capítulo 1

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"Você é a merda de uma policial Laureana! Que não significa porra nenhuma pra mim!"

...

Dias atuais

Seis da manhã, não entendo porque tenho que sair tão cedo de casa, vou sentir falta de cada detalhe daqui.

Entro no táxi com o mínimo de roupa em uma bolsa de costas.

Releio a carta, eu ainda não acredito que eu estou fazendo isso, mas se eu morrer, talvez seja como heroína, nunca quis mesmo sair como uma policial que se matou por causa de problemas psicológicos, se alguém me matar, eu ainda saio no lucro.

Eu sei, é escroto pensar assim.

No caminho para o morro, é estranho pensar que fui afastada pra isso tudo.

Pra começar, sou da PM, já a alguns anos, e me afastaram por um crime que não cometi, mas tem um porém, o pessoal do serviço secreto me procurou, me explicou que foi necessário tudo parecer real, e foi real, eles querem que eu seja uma infiltrada no morro, eles acham que a PC tá sendo subordinada pelo dono do morro.

Eu não julgo eles acharem isso, o mundo funciona com dinheiro, infelizmente, mas estou sendo infiltrada pra colher informações.

Não prometi nada, farei o meu melhor, mesmo que isso me leve a ter uma bala no meu crânio, não que eu não queira isso.

Chego no morro.

Saio do táxi, pego minha bolsa, e começo a subir o morro.

Me chamam de Laureana, ou Laura, tanto faz, tenho vinte e três anos.

Fiz treinamentos para o exército da marinha, minha família queria que eu fosse da marinha, então me matricularam na escola da marinha após meus quatorze anos, eu passei todas as provas, até os meus dezoito anos, um ano depois eu seria do exército, se eu passasse na última prova, propositalmente eu fui bem mal na prova.

Alguém me para no caminho, um cara magrelo, alto, ele tá com um fuzil, meu coração treme, mantenho controle.

- a princesa tá perdida?

Ele falou, sua voz grossa me faz estremecer e a fala não sai.

Então ele puxa o papel da minha mão.

- tá procurando a Maria pra que?

Ele me olha estranho.

- ela é minha tia.

Longa história.

Ele riu.

- pode subir.

Começo a subir rápido, mas ele pede pra parar.

Paro.

Ele grita alguém, tal de "Lelê".

- leva a princesa pra Maria lá tio!

Me viro pra eles.

Aparece um menino descalço, só de short, aparenta uns nove anos.

- qual Maria menor?- O garoto chega cheio de marra, ele tá vendo o fuzil na mão do cara?

Eu queria rir, não sei porque, a fala deles são estranhas.

- a do empadão pivete!

Ele parece irritado.

O menino vem pro meu lado, pegando na minha mão e me puxando pra cima.

...

- ei calma aí garoto!

Falei já tentando recuperar o fôlego.

Ele ri.

Sentei na escada.

- vamo tia, tenho que voltar pro fut!

- calma piralho!

Ele fica mexendo a mão sem parar.

Levanto.

Não gosto de como alguns me olham, eu nem vim com uma roupa sofisticada e nada que me rótula como "metida".

O garoto passa por aí falando com todo mundo, e ainda se gaba por tá do meu lado, na maior cara de pau, e olha que nem sou tão bonita.

Mas se um garoto de nove anos me acha linda, então eu sou linda ne não?

Ele me deixa perto de uma garagem pequena, onde uma placa de papelão dizia "Empadão da Maria".

Bato palma.

O garoto ri de mim.

E grita.

- O TIA DA COMIDA!

Logo uma mulher que aparenta trinta e cinco anos, sai na janela gritando também.

- TEM COMIDA AGORA NÃO VAGABUNDO!

Nossa eu ri, ri muito, o garoto me olha e manda um "vai se foder", o que me faz gargalhar mais.

Ele resolve retrucar a maluca da janela.

- NÃO DESMERECE NÃO, O VAGABUNDO FAZ FAVORZINHO PRO CHEFE!

Então os dois se encaram, uma encarada estranha pra caralho.

Parece que me notaram.

- entregue.

O garoto me diz e começa descer o morro.

- obrigado piralho!

Digo antes que ele some pelas escadas.

- tamo junto moça! Me deve um lanche!

Que filho da p*!

Ele riu da minha cara e desceu.

- só empurrar o portão!

A minha suposta tia manda.

Empurro com dificuldade um portão de madeira bem ao lado da pequena garagem.

Logo depois de passar por um corredor pequeno, onde outros olhares me cercam, vem uma porta azul, ela se abre revelando a maluca da janela.

- pode entrar.

Ela diz sem cerimônia alguma.

Entro.

- não é como a casa da p* da sua mãe, mas é limpa.

Não se dão bem, tá óbvio?

- obrigada por me aceitar aqui.

Estou sendo sincera.

Ela me encara como se soubesse tudo que está dentro da merda dos meus pensamentos.

- pode ficar o tempo que precisar, mas também preciso de ajuda, aqui nada é fácil.

Ela diz, é como se me julgasse.

- claro, o que você quiser que eu faça, eu faço.

Ela foi me mostrar a casa.

A parte que entra é uma cozinha, pequena, ela me leva mais a frente, onde suponho que seja a garagem, com algumas mesas e umas cadeiras amontoadas.

Ela me traz de volta pra cozinha, me mostra a sala pequena e o banheiro, subimos as escadas e fomos para um corredor pequeno.

Duas portas.

- fique aqui, é o quarto da minha filha.

Entro.

Está tão arrumado, mesmo sendo pequeno, tão organizado, com uma cama de casal.

Pelo que eu sei a filha dela se chama Mariana, morreu na troca de tiro com a polícia, que teve em cerca de três anos atrás.

- Ela tem a mesma idade que você.

Ela encara o chão.

- eu lamento!

Ela me olha.

Ia dizer algo mais desistiu.

- acorde as seis da manhã!

Ela fez uma voz estúpida e fechou a porta.

Não posso me lamentar pela morte da filha dela? Eu em! Maluca!

Uma policial no morroWhere stories live. Discover now