Capítulo VI

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  A bola de chumbo ainda estava presa ao aço retorcido e madeira estilhaçada da muralha. Mattew rapidamente subiu ao leme e espiou cuidadosamente noite afora na direção do tiro, conseguindo identificar o atacante. Era claramente um navio pirata e movia-se silenciosamente carregado pelos ventos com altas velas negras. A luz no convés inimigo entregava o movimento de sua tripulação cujas sombras preparavam outro tiro de canhão.

 Baehrius novamente estava inquieto porém Kateryn ajudou-o a se manter calmo. Com a Muralha Marítima em movimento, Matt tentava apostar em despistar os piratas noturnos. Suava frio enquanto manuseava o leme, sempre de olho no inimigo, ouvindo então o segundo disparo que afundou água abaixo. Respirou aliviado mesmo sabendo que dificilmente teria essa sorte novamente. A soturna embarcação colocou-se num ritmo veloz deslizando na água rapidamente, parecendo alcançá-los em pouco tempo.

 — Pessoal, saquem suas espadas. Eles estão se aproximando.— Matt estava muito mais sério agora, como se suas palavras travassem na garganta graças ao seu coração pulsante.

 Na velocidade máxima que seu barco podia navegar em direção ao porto , o jovem capitão já tinha sua espada em mãos com o revolver no cinto. Podia ouvir as ondas quebrando violentamente contra os cascos do navio rival e o som das gargalhadas sádicas dos piratas noturnos cada vez mais próximas. Sentiu o vento lá fora uivando conforme seu coração acelerava e o inimigo se aproximava até o momento que a colisão o fez saltar de vez. Os três jovens tinham medo, porém Kateryn tentava se manter calma antes de se entregar totalmente a febre e desespero da batalha.

 Finalmente cordas foram içadas por cima das paredes altas do navio e de lá os homens caiam desajeitadamente, embriagados e enlouquecidos pela sede de violência. O primeiro pirata sujo caiu do alto e na sua queda foi audível o som dos seus ossos quebrando. Matt agiu rapidamente e chutou sua cabeça contra o mastro do navio, garantindo sua inconsciência. Alguns outros marujos tentaram o mesmo e um por um foram incapacitados pelos golpes duros de Mattew ou pela lâmina veloz de Kate, já entregue ao calor da batalha.

 Baehrius tentava operar os canhões virados para o inimigo e devido a proximidade, facilmente perfurou o casco do outro navio com dois disparos. Isso deixou-os furiosos e cada vez mais homens subiam a muralha para cair ao convés. Alguns mais espertos desciam cuidadosamente pelo mastro, porém, Matt lidava com esses com tiros precisos, fazendo-os cair feridos e desmaiados. Os que ainda lutavam após a queda forçavam uma breve batalha de espadas com o jovem capitão, fazendo a lâmina que uma vez já fora dourada agora manchada de rubro.

 Quando o ataque foi cessando aos poucos todos respiraram aliviados pois seus corpos estavam cansados e doloridos. Mas antes que o ultimo oponente desmaiasse ao convés, ouviram passos pesados, diferente dos outros, muralha acima. Uma risada sádica acompanhava o ritmo e no alto, à luz da lua, um grande homem de pele escura marcada por cicatrizes por todo o corpo apareceu.

 — Crianças no comando do mais belo navio que já vi. Chega de brincadeiras, rapazes.

Pulou e aterrissou violentamente sem nenhum tipo de sequela. Ergueu-se rigidamente a frente dos combatentes da Muralha.

 — Meu nome é Kaled e vocês escolheram a noite errada para passear. 

Um Conto Sobre o Mar, os Barcos Sobre Ele e os Homens Sobre AmbosWhere stories live. Discover now