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Já se passavam das oito da noite quando Kim Taehyung usou o choro como sonífero, deixando seu corpo esguio encolhido naquele colchão no chão gelado e se esquecendo de fechar a janela, de onde vinha uma cantiga nada agradável de uma festa nos demais andares, mas isso não o incomodou, seu corpo estava dolorido e a cabeça cansada demais para se incomodar com algo do tipo.

Aquele havia sido o último dia de pintura numa reforma de padaria, a qual ele havia ido pessoalmente atrás, oferecendo mão de obra barata demais, mas estava precisando de qualquer coisa, tanto para manter o bolso com algumas moedas para um macarrão instantâneo, tanto para manter a mente ocupada.

ㅡ Aqui está, até que não ficou mal ㅡ Disse o senhor rechonchudo que o que tinha de bigode, lhe faltava de cabelo.

Aquilo foi uma leve ofensa as paredes minuciosamente pintadas de marrom e caramelo, com as linhas separando-a na diagonal muito bem feitas, mas Taehyung jamais diria aquilo, não prestes a receber um envelope com poucas notas.

ㅡ E quando o senhor pretende abrir a padaria? ㅡ Perguntou guardando o envelope no bolso traseiro da calça, enquanto os dedos manchados de tinta deixavam sua digital no papel.

ㅡ Talvez no final do mês, se eu achar alguém para fazer a primeira entrega.

Taehyung não sabia como isso funcionava, até porque só sabia dirigir seu carro, o qual temia ter que vender dalí algum tempo. Seu guerreiro e simples corsa verde musgo, comprado ao financiamento, que o carregava para vários lados a quatro anos, se sentia agora aliviado por não tê-lo vendido quando Seeyu reclamava que ele tinha condições de "andar em um carro de verdade". Não tinha a mínima idéia de como as coisas funcionavam num caminhão, e não gostaria de causar um acidente para saber.

ㅡ Eu estava pensando em trazer um currículo pro senhor, eu trabalhei em uma galeria, talvez seja de grande ajuda em decoração de bolos e doces ㅡ Deixou um breve sorriso gentil abrir seus lábios.

ㅡ Pintar paredes e decorar bolos são coisas completamente diferentes, meu jovem ㅡ Cambaleou em seus sapatos gastos, porém bem engraxados ㅡ De qualquer forma, eu já contratei o suficiente, tantas pessoas me procuraram... O desemprego está forte ㅡ Suas mãos pousaram em sua cintura nada discreta ㅡ Mas traga, alguém pode desistir da vaga, é questão de sorte.

Sorte. Kim Taehyung não tinha sorte. E aquele envelope não tinha nem um terço pra pagar o aluguel consideravelmente barato comparado ao seu antigo custo de vida.

•● 1

Levou as mãos arranhadas e com finos filetes de sangue, novamente à fenda entre as duas paredes. O miado arisco era de medo, raiva, e um desejo de paz, porém seu serviço naquele galpão incluía tudo, inclusive tirar gatos abandonados que se escondiam em fendas.

Jeongguk não dizia nada, não reclamava pelas mãos arranhadas, não xingava o animal por estar lhe fazendo perder vinte minutos de seu tempo, carregava sempre a expressão séria de sempre, seus dedos esbarraram no gato, mas desta vez conseguiu puxa-lo para fora.

ㅡ E agora? ㅡ Baekho perguntou para o amigo, e o chefe do descarregamento passou por ali.

ㅡ Terceira vez. Hey ㅡ O homem alto, e um pouco mais velho que ambos chamou a atenção de Jeon, que colocava o gatinho preto num saco e fazia um bom laço com uma cordinha ㅡ Te dou alguns trocados se matar esse gato, para que ele nunca mais volte.

Com as mãos fechando o saco, Jeongguk olhou para o rapaz ainda com a mesma feição séria, e balançou a cabeça em concordância, vendo um sorriso malicioso e cruel no rosto do homem. Baekho ficou estático, abismado com a cooperação tão rápida do outro, que ergueu o saco e começou a caminhar para a porta dos fundos do galpão, acompanhado do gato miando e tentando escapar de sua prisão.

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⏰ Last updated: Jan 26, 2019 ⏰

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Dear Red Garden ➣TaekookWhere stories live. Discover now