The D.U.F.F. //Dylmas

Capítulo seis

Eles caminharam juntos até o carro de Dylan, em silêncio. Em um maldito silêncio que estava incomodando O'Brien, ele havia sido muito sincero com Thomas na festa e gostaria de saber o que o seu vizinho tinha para lhe dizer de volta.

        - Você não vai falar nada? - Dylan resmungou, estava odiando aquele silêncio desconfortável que se instalara no carro desde que saíram da escola.

        - Você não vai falar nada? - Thomas rebateu, que diabos, o que o outro esperava que ele dissesse?

        Dylan deu de ombros.

        Thomas deu de ombros.

        - Eu não vou falar nada. - o moreno afirmou.

        - Ótimo, eu também não vou falar nada. - Sangster declarou antes de ligar o rádio e colocá-lo em um volume desagradavelmente alto.

        - Ok, agora você está sendo infantil. - o maior resmungou, desligando o rádio.

        - Eu não estou sendo infantil, eu só estou desejando não ter aceitado sua carona. - ele rolou os olhos.

        - E como isso é não ser infantil, Thomas? - quis saber.

        - E como isso é ser infantil? - insistiu.

        - Assim. - afirmou, referindo-se a atitude defensiva do outro. - Você está estranho, fica se esquivando quando tento falar com você.

        - Então fala agora. - disse. - Pode falar, eu estou ouvindo.

        - Você não manda em mim, eu vou falar quando eu quiser. - brincou e com isso, conseguiu arrancar uma risada de seu vizinho, o que o fez sorrir.

        Ele conhecia Thomas o suficiente para saber que não devia pressiona-lo à uma conversa desconfortável, mesmo que ele precisasse desesperadamente entender toda aquela confusão de sentimentos que o beijo causara em si. Era só um beijo, exceto que, não era só um beijo para Dylan. Era Thomas, e caralho, era tão confuso quanto fora da primeira vez.

        - Para de me encarar e olha para a rua. - mandou - Você está me deixando desconfortável e sendo um motorista negligente.

        Dylan voltou sua atenção para a rua e Thomas riu debochado.

        - Isso não foi eu seguindo uma ordem, foi apenas eu sendo um motorista responsável. - Dylan justificou-se.

        - Mentira, - Thomas rebateu. - Isso foi você cedendo aos meus encantos. - provocou.

        A essa altura, Dylan já estava estacionando o carro em frente à casa de Thomas.

        - Você tem razão. - O'Brien declarou.

        Thomas olhou bem para o seu vizinho, Dylan olhou de volta, e riu, riu porque sim, ele tinha cedido aos encantos do outro, mas não naquela hora, ontem, e Sangster entendeu o que ele quis dizer com aquilo, ou ao menos pareceu entender, então Dylan riu, para fingir que não tinha dito aquilo de verdade, e Thomas desceu do carro.

        - Você mora literalmente na casa ao lado, foi ridículo me entregar na frente da minha. - declarou antes de sair correndo pra dentro de sua casa.

        Estranho. Sua relação com Dylan era estranha. Apesar disso e do silêncio super constrangedor de antes, ele percebeu que nada mudara, estava tudo bem entre ele e Dylan, estranho como sempre, mas não um estranho diferente, um estranho conhecido, e mesmo com tudo o que fora dito e feito na festa do dia anterior, era apenas o mesmo estranho de sempre. Ele suspirou aliviado, estava tudo normal e talvez, ele e seu vizinho pudessem até ser amigos de novo para que ele pudesse continuar a usar as roupas de O'Brien.

        No almoço, sua mãe questionara sobre sua roupa, sugeriu que Thomas fizesse compras se seu estilo estivesse mudando, mas o adolescente apenas ignorou. A tarde fora normal, cheia de mensagens de Will, Ki e Daniel, sim, e Daniel, os quatro tinham um grupo de mensagens agora, Ki havia-o nomeado de "melhores amigos e daniel", alegando que mais pra frente, Daniel pudesse vir a fazer parte do "melhores amigos".

        Estava tudo bem. Tudo ótimo até ele ouvir Dylan chamando-o através da janela.

        - Eu já estou me cansando de você. - ele resmungou debruçando-se na janela, observando que O'Brien fazia o mesmo.

        - Não tem como se cansar de mim. - ele exibiu-se.

        - É bem possível na verdade. - confessou.

        - Eu posso ir ai? - o moreno quis saber.

        - Não.

        - Por quê não? - reclamou.

        - Você não tem nada melhor para fazer? - quis saber.

        - Tenho. - resmungou.

        - Então vá, faça. - riu, voltando para dentro de seu quarto e fechando as cortinas atrás de si.

         Thomas estranhou aquele contato repentino, mas era Dylan, e Dylan era imprevisível, então aquilo não fora nada absurdo.

        Naquela noite, Sangster recebeu uma mensagem de um dos garotos do time de futebol, mensagem esta que foi apenas ignorada pois o final da conversa era óbvio, era mais um cara qualquer interessado em um de seus amigos.

        Na manhã seguinte, ele já estava no ônibus escolar quando sentiu alguém tirar seus fones de ouvido, ele olhou para trás e ali estava o autor da mensagem de boa noite.

        - Ki está envolvido com alguém e Will infelizmente é hétero. - ele resmungou, pegando seus fones de volta e observando o garoto no banco de trás olhá-lo confuso.

        - Eu não me lembro de ter perguntado de nenhum deles. - o garoto declarou.

        - Eventualmente você perguntaria, eu só adiantei a conversa toda. - ele sorriu e assistiu o outro sorrir de volta.

        - Eu não tenho interesse em nenhum deles. - confessou.

        - Então o que você quer? - resmungou, porque aquilo estava acontecendo? Thomas só queria um início de manhã tranquilo, com a trilha sonora de sua preferência e um pouco de sua própria companhia antes do início das aulas.

        - Eu gostaria de saber porque você não respondeu minha mensagem. - o rapaz insistiu.

        - Eu, - Thomas engasgou, ele não respondera pois achara que aquilo era sobre Ki e Will, mas agora que o outro dissera não ser, qual a desculpa que ele daria? Não queria soar rude. - Eu não sabia que era você. - apressou-se em dar a primeira desculpa que lhe veio à cabeça.

        Poderia muito bem ter dito que não sabia quem ele era também, conhecia de vista, reconhecera que era do time de futebol pelo moletom que o rapaz usava em sua foto no aplicativo de mensagens, e o reconhecera essa
manhã por causa desta.

        - Me responda da próxima vez. - o rapaz sorriu confiante e levantou-se indo em direção aos seus amigos alguns bancos depois de onde Thomas estava.

        O ônibus parou finalmente e Sangster caminhou para fora dali.

        O celular apitou e ele sentiu um arrepio na espinha, talvez fosse o garoto do ônibus? Ele era bonito, afinal.

        Thomas não fazia ideia de seu nome, mas ele era realmente bonito.

        Ele checou seu celular, era apenas Dylan.

        "Usando suas próprias roupas hoje?"

        Ele revirou os olhos e riu. "Eu as tenho por um motivo." respondeu.

        "Continua bonito ;)" foi a resposta de Dylan.

        Sangster corou, porra, porque seu vizinho dizia aquelas coisas do nada?