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Maia

Ao passar pelo portão da minha casa meu coração errou uma batida.

O carro do Harry estava estacionado na garagem, na vaga que antes era dele.

Desci do carro o mais rápido que é permitido para um humano pequeno e abri a porta olhando para os lados.

A sala está exatamente como eu deixei a única diferença é a mochila dele ao lado da mesa de centro.

A grande diferença.

Ele está aqui.

Olhei em volta notando que o ambiente estava vazio então subi as escadas devagar e meu coração ficou apertado ao ver a porta do quarto de Cecília aberta e com a iluminação de um pequeno abajur ao lado da sua cama. Empurrei a porta devagar e levei a mão a boca para sufocar o soluço que queria sair da minha garganta.

Harry voltou.

Ele estava com os joelhos no chão e sentado em cima dos tornozelos, seus ombros tremiam levemente e suas costas estavam tão suadas que de longe eu podia perceber. Sua camisa estava agora enrolada em um dos punhos que estavam apertados em cima de suas coxas.

Doeu.

Doeu vê-lo assim.

Dessa maneira parecia que o dono desse corpo grande era apenas um menino cheio de dor e esse pensamento me fez aproximar deixando minha bolsa cair no chão fazendo um ruído baixo mas que foi suficiente para que ele levantasse a cabeça e girasse o pescoço em minha direção.

Meus Deus seus olhos. Seus olhos verdes estavam tão vermelhos.

Por quanto tempo você chorou meu amor?

Harry: Maia... você chegou.

Ele levantou tão rápido e me abraçou forte chorando no meu pescoço, molhando a minha camisa. O cerquei com meus braços e me entreguei a dor junto com meu marido. Finalmente estávamos chorando juntos a perda da nossa menina.

Harry levou as mãos ao meu rosto segurando firmemente de maneira que eu o encarasse e meu Deus como eu senti sua falta. Coloquei as minhas mãos sobre as dele e soltei um suspiro ao sentir a circunferência gelada em um dos seus dedos.

A aliança.

Ele voltou a usar a aliança.

O suspiro de alívio me fez sentir egoísta por um momento.

Ele me olhou por um bom tempo e então me beijou. Não foi um beijo delicado. Foi forte e duro como se através disso pudéssemos expurgar toda dor. Todos os pedidos de perdão foram trocados entre suspiros e toques carinhosos. Quando nos afastamos para respirar voltamos a nos encarar.

Harry: Me perdoa por ter deixado você? Me perdoa por ter sido fraco Maia eu tive tanto medo.

Maia: Você lembra?

Harry: Sim... lembro de tudo. Eu nunca quis infligir tanta dor em você Maia eu juro eu...

Encostei minha testa na dele e respirei fundo para me acalmar. Levei a mão direita ao seu peito bem acima do seu coração, eu podia sentir batendo forte.

Maia: Eu conheço seu coração Harry, você nunca me machucaria de propósito.

Harry: Você é a mulher da minha vida Maia, eu amo tanto você. Tanto.

Maia: E você é o homem da minha vida.

Nos perdemos por um tempo nas lembranças da nossa menina, vendo fotos, vídeos, chorando e rindo em seguida fomos ao nosso quarto e deitamos em nossa cama, ambos de barriga para cima.

As mãos entrelaçadas.

Compartilhamos mais memórias, choramos mais, rimos mais. Éramos uma bagunça de emoções, o mais doce dos caos.

Viramos a cabeça para o lado de maneira que nos olhássemos nos olhos.

Maia: Fico feliz que você voltou para casa.

Ele tirou a minha aliança do bolso da bermuda e colocou no lugar de onde nunca deveria ter saído. 

Harry: Eu sempre vou voltar para você.

Você é minha casa, meu lar. 


Notas: 

Decidi escrever um capítulo a mais dessa rainha de mulher.

O próximo é o epílogo. 

Stigmatized - hesWhere stories live. Discover now