ÚLTIMA NOITE SOBRE O MESMO CÉU

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- CORRAM!


- CUIDADO!


- ALGUÉM NOS AJUDE! ISSO NÃO É HUMANO!


Uma aura surge entre as trevas, sua silhueta era feminina. Ela caminha pela sala de reunião olhando para os corpos mortos caídos ao chão:


- Finalmente! Não aguentava mais estes insuportáveis! Enfim a brecha se abriu o suficiente para que eu pudesse escapar. Agora, é hora de retomar o que comecei há anos atrás.


Um barulho estrondoso era ouvido em toda Gaia, terremotos criavam rachaduras no chão. Prédios e casas caíam e pessoas morriam por toda parte. Os cidadãos olhavam para o céu avistando algum tipo de barreira se rompendo, nenhum cidadão entendia o que se passava naquele momento, seria algum ataque relacionado à guerra? O ocorrido destruiu quase que por completo todo o continente. Os grandes governadores haviam desaparecido. Tudo estava um caos!


Havia se passado um mês do grande tremor, novos governadores foram designados para reger o continente. Foi explicado aos cidadãos que a guerra infelizmente havia chegado à Gaia, os recursos se tornaram escassos assim como moradias e empregos, o que tornou Gaia um local perigoso para viver.


Eram sete da manhã, Eriel acordava assustado pois havia tido um pesadelo, aliás, o mesmo pesadelo. Já fazia exatamente um mês que o jovem sonhava todos os dias com a mesma coisa: armas brilhavam uma após outra e, conforme Eriel passava por elas, elas se apagavam, apenas uma se mantinha reluzente. Seguido disso, um ser totalmente escuro formado por escuridão aparecia em sua frente e corria em sua direção, sumindo ao entrar em contato com seu corpo. Esse sonho preocupava Eriel, como podia o mesmo sonho acontecer mais de uma vez?


O garoto se levanta da cama para mais um dia vazio, carregar lixo das pessoas em troca de alimento para o jantar do dia, ele coloca uma roupa de couro preta, o tipo de roupa mais comum atualmente, desce as escadas e encontro sua irmã mais nova, Luna, comendo um pão seco com um café de ontem:


- Bom dia Luna.- Diz Eriel com voz serena e carinhosa.


- ...Dia.- Responde a criança, ainda sonolenta.


Eriel toma seu café rapidamente e sai de casa para trabalhar. Trabalhou o dia inteiro e ganhou três porções de comida. Chegando novamente em casa, o jovem apresenta o ganho do dia para sua irmã:


- Aqui Luna, um para você, um para mim e...


- Um para o Edward.- Completa Luna- Não vamos deixá-lo sem comer.


- Ele tem seu próprio trabalho, Luna! Ele que se vire!


- Irmão, não podemos fazer isso! Ele cuida de nós, e nem tem obrigação nenhum conosco. Ou se esqueceu que fomos abandonados?


Um silêncio súbito toma conta da cozinha, os irmãos não se lembravam de nada sobre seus pais biológicos, desde que se lembravam viviam com Edward, se submetendo aos maus tratos do cuidador. Eriel trabalhava feito louco para um dia poder ter pelo menos um pequeno apartamento para cuidar de sua irmã, todavia, após a ruína de Gaia, isso era quase impossível pois o trabalho rendia apenas comida e bem pouca.


Durante a conversa, Edward chega em casa, bêbado e com forte cheiro de drogas. Ele anda até seu quarto quando é interrompido por Luna:


- Edward, você trouxe algo para o jantar?


- Está vendo algo em minhas mãos?- Responde Edward com olhar de desgosto para a criança.


Eriel, se vira para arrumar a mesa do jantar com medo de olhar para Edward, apesar da língua afiada, o jovem era extremamente medroso e reprimido. Dificilmente corria atrás de algum direito ou defendia sua opinião, na maioria das vezes desistia facilmente de qualquer coisa.

Guardiões: As Armas SagradasOnde histórias criam vida. Descubra agora