava sabendo.

Desde quando saímos do hospital ele não trocou nenhuma palavra comigo, nem ao menos olhou para minha cara, e assim que chegamos na casa uma senhora nos esperava, ela pegou Lavínia de dentro do carro e entrou para a casa, eu não exitei em ir atrás.

Com dificuldade e com os pontos da cirurgia ainda doendo consegui alcançá-la na sala da casa.

- Aonde a senhora está indo com a minha filha? - pergunto e ela para.

- Me desculpe senhora, mas o senhor Guero me disse que assim que chegassem era para eu pegar a criança e levar para o quarto.

- Guero não tem o direito de te dizer o que fazer com a minha filha me dá ela agora - estendo os braços para pegá-la.

- Não de ouvidos a ela, quem paga você sou eu - ouço uma voz que causa arrepios, atrás de mim - Leve logo minha filha pro quarto.

- O que está fazendo seu idiota, eu quero minha filha - tento ir atrás da mulher que estava saindo com Lavínia, mas sou agarrada por Guero que me impede.

- Finalmente a sós Alice, então vamos esclarecer umas coisinhas - ele me rasta pelo braço e me coloca sentada no sofá com cuidado, em seguida senta em uma poltrona de frente para mim.

- O que eu fiz de errado para você me castigar tanto? - tento alcançar seu rosto e ele recua.

Eu sabia que Guero jamais me perdoaria por colocar seu pior inimigo em nossas vidas, mas naquele momento não havia muito o que fazer, eu não conseguia segurar aquela barra toda sozinha, tudo era demais para mim.

- Como você e cínica Alice, por um acaso você sabia que aquele desgraçado me perseguia a meses? Você se juntou a ele para me prender, para se vingar de mim, para se ver livre, é isso né?

O brutamontes rugia de raiva, mas como eu podia imaginar tudo isso? As vezes penso que o universo não conspira ao meu favor e que nunca vou ser feliz nessa vida.

Já estou ferida e machucada o suficiente, mas algo dentro de mim acredita que consigo e que sou capaz de tirar o pai da minha filha dessa vida, eu só preciso passar por mais essa prova de fogo.

- Guero, eu não sabia, juro. Eu estava sentindo que o peso do mundo estava nas minhas costas, o fardo estava pesado para eu carregar sozinha, eu perdi os meus pais no mêsmo dia que ganhei nossa filha, e o meu amigo era o único que estava ali para me apoiar.

Senti que naquele momento a barreira entre mim e Guero tinha desabado, ele se aproximou e colocou a minha cabeça em seu peito.

- Eu perdi minha base, meu chão, meu mundo desabou Guero, e agora para completar, você me forçou a vir para esse lugar e quer tirar minha filha de mim - sem forças eu consigo somente chorar.

- Eu sinto muito pelo seus pais Alice, vou levar você pro quarto, aqui a Lavínia vai está protegida de todos os que querem me atingir.

Eu fui levada nos braços dele até o quarto, ele delicadamente me pôs sobre a cama, depois foi até o banheiro e ligou a banheira de hidromassagem.

- Tire suas roupas Alice, e vamos tomar um banho, depois peço para santa trazer Lavínia para você, e peço para trazer um médico para te ver.

Guero me olhou da cabeça aos pés em silêncio, eu estava ali na frente do TRAFICANTE completamente exposta, flácida e sem vergonha nenhuma.

- Porque está fazendo isso? - pergunto enquanto sou carregada por ele até a banheira.

- Não é isso que você quer? Uma trégua para vivenciar o luto dos seus pais? É isso que vai ter, apesar de ter me traído, eu não sou esse monstro sem coração que você e todo mundo imagina.

-  Eu não penso isso de você, mas mesmo assim, obrigada.

Entro na banheira delicadamente, a água estava morninha, senti meu corpo todo relaxar, Guero sentou-se por fora da banheira e com cuidado lavou os meus cabelos.

Aquilo tudo estava bom e estranho demais na verdade, depois que sai do banho e já estava deitada na cama envolvida em edredons brancos e macios, senti Guero se destanciar novamente.

- Quero minha filha, ela já está muito tempo longe de mim.

- Vou pedir para colocar um berço aqui, e pra santa trazer a Lavínia. Alice isso é a trégua, vai ser difícil para mim ficar longe da nossa filha, mas eu não tô conseguindo te olhar sem sentir raiva, vou descer pro sítio vou te dar esses dias, mas minha palavra ainda está de pé, assim que Lavínia não precisa de você, tu vai embora.

Ele sai do quarto sem olhar para trás, eu nunca vi pessoa tão desequilíbrada bipolar como Guero. Ele era emocionalmente instável, começo a pensar que talvez ele nunca mude, mas como dizia minha mãe " a esperança é a última que morre".

2min depois que Guero saiu do quarto, seus homens e santa entraram no quarto com Lavínia e o berço, eu abracei a minha filha e jurei para mim mesmo que eu nunca ficaria longe dela, que sempre estaríamos juntas.

Continua amanhã....












Minha obsessão (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora