Capitulo IX - Lágrimas

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Onde estaria Charlotte? Era esta a pergunta que se passava em sua mente. Aquela mulher estava em cada centímetro daquele palácio. O perfume dela parecia se misturar com o ar ocasionando naquele cheiro em todos os lugares, a decoração estava um tanto alterada.

Lembrava-se de ter dito à dama que ela poderia modificar tudo naquele lugar, se quisesse que o teto fosse negro com estrelas douradas, assim seria. Mas desde então, o Palácio de Buckingham se tornou um lugar estranhamente mais aconchegante, estranhamente parecia mais com um lar.

Ela estava em todo lugar e em lugar nenhum, era insano e prazeroso, uma deliciosa sensação que o assolava de uma forma que o fazia querer levá-la mais uma vez ao aposento que dividiam e não permitir que ninguém mais sentisse aquele perfume. Era um comportamento bobo, bem sabia, mas o agradava.

Apenas confirmava em sua mente que a amava mais do que tudo.

E este fator agora se mostrava desesperador. Como poderia ser capaz de abrir mão de Charlotte? Era um egoísta por não pensar na criança que teria, mas a verdade é que nem sequer a desejava. Sim, não deveria culpar um inocente pelos atos hediondos de sua progenitora, porém era inevitável.

A decisão mais sábia era simples: esperar que o bebê nascesse e somente então saberia se deveria ou não unir-se a Anete em matrimonio. Internamente e até mesmo de forma externa, passaria os meses rezando para que aquele filho não pertencesse a dele.

E assim, ao fim daquela insanidade, a primeira de suas decisões seria tomar Lottie por esposa. Ao menos era isso o que desejava.

Cada misero centímetro daquele lugar o fazia pensar que desejava um futuro com Charlotte. Mas ao mesmo tempo em que desejava a encontrar, sentia uma necessidade insana de se confessar. Não tinha certeza se seus sentimentos eram correspondidos.

E se por acaso ela apenas o desejasse? Se tudo o que a dama nutrisse pelo monarca fosse uma paixão exacerbada? Teria Lottie coragem de deixá-lo sem se despedir? Oh, cada momento que passava sem vê-la era-lhe angustiante e sua tola mente apenas piorava as diversas situações e justificativas para que a mesma sumisse.

- Lottie! – Quase gritou tamanha foi sua felicidade ao vê-la andando na direção dele. Robert agradeceu aos céus por sua amada estar ali, mas ao mesmo tempo... Algo naquelas íris anis o intimidou. Fosse pela determinação ou pela hesitação combinadas ali, o rei se sentiu espavorido com a hipótese do que estava por vir. – Estive lhe procurando...

- Eu já sei. – A dama cortou a frase do monarca com um tom gélido. Algo estava diferente. – E sei que deve se casar com Lady Anete. Na verdade... Realmente se pode chamar uma mulher como aquela de "Lady"? Francamente, títulos como meretriz, rameira ou qualquer coisa que possa seguir tal linha de raciocínio seriam bem mais adequadas. – Por um momento, Robert quis sorrir. Fosse o que fosse sua Charlotte estava bem ali. E, seus olhos que o enganassem, ela estava com ciúmes! Oh, se aquilo não fosse uma visão inefável, não saberia dizer o que era.

Mas também se sentiu espavorido. As palavras "Anete" e "Casar" unidas o fizeram temer a seqüência daquela fala. Oh, bom Deus, que Lottie não o estivesse deixando. Implorou. Infelizmente, foi em vão.

- Você deve cumprir seu dever. Como rei e como homem. Case com ela, eu só te peço uma coisa: Dê uma festa de noivado suntuosa e me convide. Quero estar presente no momento que anunciar a Inglaterra que nossa pátria terá enfim uma rainha. – Seria possível morrer e estar vivo ao mesmo tempo? Os céus poderiam fechar e o ar de seus pulmões desaparecerem, seu peito comprimir e a mente esfacelar, apenas dando os sintomas nítidos do coração partido? Um humano, fosse um ferreiro, fosse um Duque, fosse um Príncipe ou até fosse mesmo um Rei, era capaz de suportar aquela sensação de uma forma tão aterrorizante e impiedosa, mais letal que a lamina de uma espada?

- Estás mentindo. – Era uma afirmação, mas soou como um pedido. O monarca suplicava com a voz e com os olhos que fosse uma brincadeira dolorosa cujo objetivo era seu desespero. Riria, oh sim, riria muito. Apenas queria não se tratasse de uma verdade as palavras que saíram da boca de Charlotte. – Não podes estar me deixando, Lottie... Não! – Era perceptível o desespero em cada letra que saia de sua boca.

- Sinto muito Robert, mas não posso ser sua amante. Faça o que eu disse, por favor, confie em mim. Seja o que for, será melhor desta forma. – Charlotte também não gostava de falar daquele modo. Era horrível ver como um homem tão poderoso parecia devastado com o impacto de simples palavras. Mas se não fosse daquele modo, nunca mais poderia aquietar seu coração.

- Se eu o fizer... Prometes não deixar o palácio? Não deixar de ser a Dama de Magda? – Eram pedidos insanos, mas desesperados, queria poder ao menos contemplar aquela que havia tomado conta de seu coração ao longe. – Prometa que me dará uma chance Lottie. Que me dará o beneficio de concertar isso! – As lagrimas desciam dos olhos dele em abundancia, era um tolo, um parvo, um louco apaixonado que tinha uma nação extremamente poderosa na palma da mão, mas não era capaz de segurar a mulher que amava em sua vida.

- Robert... – Lottie lutava contra a linha fina de água que se desenhou na base de seus olhos, não poderia chorar. Tinha de dar prosseguimento ao plano.

Para a surpresa dela, o rei ajoelhou-se frente a ela. Robert abraçou sua cintura e enterrou o rosto em sua barriga, derramando inúmeras lágrimas. O desespero dele em não a deixar ir era de partir o coração.

- Por favor... – Implorou, Charlotte se sentia morrer por ter de abalar ainda mais seu rei, mas deveria fazê-lo. Desmascarar Anete exigiria certo tempo, e na verdade, permanecer o palácio seria difícil... Contudo ao mesmo tempo perfeito.

- Está bem. – Prometeu para o conforto lenitivo do homem. – Ficarei no palácio por um tempo... – Foi tudo o que pôde dizer antes de sentir a garganta se fechando, anunciando um choro que estava por vir. Não poderia fraquejar na frente dele.

Robert tentou a abraçar mais fortemente, quis subir de volta e pôr-se de pé, beijá-la e dizer que não casaria com Anete. Que resolveria as coisas. Ser o maldito de um rei deveria ser útil afinal! Porém antes que qualquer atitude fosse tomada pelo cavalheiro, a verdadeira Lady escapou de seu abraço e rumou para os aposentos que os dois dividiam.

Sabia que possivelmente não voltaria a partilhar o leito com Lottie, mas por hora saber que ela ficaria no palácio aliviou sua alma. O que quer que tivesse de acontecer, o rei bem sabia que não permitir-se-ia perder o amor de sua vida por conta de uma... Meretriz que já cruzara seu caminho.

Sorriu de leve apesar do rosto encharcado pelo choro, Charlotte já era parte da vida dele, assim como da Inglaterra. Já era a rainha daquele país e daquele homem sem nem precisar de uma coroa. Era majestosa por conta própria. Uma mulher tão ferina capaz de domar um rei e seu coração. E de deixá-lo ajoelhado as lágrimas.


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Oi pessoal, como estão? Espero que bem!

O que acharam do capitulo? Choraram? Me digam, estou curiosa, por que sinceramente eu chorei escrevendo. Estamos já na reta final, logo logo vamos ter a conclusão dessa história magnificamente insana, rsrs.

E como eu sou uma pessoa que gosta de lhes deixar curiosas, vou deixar um trechinho do próximo capitulo e lhes fazer um desafio: se esse livro e a história Sun and Moon tiverem muitos votos eu libero o livro do Philph na mesma semana que esse acabar. Se não, serão mais duas semanas de espera, he he he.

Então deixem suas estrelinhas para que eu saiba o que estão achando e seus comentários por que estou curiosa, rsrs.

Beijinhos, Felicidades e até a próxima!

Cecí.

Minha Ferina Rainha - Amores Entrelaçados 0.5Where stories live. Discover now