QUANDO VOCÊ CHEGOU (Em Andamento)

02. A Entrevista dos Sonhos

*imagem de Eduardo*

Acordei com o som do alarme, levantei correndo até o banheiro, não foi uma boa ideia, estava tão enjoada que vomitei. Eu estou doente, desde ontem venho sentindo dores e enjoo, precisarei ir ao médico depois da entrevista.
Tomei um banho e fiz minha higiene pessoal, procurei por meu vestido lápis com uma fenda na perna esquerda, arrumei o cabelo em um coque mais despojado e coloquei um saltinho, analisei a maquiagem antes de pegar a bolsa e sair.
Nada podia dar errado, peguei uma maçã antes de deixar minha casa, a única solução era ir bem e não ficar nervosa, olhei no relógio pela quinta vez logo avistando o ônibus lotado. Entrei me sentindo enjoada novamente, com certeza contraí uma virose. Aquele veículo sacolejando, com pessoas praticamente sendo jogadas pra fora estava me deixando mal, depois de um hora avisto minha parada, ao descer procurei por uma lixeira e voltei a vomitar.
Corri até um grande prédio, o mais belo do centro, fiquei extasiada com tamanho luxo, na frente o letreiro dizia "E.S. Editora", me analisei mais uma vez no vidro de um carro estacionado próximo e adentrei o prédio.
No primeiro andar a recepção era simplesmente incrível, havia uma cafeteria e biblioteca do lado esquerdo, as mesas de madeira ficavam espalhadas pelo salão, as paredes de vidro davam elegância e visão para quem ia até ali para ler, pequenas estantes ficavam em fileiras entre as mesas, para facilitar a procura de livro, um balcão no canto cheio de compartimentos com livros enfileirados onde os clientes podiam fazer seus pedidos, haviam plantas para todos os lados, trazendo conforto. Do lado esquerdo outro balcão que indicava a recepção e dois elevadores mais a frente, uma simpática moça que estava atrás do balcão me atendeu, expliquei o motivo de minha vinda e ela disse que me anunciaria, também me pediu para subir até o sexto e último andar e me desejou boa sorte. Cruzei o salão até o elevador, ao entrar suspirei me analisando pela última vez.
Me deparei com uma sala espaçosa com um par de sofás num canto, ao lado de duas grande portas de madeira, uma mesa organizada, com certeza da secretária, me sentei e pude analisar mais aquela bela sala, sorri me imaginando ali. De repente a porta foi aberta, me pus em pé avistando um belo homem loiro de olhos verdes, com uma barba desenhada, alto e de porte forte, me estendeu a mão com um sorriso gentil.

-Bem vinda a nossa Editora, sou Eduardo Sanchez!-o cumprimentei um pouco nervosa-A senhorita deve ser Helena Montenegro, certo? Foi muito bem recomendada! Siga-me por favor!

Assenti vendo o mesmo virar de costas, uma pontada em minha cabeça fez tudo girar, tentei dar um passo mas a visão ficou embaçada, senti meu corpo despencar, fui aparada por alguém e então apaguei.

Acordei sentindo uma imensa dor de cabeça, tive que fechar os olhos para me acostumar com a claridade, tentei me localizar, estava numa maca hospitalar e avistei Madalena de braços cruzados andando de um lado para o outro.

- o que aconteceu? -me sentei ainda tonta, sentindo a dor voltar.

-Alguém resolveu engravidar! - ela falou histérica, a olhei sem reação-Eu passei anos cuidando de uma pirralha órfã, não vou me responsabilizar por mais um! Busque suas coisas e saia da minha casa!

- O que?-exclamei totalmente assustada-Gravida? Para onde eu vou?

-Não venha se fazer de surpresa, foi por isso que seu namoradinho te deixou, faz sentido!- ele deu de ombros com um sorriso desdenhoso-Pouco importa! Meu trabalho foi feito!

Grávida? Não, não podia ser, grávida não! Enterrei o rosto nas mãos para chorar, minha vida se transformou numa tragédia, uma criança indesejada, não planejada. Minha vida acabara de virar um caos, como vou cuidar de uma criança? Como vou sustenta-la sem emprego e nem mesmo onde morar? Esta criança não pode vir ao mundo com um destino tão cruel.

-Soube que acordou...-o Doutor Eduardo se aproximou-E que recebeu a notícia!

- Como a Madalena soube que eu estava aqui?-perguntei entre o choro, sem levantar o olhar.