Capítulo 38 - COLOCANDO EM PRÁTICA

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É sexta-feira e todos os NERDS estão ansiosos para o fim da aula. E embora nossos colegas estejam ansiando isso porque geralmente na sextas saímos mais cedo, nós estamos ansiosos porque Eduardo e Rafaela vão testar o que eu ensinei a eles hoje na reunião do comitê de formatura.

Eu já esperava que Nicolas e Denis (obviamente) não fossem querer testar meus ensinamentos, mas quando Samuel diz que também não irá eu fico realmente surpreso.

No fim da aula nós seis caminhamos até o refeitório e nos sentamos em uma mesa no fundo, atrás de todos os nossos colegas. Edu e Rafa ficam de pé.

— Estão prontos? — Eu pergunto, sorrindo.

— Ninguém nasce pronto pra isso! — Rafaela diz. — Mas vamos nessa.

E então ela sai andando e Eduardo — que decidiu que vai paquerar uma das amigas de Gabriela — segue logo atrás dela.

Eu, Nicolas, Denis e Samuel ficamos em completo silêncio enquanto assistimos a Rafaela se aproximando de Gabriela. Os nossos colegas de turma ainda estão se organizando para se sentarem então ninguém além de nós quatro presta atenção a cena que se desenrola.

Quando Eduardo se aproxima da amiga de Gabriela — uma garota negra, baixinha, gorda e de cabelo curto pintado de azul — ele dá um leve tropeço, o que faz a garota sorrir. E nesse momento eu meio que já tenho certeza que ele conseguiu conquistá-la.

Rafaela está claramente nervosa, ela fica a todo momento mexendo as mãos ou estalando os dedos. Eduardo passa a mão sobre os cabelos, claramente tentando fazer charme e nós rimos da cena. Rafaela pega o telefone e entrega para Gabriela, que digita nele o que eu aposto que seja o seu número. Eduardo se afasta da garota antes que Rafaela se despida de Gabriela, quando ele se senta no banco ao lado de Denis, fica com a cabeça baixa.

Antes que ele possa dizer qualquer coisa, Rafaela chega toda sorridente e se senta ao lado de Samuel.

— Eu tenho um encontro marcado para amanhã! — Ela diz levantando o telefone. — E ela salvou o número no meu telefone pra gente trocar mensagens!

— Eu não consegui! — Eduardo diz levantando as mãos e olha para mim. — Eu fiz tudo o que você mandou e não deu certo.

— O que ela falou? — Nicolas pergunta, sério.

— Disse que não tá muito afim de sair com alguém por agora. Nós somos adolescentes, quem não quer sair com alguém?

— Eu! — Denis diz e os garotos riem. Ontem de noite antes de irmos embora ele decidiu contar tudo para os amigos e eu me senti aliviado. Eu não quero guardar um segredo que os outros não saibam.

— Nem sempre se consegue o que quer, Edu! — Eu digo. — Hoje você conseguiu um "não", amanhã consegue o "sim". É só não desistir.

Enquanto ele balança a cabeça concordando com o que eu digo, pela primeira vez eu me sinto o mais velho do grupo. E não é uma sensação ruim.

[+]

Quando entro no Café encontro três homens puxando cadeiras para o fundo do estabelecimento e fazendo algumas medições com uma fita métrica.

— O que tá rolando aqui? — Pergunto quando Pedro chega ao Café, cinco minutos depois de mim. Eu já estou no caixa abrindo os pacotinhos de moedas e as separando por valores.

— Ah, a Neide vai fazer algumas reformas. Nada muito grande. — Ele entra atrás do balcão e coloca o avental. — Preciso te falar uma coisa um pouco chata, José!

— Eu vou ser demitido? — É a primeira coisa que eu penso. Quem em sã consciência falta ao serviço dois dias seguidos (sem avisar), quando ainda se tem mais ou menos um mês de trabalho?

— Não, por Deus, espero nunca precisar demitir alguém na minha vida! — Ele diz sorrindo. — Eu vou precisar cortar do seu salário os dois dias que você faltou. Eu não faria isso, mas a nossa chefe veio aqui na quarta-feira e como não te encontrou ela me cobrou isso.

— Sem problemas, totalmente justo. — Digo sorrindo aliviado.

Fico a tarde toda tentando imaginar que tipo de reforma a dona Neide mandou fazer porque os caras estendem umas malhas brancas pelas paredes e eu não sei como isso pode ajudar em uma obra. De toda forma, e diferentemente do meu tio, eu não entendo nada sobre obras, então decido não ficar pensando nisso.

Quando chega a minha hora de ir embora, corro para casa porque ainda preciso me arrumar para sair com os NERDS.

José e os NERDS Contra o MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora