Kagami

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– Kagami, já estou indo para casa. – Disse da cozinha em voz alta para que a adolescente ouvisse.

Via Kaori sair da cozinha com sua bolsa, passando pela porta e encostando. Mas como sempre, por falta de atenção, o trinco não chegava a se fechar e Kaori aproveitava que o elevador já estava naquele andar e partia sem perceber que a porta havia ficado entre aberta.

Agora olhava para a garota de dezesseis que estava deitada na cama com o telefone no ouvido conversando animadamente com uma amiga. E então via o Sr. Lupin, estranhamente ele sempre a fitava nos olhos, e aquela sensação era desconfortável. O Yorkshire se levantava da almofada e saia pela porta do quarto atravessando a sala e chegando pela fresta da porta ao hall. E novamente o elevador abria a porta, o Sr. Lupin entrava, acostumado que estava a fazer aquele trajeto quando saia para passear.

Kagami só percebia minutos depois, quando finalmente desligava o telefone que o Sr. Lupin não estava ali. Só então notava quando chegava à sala que a porta estava aberta, saia encontrando a porta chamando o elevador com pressa. Apenas quando saia para o jardim externo do prédio podia ver o Sr. Lupin atravessando a grade da entrada e correndo em direção a uma mulher que estava de costas do outro lado da rua. O som alto da buzina soava, mas os pneus do carro azul metálico avançou por cima do pequeno cão e Kagami chorava enquanto tentava abrir a segunda porta da entrada do prédio para sair. Gritando o nome dele.

Mas desta vez o Sr. Lupin saiu debaixo do carro e correu em direção de Kagami que se abaixou para pegar o cãozinho no colo. E só então ela notou que havia algo errado, tinha uma criança de dois ou três anos na calçada do lado de fora. Quem diabos pinta o cabelo de uma criança dessa idade de azul?!

Não pode ver os pais do menino. Como deixaram a criança sozinha?! Mas notou imediatamente quando ele começou a andar em direção à rua em passinhos trôpegos a idade. Gritou tentando abrir a porta sem sucesso:

– Hei, você, é perigoso! Volta! Não!! Olha para mim! Não vai!

Mas o garotinho não parecia sequer escutar e o porteiro destravou a porta, mas a grade não abria mesmo assim, o sistema estava quebrado? Ouviu o som de freio, mas o carro estava rápido demais, atingiu a criança que estava quase na metade do espaço entre uma calçada e outra. O menino foi jogado alguns metros à frente pelo impacto do carro. E ela sentiu uma dor alucinada no estômago. Com aquela pancada, o menino teria morrido!

A porta do prédio cedeu e ela correu na direção de onde ele estava caído, talvez não devesse tocá-lo, mas não conseguiu pensar na hora. Virou-o delicadamente e só então pode ver os olhos azuis abertos e vazios o sangue que escorria pela testa.

– Alguém! Ajuda! Precisamos levá-lo para o hospital! – Mas nenhum dos carros que passava fazia menção de parar, parecia até que não havia ninguém ali. Então ela olhou a mulher, baixinha e franzina na outra calçada. "Mama Kazumi?!" Kazumi estava com o garotinho no colo, sorrindo.

– Kagami. Você nunca o quis de qualquer forma...

Ela sentiu uma mão no ombro e quando olhou para cima via que o pai a encarava.

– Você deveria ter tomado mais cuidado, tesouro. Há coisas que são frágeis demais, e um pedido de desculpas não pode resolver.

Então a viu dar as costas com o menino no colo, que lhe fez um sinal de "tchau" com a mãozinha suja. Sentia o corpo do garotinho pesando no colo, e ela simplesmente não conseguia se levantar dali. Tentou respirar, mas o ar não entrava nos pulmões. Sentia que estava se afogando embora não estivesse sob a água. O peito e o estômago pesavam, estava enjoada. Despertou na cama empapada de suor, mas não tinha tempo, correu para o banheiro devolvendo ao vaso toda a janta.

Pole DanceWhere stories live. Discover now