Sete

12 2 0
                                    


Acordo arfando  e suada, meu coração bate forte e parece que uma vontade de chorar se instalou em mim. Mas é estranho que eu consigo sentir sensações, ou melhor, emoções que eu não estava sentido. Me sento na cama tentando entender o que aconteceu, respiro fundo três vezes, aquele garoto.

Me coloco de pé no piso frio, caminho para o pequeno bebedouro a esquerda, a vontade de chorar não passou. É como se eu conseguisse sentir sua dor, seu desespero. Sento na cama e uma lágrima cai.

O silêncio me consome a cada segundo e eu não sei oque fazer, a noite está silenciosa depois dessa tempestade, mas a tempestade dentro de mim está mais forte do que nunca, não sei o que fazer, não sei oque sentir, não sei quem eu sou!

Não sei oque pensar, mas aquilo foi real, ele falou comigo. As coisas estão ficando cada vez mais confusas em minha mente, como se tudo tivesse se alastrando rápido demais. Penso em chamar Celena, mas não consigo me mexer, e não posso acabar com minha unica oportunidade de sair dali e levar Katherine. Engulo o choro, começo a recontar os números em minha cabeça, de um a dez.

Quando o dia amanhece meus olhos estão engessados e pesados, as imagens ficarem voltando em minha mente, de tudo, das lembranças do homem que invadiu minha casa e agora desse completo estranho.

Me sento na cama com o corpo pesado, a noite não me ajudou em nada, ela só contribuiu para eu ficar mais confusa.

- Você está bem? - diz Kate segurando sua torrada.

O refeitório continua vazio, e com as mesmas pessoas monótonas e sem nenhuma liberdade.

- Apenas cansada - penso em dizer a verdade, mas isso só vai perturbar a mais uma de nós - não consegui dormi direito.

- A gente precisa ver os detalhes do nosso plano. - diz ela baixinho.

- Sim, sinto que esse lugar está me consumindo, mas você tem certeza que você quer isso, além do mais você tem pessoas que se importam com você fora desse lugar.- digo, sei que ela ainda pode ter a chance de ter uma vida normal.

Ela olha para a mesa manchada, seus olhos estão distantes.

- Não tenho, eles tem simplesmente dinheiro, isso pode até parecer que se importam comigo, mas é simplesmente um relento para eles, como se o dinheiro deles compensasse o afeto. Quando isso não se compara, por isso não tenho pessoas que se importam comigo fora desse lugar.

- Perdão, eu não fazia ideia, mas não vamos pensar nisso. E lembre, você te a mim e eu tenho você, isso é suficiente para mim. - digo segurando sua mão.

- Para mim também. - diz ela acariciando minha mão.

- Okay - limpo os olhos com as mãos, já passei muito tempo da minha vida sendo fraca, onde as pessoas que tinham que me dizer oque fazer. Isso acaba agora  - vamos fazer isso, eu sair daqui para mais um passeio é fácil, mas para você é um pouco mais complicado.

- Não podemos pedir ajuda para o Matheus? - quando ela fala dele, uma estranha segurança me toma, como se com ele eu pudesse ser normal.

- Claro sim, ele virá aqui amanhã para nos ajudar, e para eu falar para ele se eu topei fugir, mas ele não vai me visitar, vai visitar o paciente do quarto 63. 

- Mas ele não está sem nenhuma lucidez? - Pergunta ela.

Sorrio para ver se ela consegue percebe o plano.

- É justamente isso! assim Matheus pode alegar que é um parente distante, ele não poderá desmentir, além do mais, ele não lembra nem o próprio nome. - digo a ela.

- Genial! - ela me olha com olhos cobiçando por uma coisa que eu também estou, liberdade!

- Certo, agora preciso que você não comete isso perto de ninguém, se não estaremos verdadeiramente com problemas.

Ela balança a cabeça em concordância.

- Sim, vamos conseguir, eu não acredito. - ela segura minha mão.

E nesse momento eu percebo que não ligo se eu tiver problemas ou não, eu sei que prefiro ser louca no mundo, vendo opor e o nascer do sol.


Olho o céu, ele está lindo agora, estou com os braços no joelhos olhando o quase por do sol, as nuvens passam calmas com uma linda cor alaranjada, meu corpo está latejando. A noite de ontem parece que exauriu minhas energias. Quem é ele? o que ele quis dizer com que pode me ensinar. Decido simplesmente encarar o lindo céu. O céu é como nós, uma imensidão e complexo, isso que nós somos, somos cheios, e as vezes pessoas que transbordam são consideradas loucas.

Celena aparece ao meu lado, em silêncio, mas esse silêncio quer dizer que o meu tempo acabou, tenho que ir para a psicóloga.

-É lindo, não? - diz ela sentando-se ao meu lado.

- É perfeito. - digo sem desviar o olhar do sol. Penso que poderia ver esse por do sol em outros lugares e não só nessa varando improvisada.

-Você parece cansada, aconteceu algo? - ela diz colocando a mão ao meu lado.

- Só tive alguns sonhos, com a minha mãe - minto - aí depois não consegui mais pegar no sono.

- Se tiver algum problema, ou se quiser alguém para conversar mais informalmente eu estou aqui. - Diz ela se levantando.

- Celena. - digo fazendo ela olhar para mim.

- Pode falar. - uma curiosidade se abriu em mim.

- Você sabe alguma coisa da minha mãe, pela minha tia, aonde ela pode estar. - olho para seus olhos misteriosos, mas não consigo captar nada. Se ela está mentindo ela é profissional no assunto.

Ela se senta novamente.

- Sua mãe te ama muito - diz ela encarando o horizonte - nunca duvide disso, infelizmente não posso te  contar mais que isso, mas é por mais um tempo, além do mais você está quase em alta.

Ela sorri pensando que pode me compensar, ela sabe da minha mãe, uma lágrima ameaça descer, mas eu contenho. Eu disse para mim mesma que seria mais forte.

- Sim. - digo sorrindo para ela,  meu sorriso pode ser tão profissional quanto o dela, já estou acostumada a ser falsa.

- Mas agora já para a psicóloga. - diz ela e se vai.

Olho para a frente pensando na sua mentira, ela não me deu o direito de saber do ser humano que eu mais amo no mundo, mas isso termina essa semana, meu foco é sair por aqueles portões e não voltar nunca mais. E agora eu tenho uma chance, graças a Matheus.

Meus olhos marejam de novo, sinto um arrepio passar pelo o meu corpo e a imagem se turva a minha frente. As lindas nuvens dão lugar a um carro parado em uma calçado, o vento sopra firme do lado de fora. Estou de novo nas lembranças do cara que invadiu minha casa.

Dessa vez ele está se preparando para sair do veiculo, suas mãos estão cobertas por luvas pretas, como todo o seu traje, percebo minha casa a frente. Foi aquela noite! Ele abre o lugar de guardar luvas e vejo a mesma arma que apontou para a minha mãe, mas há mais que isso. Atrás da arma tem uma foto, novamente eu vejo uma criança. Como no flashes daquela noite, percebo que aquele deve ser seu filho.

- Hoje isso acaba - diz ele com seus olhos com lágrimas - essa loucura toda, você não tinha culpa, a culpa foi minha, agora eu vou concertar isso.

E simplesmente sai do carro e caminha para minha casa.






Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Feb 05, 2019 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Mentes em caosOnde histórias criam vida. Descubra agora