CAPÍTULO SEIS

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O Mestiço adentrou a floresta escura, seu alazão parou no meio do caminho. Negando-se a continuar o trajeto. O mestiço sabia que animal pressentia o perigo espreitando de todos os lados. Ele sentia um cheiro forte de morte e sangue, um cheiro estranho de uma magia perdida.
Ele desceu do cavalo, libertando o animal. Não é bom seguir adiante com um ser-vivo exalando medo e receio. Ele era um mestiço, um lobisomem forte e um Bruxo poderoso. Um dia sentará nas almofadas e sofás do grande Salão, no Castelo do Rei. O mestiço acreditava no próprio potencial, ele não era um covarde. E faria qualquer coisa para provar o quanto era poderoso e único.
Roubar a Lança de Kei poderia ser a sua chance, uma oportunidade para provar o seu valor. E quem sabe, dormir ao lado de uma verdadeira princesa e esquecer a curandeira que desmerece seus sonhos.
O mestiço merecia mais.
Merecia um lugar na corte.
Merecia uma fêmea perfeita.
Ele não vai parar, vai continuar lutando até conquistar o seu lugar de direito. Continuou seguindo floresta escura, permitindo que lobo tomasse controle da situação. O mestiço farejou o ar, sentindo o cheiro de um animal vivo aproximando-se.
O que era? Não tinha um cheiro comum, era estranho, lembrava o cheiro de um animal em decomposição. O mestiço ficou em alerta, sentindo todos os pelos do corpo eriçar. Não era um momento bom para sentir medo, ele precisa chegar até o fim.

— Veja irmã, temos um visitante. — uma voz feminina ecoou entre às árvores.

Mesmo com uma visão que facilita a locomoção a noite, o mestiço não conseguia localizar a dona da voz calma e sedutora.

— Ora, Ora, o que temos aqui? Não é Lobisomem e não é Bruxo. — Disse outra voz danificada pelo tempo. — Criança, não deveria aventurar-se nas florestas proibidas.

— Eu sou um comerciante; — O mestiço reúne toda a sua coragem para conseguir falar. — Procuro o povoado das Montanhas para expandir meu negócio.

Uma gargalhada assustadora calou todos os sons noturnos da noite.
Todos os animais noturnos calaram-se.

— Expandir os seus negócios? Irmã, ele é corajoso.

— Irmã, não sinto um coração nobre. Eu sinto inveja, raiva e deslealdade.

— Não passará; — anúncio a fêmea com voz mais jovem. — O povoado da Montanha não está interessado em negócios.

— E vocês? — Perguntou, ele não perderia essa luta. Não deixaria duas fêmeas que se escondem na noite vencer o seu orgulho. — Podemos negociar, com certeza existe algo que desejam.

Um silêncio pairou por alguns minutos.

— Juventude para minha irmã. Há séculos uma fêmea jovem não entra na floresta, a última que entrou conheceu minha verdadeira face. Diga-me, pode encontrar uma moça jovem e bonita?

— Sim, existe uma fêmea. Ruiva e mais bela que o próprio Sol. Tem sardas no rosto que lembram uma constelação e os olhos são verdes como uma esmeralda. É a minha companheira, podem ficar com ela.

A fêmea gargalhou.

— Está nos entregando a sua própria companheira? Que intrigante. — riu com desdém. — Onde podemos encontrá-la?

— No Vilarejo de Gonddin, o nome dela é Yasmine Airmeithy.

— Aceitamos a oferta, mestiço. Siga até às Montanhas. A fêmea será nossa; — Resfolegou. — Nada pode salvá-la, agora a fêmea ruiva pertence as Montanhas Proibidas.

O Mestiço não importou-se.
Ele estava caminhando em direção a glória, um sentimento fraco e sem sentidos não acabaria com seus planos. O mestiço nunca acreditou na força de uma ligação ou no poder do amor. Ele acreditava na riqueza e no poder de um Rei, ele acreditava nas ambições que vivem dentro do seu coração.
Yasmine era uma simples curandeira que estava destinada ao fracasso, ele conhecia as maravilhas que encontraria no caminho com a lança de Kei nas mãos. Ele merecia um trono, ele merecia um Reino.





Nota da Autora: Querem fotos dos personagens?

Morfeu - O Príncipe SombrioOnde histórias criam vida. Descubra agora