Capítulo 3

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Carol

Não consigo tirar a imagem da garota de minha cabeça. Ela era morena, e pequena, com cabelos escuros e um corpo forte. Estava usando um uniforme branco com uma capa azul, e sua perna estava seriamente machucada.
Mas ela era linda. Mesmo parecendo que tinha acabado de sair de uma batalha, era linda. Era delicada, mas com uma aparência forte.
Não sei o que é isso que eu estou sentindo. Eu costumo me sentir muito atraída por mulheres, isso é um fato. Mas nunca pensei nisso seriamente. Nunca tive um rótulo. E depois de todos esses anos lutando e batalhando, conhecer alguém e me apaixonar parecia uma coisa dispensável.
Não sei o que foi exatamente o que eu senti por ela. Foi uma misturas de sensações. Eu queria tocá-la, queria cuidar dela. Queria tocar seus cabelos pretos lisos, tão diferentes dos meus loiros cacheados. Queria sentir o toque das suas mãos, para saber se são quentes ou frias.
É besteira me sentir assim. Não sou mais uma adolescente, sou uma super heroína à beira do fim do mundo. Não tenho tempo para  pensar em garotas bonitas feridas.
Mas conhecer melhor uma companheira de batalha não seria de todo o mal.
***********************************
Tive uma noite péssima. Sonhei com pessoas gritando de dor, morrendo aos poucos, e outras chorando pelos que morreram. Foi o pior pesadelo que já tive.
Levanto da cama, passando o mão pelo rosto, tentando esquecer os meus sonhos. Me visto rapidamente e saio do quarto, procurando Natasha ou Steve (finalmente aprendi o nomes deles. Steve Rogers, Natasha Romanoff, o cientista, Bruce Banner, o negro forte, James Rhodes, e o cara que anda com um machado para todo o lado, que chegou ontem no QG, Thor).
Eles estão discutindo em uma sala espaçosa. Toda essa parte do QG é de vidro, com a tecnologia mais avançada que já vi e uma sala de reuniões. Sei que tem uma parte desse prédio que é semelhante a um apartamento e outra que é um lugar onde eles costumam treinar.
O homem com o machado conversa avidamente com eles. Parece preocupados, mas não desesperados. Eles conseguem manter a calma muito bem, mesmo na nossa atual situação.
Adentro a sala, e atenção deles se volta para mim.
-Oi-aceno levemente. É muito estranho estar aqui. Sei que disse a Fury que só queria que ele me contactasse em caso de extrema importância,  mas gostaria de ter  sido informada sobre...Do que eles se chamam mesmo? Vingadores.
A ironia da referência ao meu antigo apelido na Aeronáutica é quase cômico.
Agora preciso tentar não parecer um ser extraterrestre que não sabe absolutamente nada sobre a Terra. E por mais que tenha provado que conheço o Fury, eles ainda não confiam em mim.
-Precisamos falar com você-Natasha fala. Me aproximo e encaro-os, todos prestando atenção em mim.
-Se você é tão poderosa, por que nunca voltou para a Terra? Quer dizer, onde você estava todos esses anos em que a S.H.I.E.L.D esteve protegendo a Terra?
-Enquanto vocês brincavam de heróis por aqui, eu estava salvando a vida de diversos povos de outros planetas. Acabando com guerras intergalácticas.
-Guerras intergalácticas?-Thor fala. Ele se aproxima de mim e me encara, de braços cruzados-Não havia guerras ocorrendo messe período de tempo. Pelo menos não enquanto meu pai governava.
Cruzo os braços, irritada. Não gosto que me desafiem.
-Seja lá quem seu pai seja, ele nunca moveu um dedo para ajudar os povos que estavam sendo dizimados, um por um, por outros povos.
-Meu pai fez muito por muita gente-ele fala nervosamente, se retesando em frente a mim.
-Então por que nunca sequer ouvi o nome dele? -falo, sem me afastar. Por mais que ele seja mais alto, não me intimido com sua expressão brava. Descruzo os braços e aperto minha mão em punho. Ele me encara, e ergue a mão direita. Ouço um barulho, e de repente seu machado aparece em sua mão. Ele o segura fortemente, e isso me faz sorrir de leve. É um bom truque. Ele sorri de volta antes de se apoiar em sua arma e dizer:
-Gostei dessa aqui.
Os outros parecem rir levemente com a nossa pequena cena, e eu acabo por rir também.
-Thor?-ouço uma voz vinda do corredor e sinto meu coração pular levemente. Viro-me e vejo a garota  morena. Ele está em roupas simples, e manca levemente.
-Oi Valkyrie-ele fala, se afastando-Você está bem?
Ela assente e sorri.
-Bom-Steve fala-Mais super heróis surgem a cada instante. Alguém tem alguma ideia se mais alguma pessoa que possa nos ajudar está perdida por aí?
-Tem um grupo de pessoas. No espaço. Não sei se estão vivos, mas tinham a intenção de ajudar-Thor fala.
-Qual o nome deles?
-Eles se intitulavam os Guardiões da Galáxia.
Parece estranho demais. Quantas surpresas mais terei nesse tempo que estou passando aqui?
-O que eles são?-Natasha indaga.
-Um grupo bem bizarro de bocós. Pelo menos, era assim que eles costumavam se chamar.
-Eles eram bocós mesmo-ouvimos uma voz falar. Olho ao redor, procurando, e vejo um guaxinim andando em duas patas,usando um uniforme e falando. Isso é, definitivamente, muito bizarro.
-Essa coisa está...-falo, e todos parecem chocados.
-Esse é meu amigo, Lebre-Thor fala, rindo. Bruce o encara, confuso e eu rio debochadamente.
-Ele é um guaxinim. Não uma lebre-pondero.
-Se vocês, terráqueos, pararem de me chamar dessas coisas que eu não sei o que são, eu ia ficar muito feliz-o guaxinim fala, ranzinza-Meu nome é Rocket.
-Por que você fala?-Valkyrie pergunta, confusa.
-Porque eu sou uma aberração montada por cientistas, está bem? Eu não sou como qualquer criatura dessas aí que vocês me chamam.
Ele parece triste. Deprimido seria a palavra mais adequada.
-Desculpe. Não queríamos te ofender-pondero-Mas você é algo bem inusitado. Se bem que, considerando nossa atual situação, nada mais nos surpreende.
Ele me encara, mas vejo sua expressão marrenta sumir por uns instantes. Ele parece alguém com medo de demonstrar fraqueza, mas que não aguenta mais ser forte para todos. Ele só precisa de alguém que o entenda.
-Ei, Rocket-Rhodes o chama-Por que você não me fala mais sobre as suas armas? Parece que você entende bem disso.
Ele parece se distrair por um instante e se permite começar a falar avidamente com Rhodes sobre seu armamento, caminhando para uma sala ao lado.
-Eu e a Nat vamos com o Quinjet para ver como está a situação no resto do país-Steve fala.
Eles se encaminham para fora da sala, mas Steve para apenas para falar.
-Se alguma coisa acontecer, nos chamem e voltaremos na hora. Não podemos perder mais vidas.
Ele se vai silenciosamente. Bruce e Thor começam a conversar, e Valkyrie fica observando apenas. Me aproximo dela, olhando seus detalhes melhor. Tem olhos pequenos e castanhos, e uma boca delineada.
-Olá-falo, mas soando séria demais.
-E aí?-ela fala.
-Sou a Carol. Carol Danvers.
Ela não tira os olhos de meu rosto. Parece estar me analisando como eu fiz com ela.
-Valkyrie.
-Nome bem diferente-falo, sorrindo. Ela sorri, tímida, mas balança a cabeça negando.
-Na verdade não é meu nome. É minha designação. Eu costumava ser uma soldada de Asgard. Tinham outras Valkyries, mas a maioria de nós morreu na batalha.
Isso parece entristecê-la.
-Sinto muito.
Ela assente, e levanta a manga da camiseta, mostrando desenhos brancos azulados na pele.
-São os símbolos das Valkyrie-ela completa. Assinto, e estico as mãos mas reluto.
-Posso tocar?
Ela assente, sorrindo. Toco os desenhos com a ponta dos dedos e ela me encara. Passo os dedos do antebraço até o pulso, e quando me aproximo de sua mão, ela segura a minha contra a sua, palma com palma.
-Você segurou meu braço quando desmaiei-ela fala, baixinho.
Fico com um pouco de vergonha, mas assinto.
-Queria ver se você estava bem.
Ela sorri e não solta minha mão até Thor reaparecer e nos olhar.
-Você acha que consegue se recuperar logo?-ele fala para ela-Não quero que se machuque mais, mas uma guerra se aproxima e toda ajuda será necessária. Ainda mais a sua, Valkyrie, que é uma ótima guerreira.
Sorrio ao ouvir isso. Eu já imaginava que ela era uma ótima lutadora e guerreira. Isso parece deixá-la mais sexy.
-Acho que posso tentar. Vou treinar mais enquanto estiver aqui.
-Eu posso te ajudar-falo, repentinamente, mas não sei por quê falo isso.
-Se você quiser-completo, baixinho. Ela acena a cabeça como quem diz sim e isso me deixa alegre.
-Mas então-Valkyrie nos olha-O que eu perdi enquanto estava naquela nave no espaço?
Eu e Thor nos entreolhamos, e sua expressão divertida se torna séria novamente.
-Melhor você se sentar para ouvir tudo-ele fala.

Carol and ValkyrieWhere stories live. Discover now