O cavalo de Tróia

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POV Finn

Meus olhos encobertos de pânico percorriam o pequeno aparelho feito de metal em minhas mãos, depois de um tempo me permiti fechá-los por alguns instantes. A voz estridente de Sadie ficava cada vez mais distante, e luz forte incomoda do sol se fizera quase inexistente. Eu lutava para permanecer acordado, vez ou outra prolongava minhas piscadas, isso é, quando meu corpo era balançado bruscamente pela ruiva. Minha respiração estava ofegante e rápida, estremeci ao sentir uma dor aguda invadir meu peito, e em poucos minutos perdi a sanidade por completo, ou o que restava dela.

Quando finalmente retomei minhas forças, olhei aos arredores com extrema dificuldade, já que minha visão não permitia que eu a focasse em um objeto, era tudo um borrão. A não ser pelos cabelos ruivos e embaraçados de Sadie, que possuíam pequenos pontos luminosos por toda a extensão. A expressão confusa de minha face não se comparava com a de pânico reproduzida pela a mesma a minutos atrás.

O painel do automóvel estava estraçalhado devido a uma pequena árvore de porte baixo que colidiu-se com o mesmo. Os amassados do metal, os cristais de vidro estilhaçados e uma ruiva desacordada ligou meu cérebro ao corpo. Eu tive uma crise de pânico e bati o carro, era a única explicação, mas por quê? Era a questão.

Atravessei meus braços e consegui me soltar do cinto de segurança sem nenhuma dificuldade, eu poderia ter escapado desse acidente sem nenhum ferimento grave, ou poderia ser só à adrenalina fazendo efeito, sinceramente? Eu não me importava com nada disso. Fui ao outro lado do automóvel e ergui a cabeça de Sadie, haviam pequenos cortes em seus lábios, e suas roupas estavam amassadas e imundas.

Ela está bem. Foi o que eu pensei quando ela despertou-se simultaneamente às viaturas e ambulâncias indo diretamente ao local do acidente. O policial McLaughlin gritava coisas desconexas a realidade, porém, estava certo de que era eu que não conseguia assimilar uma única palavra dita naquele momento.

— SENHOR POLICIAL! Pode estar puto dá vida, mas eu ainda tenho um trabalho a fazer, meu paciente acabou de sofrer um acidente e precisa fazer alguns exames, se você quiser bater nele depois, eu não ligo! Mas não atrapalha a merda do meu trabalho! - uma paramédica diz me levando a uma maca

— Que exames? Eu, não... Não preciso de exames - digo me levantando rapidamente e logo meu corpo vai ao chão em segundos

— ELA TEM RAZÃO! Vamos fazer uns exames toxicológicos, certeza que esse filho da puta estava drogado, você poderia ter matado à Sadie! Seu maluco! - o policial diz partindo para cima, sendo segurado por seus colegas

— MCLAUGHLIN! Tenha compostura, você está trabalhando! - o xerife anuncia - Rapaz, poupe o nosso tempo, você estava chapado?

— Não! Claro que não! - esbravejo

Então como que você perdeu o controle do carro na porra de uma pista reta!?

Millie. Depois de um mês sem ao menos saber se ela estava viva, ou depois de um mês sem saber se eu mesmo estava vivo, recebo uma ligação de trinta segundos, ligação à qual ela dizia palavras completamente desconexas, em um local abafado onde sua voz oscilava toda hora devido à fraca conexão. Essa ligação foi a diferença entre minha vida e minha morte.

E foi em meio ao caos de um acidente de carro que algo ardente e flamejante acendeu-se em meu coração. Millie Bobby Brown deixou a porta para minha salvação entreaberta, e era minha escolha abri-lá ou tranca-lá. No final das contas, ninguém fica sozinho ou perdido para todo o sempre, todos podem decidir o seu veredito. E a partir de hoje, decidirei o meu.

— Caleb! A culpa foi minha, eu fiquei fazendo piadinhas de mal gosto e ele se distraiu, mas ele não estava drogado! Pelo menos uma vez, podem parar de apontar o dedo para ele sem ter prova alguma disso? - Sadie explica

South Side |Fillie|Where stories live. Discover now