Paraiso

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POV Millie

Eu estava extasiada para aquele momento, mal pude me dar o luxo de descansar ao menos um pouco essa noite, meu olhar sempre recaía ao celular que ficava sob o criado mudo e a cada cinco minutos eu pressionava o botão de ligar para checar se estava na hora de vê-lo.

Meu corpo se atrelava com os lençóis da cama freneticamente, pois só pelos quais eu contei, eu já havia me revirado entre eles umas trinta e cinco vezes. Ansiosa? Claro, Desesperada? Talvez, mas não fazia questão de negar isso.

Por muito tempo, desde o partir do sol, até os céus retornarem à suas trevas, eu vivenciei esse mesmo tipo de sentimento: Um pesar em meu coração, minha garganta se fechando com ajuda de um nó inquebrável, e às raizes do caos que se alastravam dentro de meu corpo inteiro me enforcavam, era como um inferno pessoal.

Eu tentava inúmeras vezes calar meus soluços com medo de que Sadie ou alguém os ouvisse, mas era impossível, pois eu sabia que pela manhã tudo iria ficar bem, mas ao cair da noite meu coração se destruiria como em todas as noites agonizantes, e dessa vez,com mais força.

Meu inferno pessoal era um purgatório criado especialmente para mim, indestrutível, pois seu nome era mente e todas as coisas que saiam dela, eram minha sentença de morte.

E pela primeira vez em muito tempo, tudo foi-se embora, eu não me sentia tão sufocada como antes, eu me sentia como uma pessoa que acabara de se afogar, e se imergiu dentre as águas, e esses poucos segundos que ela tinha para segurar o fôlego na superfície? eram o Finn.

Minha única esperança, minha única salvação que estava escorrendo de minhas mãos como areia, então acho que tudo bem estar tão nervosa ou desesperada para vê-lo. E lá estava o tão esperado horário brilhando no visor da tela de meu celular, soltei o fôlego que nem sabia que estava prendendo

— Mills? - Sadie questionou assim que eu me levantei da parte de baixo de nossa beliche

— Sads, eu te acordei? - questionei com certa preocupação

— Não, eu já estava acordada a muito tempo, sabe essa beliche não é como as que você tinha no North Side, se você respira eu sinto, tipo, literalmente sinto - ela disse e eu gargalhei

— Vou ter que sair, por favor não conta pra ninguém, okay? - disse pegando meu casaco e também a câmera exigida pelo cacheado

— Tá, mas Millie? - ela chamou

— Sim...

— Leva isso - ela entrega uma arma em minha mão - Só pra previnir, ficar andando pelas ruas de madrugada, é perigoso - ela disse por fim

Afirmo com a cabeça e logo em seguida desço as escadas da casa tentando abafar o máximo de barulho que eu pude, as madeiras soltas das escadas ecoavam um ranger nada agradável de se ouvir, e que ainda por cima poderia levar meus planos por água abaixo.

Meus pés medianos fincavam-se ao chão com cautela e com um tempo de esforço consegui passar pelo último degrau sem que ninguém reparasse, recolhi as chaves de dentro do meu casaco e as encaixei na tranca, rodando-as e logo em seguida abrindo a porta da casa.

Segui o conselho que Finn me deu e troquei a rota da estrada principal pelos becos frios e imundos do South Side. Aqueles lugares eram extremamente perigosos, cheios de traficantes e até mesmo pessoas chapadas que não notam a gravidade das coisas que fazem até o dia amanhecer, eu estava com medo e um arrepio percorreu minha espinha assim que ouvi passos vindo por de trás de meu corpo, ajuntei meu casaco para mais perto de mim e apressei meus passos tentando fazer com que a pessoa desistisse, mas não foi o caso, então preparei a arma que Sadie havia me entregado e me virei no intuito de me defender.

South Side |Fillie|Where stories live. Discover now