prólogo

14.6K 2.3K 667
                                    

Ela vai morrer

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Ela vai morrer.

Seus pés deveriam estar doendo, mas ela não os sente. Também não sente o frio na pele nua.

Ela sente medo. Apenas medo. Ele cobre todo o seu corpo. Pulsa em todo lugar. Dispara o seu coração de tal forma que ela o sente bater contra o peito violentamente.

A garota consegue escutar os passos ficando mais perto. Tenta correr mais rápido, mas é fisicamente impossível. Já está em seu limite, suas pernas não conseguem fazer mais que isso.

Está escuro, a luz da lua cheia ilumina apenas o suficiente para que ela não se choque contra uma árvore.

A pele entre suas pernas arde. Mal consegue abrir seu olho esquerdo devido ao inchaço e sente o gosto metálico de sangue na boca. Mas tudo isso é completamente anulado pelo medo descomunal.

As lágrimas em seu rosto escorrem de forma frenética. Ela não se lembra de quando começou a chorar, mas sabe que não parou desde então.

Por favor, Deus, me ajude. Me ajude. Eu preciso de ajuda.

A respiração está cada vez mais sobressaltada. Ela não consegue inspirar todo o ar que precisa dentro de seu corpo.

Ela tropeça em algo e cai em cima de folhagens e raízes. Elas arranham o corpo exposto.

Sente vontade de vomitar. Não sabe se é devido ao pânico ou ao esforço físico.

A gargalhada ecoa.

— Corre, Amelia, corre!

A voz chega até ela como um choque. É sinistra e está perto demais.

Ela se coloca de pé novamente, sentindo a urina escorrer pelas pernas.

Ela vai morrer.

A garota pensa no pai, desejando que ele estivesse com ela. Desejando que ele pudesse tirá-la dali. Ela é filha única. Sempre foi superprotegida. Sempre o teve olhando por ela.

Mas não há ninguém. Não há nenhuma salvação.

Ela continua a correr desesperadamente. Não sabe para onde está indo ou como chegar lá. Está completamente perdida. Só sabe que precisa fugir. Fugir do perigo. Mas ele está chegando mais perto. Consegue ouvir os passos assustadoramente próximos. Mas não ousa olhar para trás. Ela sabe muito bem que essa é a única coisa que não deve fazer.

De repente, as suas pernas congelam.

Ela simplesmente para, observando a vastidão da natureza naquela noite terrível, enquanto escuta os passos se aproximando.

É o fim da floresta. Diante dela, só há um grande precipício.

Os passos estão mais perto, mas ela não se move, apenas observa. Apenas sente.

E é quando ela sabe. Ela não vai morrer.

Ela já está morta.

Quando Pecadores RezamOnde as histórias ganham vida. Descobre agora