Miyeon

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,⚰️

— Por que você sempre frisa que meu tempo está acabando? – indaguei depois de um tempo andando a procura de Miyeon.

Porque está acabando – deu de ombros – todos tem o limite de um ano. Já faz onze meses que morreu e ainda não achamos sua luz.

— Onze meses?! Há quinze minutos eram nove! – exclamo irritada. Yanan segura o riso. – Certo, espero que consigamos  contactar ela agora.

Penso em um lugar que ela sempre frequentava. Miyeon era uma pessoa incrível de uma personalidade única. E eu acreditava que fosse ela minha luz, pois sempre era carinhosa e simpática comigo. Na verdade com todas as meninas. Mas a mim sempre me chamava de "minha filhinha predileta". Jamais neguei, porque sempre amei isso. E sentia que ela fosse realmente minha mãe, mesmo que nossa idade fosse praticamente a mesma.

— Cada vez que fugimos do ceifeiros, dois meses passam rápido. – explicou, ao adentramos a galeria de Miyeon.

Rolei os olhos, vendo ela e Shuhua juntas. Meu coração morto disparou. Fazia tempo que não lembrava de Shuhua e do quanto ela estava linda e sempre foi linda. Rever seu rosto era gratificante. Eu queria toca-la e poder falar com ela. Por um momento ponderei que não queria estar morta. Mesmo que Yanan e Seungyeon dissesse que a morte foi uma escolha minha, queria voltar ao tempo e impedir essa escolha maldita. Porque eu sabia do porquê estava vivendo ou... parte que queria viver. E a morte nunca fora minha opção, pelo menos aqui, revendo todas minhas amigas.

— Yuqi, seu objetivo. – sussurrou bem próximo do meu ouvindo. Assustada virei bruscamente. Nos encaramos por longos momentos. – Pare de pensar em coisas fúteis. – não era fúteis e como ele sabia?

Quando me virei, não via mais Shuhua. Suspirei, indo até Miyeon. A qual estava pintando e olhando uma foto minha. Era minha foto com Shuhua, na noite em que oficializamos nosso namoro. Engoli em seco, quer dizer, eu fiz qualquer merda. Estava morta e não podia reverter isso. Talvez quando encontrasse a luz e descansasse e encontrasse meu novo corpo. Mirei o quadro de aquarela. Eu amava aquarela e Miyeon sabia disso perfeitamente. Miyeon chorava, e eu também chorava. Chorava por tudo.

"Espero que esteja vendo esse quadro, Qiee. Ele te representa tão bem. Completamente em aquarela com orquídeas vermelhas e Shuhua." – sorri como idiota. Mesmo que não existisse (ao menos achava) eu amava orquídeas vermelhas.

Eu pedia sucessivamente para Miyeon desenhar orquídeas vermelhas. Eu havia sonhado com aquilo. Shuhua segurava orquídeas vermelhas e tinha mais algumas espelhadas pelo quarto todo com velas aromáticas e Shuhua cantando uma música taiwanês. Era a cena mais linda, e eu queria em minha memória e quadro. Queria que Shuhua tivesse essa sensação quando visse. Miyeon ria enquanto afirmava que orquídeas vermelhas não existiam. Eu estava praticamente implorando. Mas naquela tarde ela não me deixou na vontade, desenhou a mim e Shuhua com vestido vermelho, e eu podia jurar que havia uma orquídea bem pequena no canto do quadro. Deixei uma foto nossa ali, pedindo uma última vez que ela desenhasse eu e ela com as orquídeas enormes completamente vermelhas.

Observando aquele quadro por muito tempo, percebi que era doido, mas tão lindo e mesmo que depois de onze meses da minha morte Miyeon tenha demorado tanto para desenhar, eu amei. Esperei a porta, para entrar e desistir da luz, porque Miyeon não era minha luz. Yanan não compreendeu nada, mas me seguiu. E eu além de uma alma morta não podia fazer nada. Mas eu queria como louca tocar Shuhua uma última vez.

— Por que sente dor junto comigo? – perguntei ofegante.

— Nos conectei. – disse simplista. Olhei-o incrédula e boca aberta. Ele segurou um riso de nervoso. – O ceifeiro, agacha!

;; after death | yuqi [(G) I-DLE]Onde histórias criam vida. Descubra agora