Alma Perdida

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Será que eu serei má novamente?Vamos ler?



Lágrimas de alívio.

Após perdemos ele por uma parada cardíaca, sentir o corpo minúsculo de Anne tremer em meus braços, minhas lágrimas se misturando com as dela, um apito em nossas costas me fez levantar aflita e flagrar as expressões surpresas dos enfermeiros e do médico. Ele havia voltado.

A linha fina no aparelho voltou a se tornar como pequenos raios a cada batida do seu coração. Anne, pelo meu sorriso, soube o que estava acontecendo e voltou a chorar em minhas pernas, mas dessa vez com uma motivação diferente. Estávamos respirando aliviada. Nossos corações voltaram a bater ao mesmo tempo.

No mesmo instante, fui para o quarto dele e permaneci ali, até que seus olhos se abriram duas horas atrás.

Seus olhos pareciam indecisos. Desde o momento que joguei meus braços em seu corpo, eu senti-o diferente. Rígido, duro, frio. Algo nublava sua mente e eu não sabia dizer o que era.

Por todas as horas, o medo era a única emoção presente em mim, em Anne, que também não recebia sua total atenção. Seus dedos pareciam mais atraentes, ou a luz que adentrava na janela. Tudo parecia mais atraente do que a mulher desesperada por um sorriso seu e uma filha ansiosa por atenção ao seu lado.

Mesmo assim, ainda estávamos ali. Havia conseguido permissão para que Anne ficasse comigo, achando que isso o faria ainda mais feliz. Estávamos seguras, estávamos bem, mas eu estava enganada. Seu silêncio, seus ombros se mexendo a cada pergunta que eu fazia como se eu fosse tola demais para ganhar seu foco, sua distância, suas mãos unidas sobre as pernas enquanto a minha repousava desesperadamente ao lado de sua cama, era tudo que eu ganhava. Tudo que nós duas ganhávamos

Estava curiosa por respostas. O que Jack havia feito com ele? Porque não olhava para mim ou para a sua filha? Ele estaria com dor? Fome ou sede?

Era impossível saber. O silêncio nos abatia enquanto Christian olhava pela quinta vez para as flores sobre o sol.

Uma batida na porta nos faz fitar uma nova direção. A porta se abre conforme Mia aparece. Sinto a mudança desconfortável de Christian ao meu lado, mas não me viro para avalia-lo. Estou preocupada com os olhos inchados dela e com seu cabelo preso. Ela odiava ficar de cabelo preso.

-Olá. – Diz educadamente. Ela não consegue me olhar nos olhos, então se volta para Anne. – Acho que tem um pessoal ai fora querendo falar com seu pai. Vamos comer alguma coisa?

Anne volta-se para ele esperando alguma resposta. Christian não devolve seu olhar, com isso fazendo seus olhos se tornarem ainda mais tristes. Ela caminha de cabeça baixa até Mia.

Em um macacão jeans e tênis, Anne sai do quarto agarrando a mão estendida de Mia, mas antes de sair totalmente, ela se vira para seu pai grosseiramente:

-Ainda não terminamos. – Quando a porta se fecha, Christian parece enxerga-la pela primeira vez e espero para alguma nova emoção. Desconfortável ele volta a se mexer como se acordasse de um transe, fazendo um fio de dor espancar sua expressão e seus dedos se depositarem ao lado de sua coluna.

-Cuidado. – Advirto preocupada, colocando meus dedos sobre os dele, que como em choque, ficam rígidos ao sentir minha pele com a sua e me faz afastar rapidamente. Olho-o atônica, mas ele ignora.

-Temos mesmo que fazer isso agora? – Me questiona pela primeira vez. Ela sai com dificuldade como se não fosse usada á anos. Sei exatamente sobre o que ele está falando. Deixo meu ombro cair.

Just one more nightOnde histórias criam vida. Descubra agora