IX - Gabriela, é aprendizado

10.2K 309 8
                                    

- Tudo bem, Ludo. Não te disse quanto tempo tinhas que ficar, ou a que hora deverias ir. - Seu José respondeu para Ludo fazendo um carinho em seus cabelos. - pode levantar, Ludo, e por hoje, ficar a vontade. Acredito que ainda tenhas muito o que conversar com Gabriela.


Ele havia me visto sentada na poltrona, ele viu minha reação de estranhamento e confusão.


- Vou subir agora, me procure quando terminarem de conversar. Quero conversar com você.


- Sim, senhor. Ludo respondeu já de pé.


- Até mais Gabriela! - ele disse enquamto desaparecia escada a cima.


Ludo voltou a sentar no sofá, mas dessa vez ela não falou nada, ficou me olhando, e apenas me olhando. Até que quebrei o silêncio.


- Eu definitivamente não entendo! O que é que tem de prazeroso se ajoelhar aos pés de uma pessoa, e não olha-lá nos olhos? Como você pode dizer que isso dá prazer?


- Gabriela, não é apenas o se ajoelhar, é o se humilhar, ali é a posição mais baixa que você pode ter, você está a baixo do seu senhor, e você sabe disso e ele sabe disso e mesmo assim ele te quer. Ele não quer o você fingindo ser algo que você não é, e você também sabe que quando ele estiver com você ele não será um dos muitos personagens que somos no dia a dia. Não. Ele é quem realmente quer ser, assim como eu sou quem eu realmente quero ser. Ambos se cuidam, ambos se conhecem verdadeiramente, não de forma supérflua, mas ambos vêem a alma um do outro, porquê se conhecem verdadeiramente. Antes de um fazer parte da vida do outro, é necessário muita conversa, estabelecendo limites, regras, e depois é aprendizado, da minha parte eu aprendi o que ele gosta, o que eu gosto, o que posso fazer para agrada-lo, pois essa é a minha função. Ele aprendeu meus limites, até onde pode ir com a dor, até onde pode ir com as humilhações, quando me dar um carinho, pois essa é a função dele.


Eu ouvi tudo, calada, tentando entender. Mas não conseguia, talvez fosse porquê tive poucas experiências, talvez porquê achasse aquilo uma loucura. Eu não sabia bem o motivo, mas não abri mais a minha boca.


- Gabriela, vou conversar com o meu senhor, vou pedir permissão para te mostrar mais algumas coisas, alguns materiais, se você quiser. Por mais que ainda seja nova, já não é mais uma virgem inocente.


Realmente já não era mais virgem, mas inocente eu ainda era, tinha tido poucas relações, aliás, tinha translado três vezes, com o mesmo menino. O motivo de ter sido expulsa de casa... não daria esse motivo aqui, não queria ser expulsa daqui, eu duvido que mais alguém me aceitaria.


- Ludo, olha, não sei... já fui expulsa de casa porquê perdi minha virgindade, não quero ser expulsa daqui também... Seu José foi muito bom pra mim, e já o decepcionei uma vez. Não sei se é bom ficar cutucando isso, talvez fosse melhor todo mundo fingir que eu não vi nada, que eu não sei de nada, o que não é uma mentira por inteiro.


- Gabi, relaxa menina. Eu vou falar com o meu senhor, ele vai saber o que fazer. Ele sempre sabe! E outra, acredito que se ele fosse te expulsar não estaria tendo todo o trabalho de te explicar o que você viu. Não se importaria se você entende ou não o que estava acontecendo. Fique calma, vá fazer algo que você gosta que vou procurar o meu senhor.


Ludo terminou a frase colocando a mão em meu ombro e sorrindo para mim, foi um sorriso rápido, quando percebi ela já estava no meio da escada. Eu fiquei na poltrona imersa em meus pensamentos tentando absorver tudo o que aconteceu, tudo que me foi dito. Desisti de tentar entender, pelo menos por hoje. Fui para o meu quarto assistir alguma coisa.


_________________***________________

Minha descoberta dos 15 aos 28Onde histórias criam vida. Descubra agora