MELISSA
Entrei em meu carro e dirigi em direção a minha casa. Eu deveria ter dispensado Peter, ou sequer ter esperado ele depois da aula. Mas aqueles encontros viraram a coisa mais emocionante que estava acontecendo em minha semana. Nem se comparava ao fato dos garotos do Lacrosse terem falado comigo no refeitório. Eles foram super simpáticos e engraçados, mas Peter tinha razão quando disse que eles só queriam me comer.
Ok, essa palavra é vulgar demais, porém não existe outra palavra que defina melhor a situação. Ter saído com Peter e o ouvido falar sobre a universidade fez com que eu o odiasse menos, e não me sentia feliz com isso.
Não mesmo.
Peter se esqueceu de mim e isso era motivo suficiente para que eu não quisesse ser sua amiga. Além do mais, Peter era como Christian, e eu sem querer provei do seu veneno quando as pessoas nos corredores começaram a notar que eu existia. Isso tudo por causa do imbecil que resolveu falar comigo na frente de todos.
Mas ainda assim, gostei de ter saído com ele. Não aceitei por conta da sua mensagem, gostei de ler e ver que eu chamei sua atenção. Mas ele fez questão de pontuar exatamente o dia que ele me notou, e foi justamente quando tentei não ser eu. Quando estava buscando outra Melissa dentro de mim, e eu não queria que gostassem de mim por ser alguém que não sou.
Gostei também dele ter dirigido até o outro lado da cidade só para que fôssemos a um lugar que não era visitado por nossos colegas. Vergonha não era bem a palavra que eu sentia, talvez apenas cuidado. Eu não queria ser vista com Peter, porque sabia como as garotas que saem com ele são conhecidas na escola. Se alguma delas tiverem sorte, podem até virar um brinquedo oficial. Como Samantha é conhecida.
Peter é conhecido por ter saído com varias garotas, mas ainda assim Samantha é quem ele é mais próximo. E ela também sai com muitos garotos, então os dois formam o casal perfeito, não é como se ela fosse a iludida da história.A diferença está aí, as pessoas nos corredores começaram a me encarar, eu juro que pude ouvir algumas rindo. Eu não seria uma Samantha, porque a única coisa que faço naquela escola é transitar entre sala, refeitório e biblioteca.
Depois que Peter me deixou em casa estava tão bem humorada e feliz que passei a madrugada fazendo anotações sobre a matéria para que ele pudesse estudar para a prova de biologia que estava perto. E por isso o esperei depois da aula, pude ver que ele não entendeu porque eu estava ali o encarando, talvez ele tivesse se acostumado com minhas respostas secas e as tiradas que eu sempre dava nele.
Cheguei em casa com intenção de tomar banho e esperar Peter, mas fui surpreendida com meus pais em casa. Eles nunca chegavam cedo.
— O que vocês estão fazendo aqui? – a frase saiu automaticamente e minha voz saiu um pouco desesperada.
— Saímos mais cedo hoje, não gostou da surpresa? – meu pai perguntou e se aproximou para me cumprimentar com um abraço.
Eu queria dizer que gostei, mas não estava nem um pouco contente com aquela surpresa. Se meus pais vissem Peter iriam reconhecê-lo no mesmo instante e dizer como ele cresceu, que a última vez que o viram ele era tão pequeno, e todo aquele bla bla bla. Minha mãe provavelmente falaria de como ele estava bonito, tão bonito quanto seu pai e quando mais jovem. E de fato Peter estava muito bonito, ele já era quando éramos mais novos mas é quase impossível não notar o quanto ele ficou mais bonito com o passar do tempo.
Nem se eu quisesse ignorar esse fato seria capaz já que as meninas fazem questão de comentar no banheiro o quanto Peter é incrível de todos os modos enquanto estão retocando a maquiagem.
Não poderia negar que queria que ele se lembrasse de mim, mas era vergonhoso ver como eu fui apagada da sua memória, não queria ter que precisar da ajuda dos meus pais para que ele se lembrasse. Alias, eu tinha medo até que mesmo com meus pais lembrando das histórias da nossa infância ele não pudesse lembrar.
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O MAIOR DOS CLICHÊS | CONCLUÍDO
Teen FictionQuantas vezes você já ouviu a história onde a Nerd se apaixona pelo popular babaca? Peter sabia que um dia viveria seu clichê, assim como todos viveriam. Mas a ironia do destino, ou carma, fez com que a ordem dos fatores alterasse quando foi ele, o...