Clair de lune

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Scorbus

Quando Scorpius Malfoy contou para seu pai que era gay, pensou que o pai podia ser igual a Lucius e iria gritar, xingar-lhe dos piores nomes que conhecia, pensou que seria forçado a esquecer aquele pensamento e teria que namorar com alguma sangue-puro até que Draco se esquecesse do ocorrido.

O loiro não imagina que o pai o encarar com uma expressão atenciosa e que parecesse tão calmo com aquela conversa.

Muito menos que parasse de ler o Jornal para lhe olhar.

— Eu já sabia, mon petit — disse, e aquelas quatro palavras ecoaram pela mente do garoto de quinze anos que engoliu em seco, as mãos dentro dos bolsos, de um jeito bobo e nenhum pouco formal.

O pai lhe chamava pelo apelido sempre que tentava demonstrar que o amava (afinal, Draco era horrível em expressar suas emoções) e Scorpius não pode se sentir mais bobo por todo o medo que sentia.

Os pais sempre sabem. Lembrou-se das palavras da sua Monitora quando contou que desejava se assumir para a família e percebeu que havia sido rude por chamá-la de boba.

A culpa era dele por ter baixas expectativas referentes ao comportamento dos pais graças aos seus avós, e desde o divórcio com Astória, tinha medo de decepcionar o pai e precisar viver com a mãe, não que não a amasse, longe disso, mas era mais difícil lidar com ela.

Scorpius percebeu que o pai estava confuso com alguma coisa e respirou fundo.

Draco o amava demais para o forçar a ser quem não era, Draco não era como seu avô.

O pequeno Malfoy havia tremido sob os olhos atentos do pai e deu um passo para frente, sentando-se na poltrona diante do mesmo.
Se o pai sabia e não surtou, significava que ele aceitava?

Será que se Scorpius dissesse para sua mãe ela teria a mesma reação doce?

— Não é só isso que veio dizer, não é? — Draco voltou a perguntar e Scorpius balançou a cabeça.

— Não.

— O que então?

— Papa.

— Scorpius.

O adolescente sentiu suas bochechas ficarem vermelhas e encarou as próprias mãos, os dedos finos tremiam levemente.

— Eu tenho um namorado — sussurrou e não levantou o rosto por vergonha.

Aguardou Uma bronca, um ok, qualquer coisa.
Silêncio se fez no escritório de Draco onde o único som que se ouvia era o barulho da madeira crepitando na lareira, as cinzas voando perto do chão.

O coração de Scorpius pulou algumas batidas ao reparar que os dois pés do pai estavam no chão e o homem de pé, aproximando-se o bastante para sentar ao seu lado no pequeno sofá.

— Désolé d'être comme ça, papa.

— Oh, mon petit, regarde moi — pediu Draco e colocou as mãos nos ombros do filho, um gesto até mesmo afetuoso. Scorpius tremeu levemente e ergueu o rosto, pequenas lágrimas se pendiam em seus olhos e teimaram e escorrer. — Está tudo bem, mon petit, esse é quem você é, não tem nada de errado em namorar, principalmente com outro garoto.
— Mas… O vovô vai surtar!

— Certo, mas ele vai superar um dia, não é ele quem manda na sua vida, sabe? Nem eu que sou seu pai tenho o direito de me intrometer, Scorpius, ainda mais em algo que não é a gente que escolhe, que somos guiados naturalmente. — Draco soava firme, e ajudou o filho a se acalmar, a palma esquerda fazendo pequenos círculos na pele do pequeno Malfoy. — Não precisa ter medo do que ele vai falar, ok? Qualquer coisa eu converso com o Pa… Senhor Malfoy com você.

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⏰ Last updated: Aug 29, 2021 ⏰

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