A parte de mim que cogitou ligar para Tayla a Coordenadora, que de mal passou a ser boa, pelo motivo da minha mudança repentina. Eu sabia que seria um disparate ligar em pleno sábado, e ter o número dela era mera coincidência, o tipo de benefício que só o pior dos piores exemplos dentro de sala de aula tinha. Passei meu número para ela ao invés do de meu pai, eu podia ter notas ruins na época, mas não era burro.
Agora o número era minha única chance, embora remota, de saber onde Madeline morava, somos amigos, ou pelo menos éramos até ontem à noite. Mesmo assim nunca perguntei onde ela morava, não tive tempo e tínhamos coisas mais divertidas para discutir, além do fato de eu nunca ter sido convidado. O que agora eu estava disposto a ignorar, não se pode fazer uma surpresa, dando dicas e pistas.
Meu dedos tremiam um pouco quando fui até a agenda e coloquei para chamar o número de Tayla, em parte porque ela iria achar um absurdo, e a possibilidade ainda mais assustadora era ela achar tudo lindo, eu ficaria constrangido, mas esse era eu, não podia ver uma vergonha que já ia logo passando.
Ela atendeu no primeiro toque, sorte ou azar, eu jamais teria feito o segundo.
— Senhor Paiva, a que devo o prazer?
Ela achava que estava falando com meu pai, maravilha, eu perderia alguns pontos pela mentira. Me mantive mudo por alguns segundos.
— Ótimo Benjamin, vejo que além de mentiroso é covarde. Com todo o respeito é claro.
Sua risada divertida soou do outro lado da linha .
— Sabe desde quando?
De assustado , agora eu estava era revoltado.
— Desde o momento que pedi para sua mãe confirmar o número.
— Você fez isso? Sério Tayla? Qual seu... Quer dizer, tudo bem, me desculpe.
— Não vou pedir desculpas se era isso que esperava, só fiz meu trabalho, que agora está muitíssimo mais fácil desde que você parou de agir como um gângster.
— Eu nunca ... Bem obrigado! Eu acho!?
— Nem eu sei se foi um elogio. Mas por qual motivo me ligou?
— Eu queria saber onde Madeline mora.
— Pergunte a ela.
— Não posso, eu tenho de entregar uma coisa para ela.. é surpresa?
— Que coisa? Vamos lá quero saber.
Sua voz agora era curiosa e amigável.
— Um trabalho de escola.
— Você mente muito mal, vamos logo me diga, ou vou desligar.
Sua ameça me fez ceder, eu passaria aquela vergonha por Madeline, ela merecia, e eu também por ser babaca.
— São flores, feliz agora?
— Pedido de desculpas? Espero que saiba o que faz, se magoar ela de novo , juro que me encarrego de sua morte. É brincadeira Ben, mas pode ficar séria.
— Vai me dizer o endereço ou não?
— Esse pedido foi absurdo, sabe que ei como coordenadora da escola jamais poderia quebrar a privacidade de uma aluna a este nível...
— Tudo bem Tayla, eu vou dar meu jeito.
— Me deixa terminar? Mas como é sábado, não estamos na escola e eu sempre quis atuar como cupido. Vou falar, te mando por mensagem.
— Valeu mesmo Tayla, eu nem sei como agradecer, e você não é cupido, somos amigos, só amigos.
Entre algumas risadas e uns " hurumm" que mais soavam como " mentira, mentira' eu e ela nos despedimos. Como prometido alguns minutos depois chegou um SMS com o endereço, que era absurdamente longe, eu teria de andar como um condenado e talvez eu realmente fosse, já que podia acabar tendo de manstigar os girassóis, isso se ela escolhesse a boca, tendo outros buracos no corpo como opção, só me restava temer.
Andei,andei e quando estava cansado andei mais ainda, agora eu agradecia por não ter dinheiro para as rosas, estariam marchas de qualquer jeito. O girassol era mais forte e permanecia bonito, bem diferente de mim, não que eu fosse o sucessor do DiCaprio mas agora eu poderia facilmente ser confundido com o Smeagol, e o buquê era meu precioso. O pensamento me fez rir.
Depois de mais de uma hora subindo e descendo as ruas íngremes , cheguei até a frente do endereço indicado, era uma casa bonita, do tipo que se vê amor nas coisas, pequenos detalhes que somente as mães ou avós trazem para um lar, vasos de flores na entrada , um portão de ferro pintado em branco e um muro bege, a casa era branco gelo, aquela cor que você ama pois traí seu olho, as vezes branca, as vezes azul claro, e ao entardecer como agora parecia um lilás, observei não haver campainha, então bati palmas desajeitado, tentando não derrubar os girassóis e o chocolate, que a essa hora devia estar derretido.
Logo surgiu um cachorro, vindo em velocidade record, até o portão, os latidos anunciaram minha chegada, e pareceram bem mais eficientes pois a porta abriu e uma mulher caminhou até mim, parecia com Madeline, então era sua mãe, poia irmãs eu sabia que ela não tinha.
— Olá, não queremos comprar nada rapaz, sinto muito.
— Mas eu não estou vendendo nada, só vim ver a Madeline, ela está?
A mulher se mostrou constrangida, pondo a mão na boca em surpresa.
— Me desculpe, eu não queria, eu só.. Me perdoe.
Então ela pegou as chaves que tinha guardadas no bolso de seu avental florido e abriu o cadeado do portão, permitindo assim minha passagem.
— Obrigado.
Foi tudo que consegui falar, obviamente o clima não era dos melhores, eu estava nervoso e ela mais ainda, claro que por motivos diferentes.
— Vamos entrar vou chamar ela. E mais uma vez me desculpe, eu ando muito desatenta, e esses meninos que vendem mudas aparecem sempre aqui, acho que meu jardim me personifica como uma possível compradora.
Sua voz agora parecia com a de alguém que fala de um filho, ela gostava mesmo de flores. Da próxima vez eu traria algo para ela também. Tomara que Madeline tivesse o mesmo amor por flores que a mãe, era isso ou não teria a próxima vez.
A mulher deixou a sala e seguiu por um corredor, devia ser o local dos quartos, me deixando ali, a sala era diferente, cheia de cores e fotografias pelas paredes, muitas eu reconheci serem da angola, e algo me dizia que todo o resto também era. O que só me fez constatar o que Madeline já havia me dito, a mãe era brasileira, não tinha sotaque nem nada, e seu pai era angolano, mas a casa pelo visto tinha muito mais da Angola do que do Brasil.
Alguns minutos depois as duas surgiram, sendo que a mãe se retirou disfarçadamente para onde eu imaginava ser a cozinha, já Madeline me olhava assustada, caminhei até ela e a carranca foi se desfazendo, eu adorava a maneira como ela franzia o cenho , sei que eu tinha passos mais lentos e oscilantes que o normal. Mas era para ser especial, eu tinha de ter cuidado.
— Oi, o que você faz aqui.
Ela quebrou o silêncio constrangedor.
— Vim pedir desculpas por ser babaca, de novo.
— Você veio andando?
— Sim, desde o centro, espero que isso conte ao meu favor.
— Pelo esforço sim, mas você parece ter sido atropelado.
Ela se sentou no sofá e fez sinal me chamando, em casa ela se vestia ainda mais colorida, na escola já era bastante mas aqui , as cores neon gritavam, desde o short verde limão, até a blusa pink com pompons, nos pés pantufas de unicórnio.
— Está olhando minhas pantufas? Linfas né? Não aceito nenhuma outra resposta.
— Lindas, não sei como não tenho uma igual.
— Posso te dar uma, a esqueci .. Talvez Raiaha possa te dar .
— Fui rude, mas se serve de consolo foi bem ruim, quer dizer foi bom perder o B.V , mas não com ela , ela realmente me usou, feliz?
— Óbvio que não, podia pelo menos ter dito que o beijo foi ruim. E eu não queria que você saísse usado.
— Eu estou arrependido, por ter brigado com você por causa dela, foi um motivo tosco , não valeu a pena.
— Se tivesse dado tudo certo você não estaria aqui agora.
Disse ainda magoada.
— Talvez não agora. Mas eu ia perceber uma hora ou outra que não vale pena perder você por nada.
Aquelas palavras saíram tão fáceis, a verdade sempre transforda. Eu ainda estava assustado por ter admitido aquilo em voz alta, de certa forma era uma surpresa para mim também. O que se seguiu foi bom e reconfortante ela me abraçou, e eu também envolvido meu braços em torno dela, e parecia encaixar certinho, se ela não fosse tão real ali comigo podia pensar que era sonho. Ainda relutante nos soltamos, e eu lhe entreguei o buquê, sei que devia ter entregue antes , mas as desculpas tinham de ser com palavras. Porque sempre, a partir de agora, eu saberia que aquele abraço, era o melhor lugar para se estar.Olá meninas , estou aqui postando esse Cap em homenagem ao Dia da Mulher, sei que a maioria das minhas leitoras são mulheres e então resolvi homenagear vocês de uma forma diferente, obrigada pelo apoio até aqui, e espero que nossa família cresça cada vez mais,
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O que Madeline me ensinou
Teen FictionBenjamin Paiva mantém seu grau de popularidade escolar graças as suas ações exibicionistas e impensadas. Quando Madeline Magalhães a nova aluga chegada da Angola, inicia seu ano letivo na mesma escola que Benjamim o encontro entre os dois é desas...