Ela já estava de saída

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Elizabeth

Mais uma semana se passou e como ela foi chata e monótona... Trabalho-casa, casa-trabalho. O resultado da minha prova ainda não saiu, não sei que dificuldade é essa para corrigir.

É sexta feira, estou saindo do trabalho e recebo uma mensagem de Ronnie com uma localização de onde eu deveria encontrá-la. Por ser mais para o lado Sul da cidade e por ela avisar que a Cheryl está lá, deduzo que Jughead também estará. Isso me deixa completamente empolgada. Não deveria, porque eu não suporto esse garoto, mas deixa.

Nem passei em casa, fui direto com a roupa do trabalho. Depois de longos minutos, cheguei ao que me parecia um bar e fui rapidamente recebida por Cheryl.

-A loira que eu mais amo chegou! —ela gritou.

Todos voltaram seus olhares para mim, inclusive um par verde que me fazia formigar.

-Vem, Betty, senta com a gente! —Toni me chamou, me lembrando que eu ainda estava parada igual uma estátua olhando para Jughead.

Cumprimentei a todos e me sentei ao lado de Verônica. Passamos horas conversando. Reggie e Sweet Pea são muito engraçados, agora entendo porque Verônica e Josie não desgrudam deles. Jughead também é muito divertido, além de inteligente. Mas continua sendo um babaca. Ainda bem que a Alison não está aqui.
Depois de muito falar e beber refrigerante, preciso ir ao banheiro. Quando saio Jughead está na porta.

-Oi? —digo tentando entender o porquê dele estar aqui.

-Eu vim dizer tchau. Tenho que ir para casa trabalhar.

-Ah, o jornal... O que disse para eles? —não pude conter o sorriso de satisfação em ser a única a saber desse segredo.

-Que estou com dor de cabeça. —ele deu um riso meio sem graça que me derreteu toda.

-Posso ir com você? —soltei essa pérola sem pensar.

-Você quer ir para a minha casa? —ele disse totalmente incrédulo.

-An... É. Pra ver como você faz.

-Como eu faço? —ele disse sorrindo e só então entendi.

-Como você faz pra ser jornalista em segredo! Deixa de ser maldoso. —Eu também ria.

-Bom... —ele parou pra pensar. —Pode ser. Tá de carro?

-Estou.

-Vai me seguindo. O que você vai falar para eles?

-Eu invento alguma coisa por mensagem.

-Ok. Vamos então.

Jughead saiu pela porta da frente e eu pela dos fundos. Entrei no meu carro e segui sua moto até pararmos em uma casa que não era nada do que eu esperava.

-Que cara de surpresa é essa? —ele perguntou enquanto eu analisava a decoração da sala de sua casa.

-Não era assim que eu esperava que fosse sua casa.

-Ah é? —Ele começou a rir novamente.—Diga-me então, Elizabeth Cooper, como você esperava que fosse minha casa?

- Ah... Caveiras, roupas espalhadas por todo canto.. Uma coisa bem rock'n roll, sabe?

Ele gargalhava. Que som lindo.

-Sinto muito em não corresponder às suas expectativas.

-Está perdoado. Agora, você não tinha que ir trabalhar?

-Claro. Vamos subir.

Subimos até entrar no quarto dele. Se alguém algumas semanas atrás falasse que eu estaria no quarto desse "marginal" vendo ele trabalhar, eu provavelmente daria um soco.

-Não tem muito pra ver. Eu sento, pego o computador e escrevo.

-Por que seu chefe deixa você fazer isso de casa? E usar nome falso?

-Quando eu comecei, eu ia pra redação. Mas na época eu não era o Rei, o Rei era o meu pai. Quando o posto foi passado a mim, eu expliquei a situação para o meu chefe, que nessa época já era meu amigo. Ele topou numa boa.

-Amiguinho do chefe para ganhar benefícios, né? —eu disse em tom de brincadeira.

-Interesseiro é meu segundo nome. —ele disse correspondendo a brincadeira.

Ele começou a digitar alguma coisa que não consegui prestar atenção. Estávamos sentados um ao lado do outro em sua cama. Eu o encarava. Tão bonito concentrado. Vez ou outra ele puxava os lábios inferiores com os dentes. Alguns fios de seu cabelo escorregam em sua testa quando ele abaixava demais a cabeça, e quando a levantava, passava a mão para levar os fios para trás novamente. Sinto uma vontade enorme de tocá-lo.

Eu ainda o encarava quando ele se virou para olhar para mim. Eu rapidamente desviei o olhar para a tela do computador, mas óbvio que ele percebeu. Jughead pôs a mão em meu queixo, virando minha cabeça em sua direção. Comecei a formigar e nossas bocas automaticamente quiseram se aproximar. Bem perto, cada vez mais perto. Ele olhava para os meus lábios e eu para os dele. Bem perto, cada vez mais perto.

Mas aí a campanhia tocou. Nos afastamos como se estivéssemos próximo à a cometer um crime. Saímos da cama e descemos. Assim que a porta abriu, um vulto loiro se jogou em cima de Jughead, beijando-o avidamente. Percebi na hora qual a intenção dela.

Limpei a garganta e eles se separaram.

-Desculpa, não sabia que estava com visita... Ah, oi Betty. Pera aí, Betty? —Ela estava completamente surpresa com a minha presença ali.

-Oi, Alison.

-Ela veio usar o banheiro, ficou com nojo de usar o da rua. Sabe como é essa patricinha... Mas ela já estava de saída, não é, Elizabeth?

Ele está me mandando embora?

-An... É. Tchau. Tenham uma noite divertida.

-Teremos. —Jughead disse enquanto fechada a porta.

Quando entrei no carro, minha vontade era de chorar. Mas por que? Eu sempre soube que ele era um babaca. Me expulsou. Mas o pior de tudo foi ele ter preferido ficar com ela do que comigo. Agora está bem claro que ele realmente não me suporta.

Sentença [bughead]Where stories live. Discover now