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Morte observava o Vale das Sombras dia após dia, até que resolveu descer a terra e fazer uma visita a Fortaleza Negra.

Observou a figura da antiga Imperatriz petrificada, rosas negras cresciam do chão e a envolviam, ela era tão bonita. Morte não conseguia deixar seus pensamentos longe dela por muito tempo.

O Vale também havia caído em ruína, assim como sua Lady, todos estavam petrificados. A terra havia estagnado, nada crescia e nada morria. O Vale se tornara uma terra inóspita e lendária aos anos que se seguiram após a derrota da Imperatriz. Ninguém pisava ali há muito tempo.

Morte acariciou os traços da estátua e pensou o quão macia a pele poderia ser, qual seria o gosto dos lábios dela, e qual a cor real de seus olhos.

Ele não entendeu o motivo de seu irmão Guerra, condená-la a um destino como aquele. Na verdade, ele não entendia o motivo de seu irmão ter descido a terra e permanecido por tanto tempo. Quando ele voltou para casa estava mais duro, mais forte, e Morte o temeu pela primeira vez, pois Guerra carregava um olhar de perda.

Morte retirou todas as rosas da estátua, e percebeu que sobre a antiga Imperatriz, as rosas não faziam brotar espinhos, como se protegessem sua soberana, acolhendo-a com suas pétalas.

Ele resolve partir dali, Guerra não ficaria feliz se soubesse o que ele andava fazendo todos os dias, todos os anos. Seu irmão ficaria uma fera se descobrisse onde ele estava.

Mas quando Morte deu as costas para a estátua um raio de sol entrou pela janela e iluminou o pulso da jovem.

— Porque você fez isso, meu irmão? – Morte perguntou em voz alta e se aproximou novamente da garota.

Se retirasse sua maldição poderia entrar em conflito com Guerra, e não sabia se estava disposto a brigar com seu irmão. Porém sentiu algo quando deu as costas mais uma vez para a estátua. Seu coração acelerou, e Morte perdeu o ar, nunca sentira seu coração antes. Sabia que o tinha e sabia que o mesmo era incapaz de sentir algo.

Olhou pelo ombro para a antiga Imperatriz e novamente se virou encarando-a. Será possível um receptáculo roubar o coração de Morte? Isso poderia significar sua ruína. Amar era para os fracos, e seus poderes estavam fora da compreensão de qualquer humano. Seu peito batia apressadamente, o ciclo era irreversível, o coração de um Criador uma vez despertado, jamais pararia de bater. E morte sentiu a necessidade de proteger o ser a sua frente. Pois seu coração batia por ela.

Se aproximou e retirou o bracelete.

Antes que o corpo caísse, Morte a pegou no colo e a colocou delicadamente no chão.

— O que aconteceu? – Elentári despertou se assustando com o homem ao seu lado, ela tentou escapar de seus braços, mas Morte barrara a investida, mantendo-a no lugar. – E quem é você? A batalha... preciso lutar... minha cabeça doí.

— Eu sou Mael. – Morte decidiu que mais tarde explicaria sua verdadeira identidade. – A batalha acabou 100 anos atrás. Você foi derrotada.

— Há 100 anos? – ela se desesperou e uma lágrima escorreu de seus olhos, Morte a observava fascinado, sem conseguir prestar atenção nas palavras direito, queria apenas tocar-lhe o rosto, observar as curvas e se perder nos olhos claros, eles refletiam a luz das almas, era encantador. – Onde está minha coroa?

Ela tentou se levantar, mas estava fraca demais para isso.

— Onde está minha coroa? – seu desespero era aparente. – Ela não pode cair em mãos erradas...

— A Portadora das Sombras a levou.

— Não, não, não... – a mulher se desesperou e deixou que as lágrimas rolassem, e Morte percebeu, descendo o olhar pelo corpo em seus braços, que ela possuía um corte aberto feito por espada. – Eu falhei meu pai. – ela tentou conter as lágrimas respirando fundo.

Morte passou a mão pela barriga dela curando-a, antes que ela notasse o ferimento.

— Você disse que se passaram 100 anos? – ela tentou levantar-se, mas se deu por satisfeita quando conseguiu ao menos sentar-se.

— Sim. – ela se olhou e percebendo as dúvidas da mulher Mael explicou: – Você e Calista são imortais até que uma mate a outra, e após isso, o tempo começará a andar novamente para uma das duas.

Morte a observou enxugar as lágrimas:

— Perdão, mas poderia me dizer seu nome? Ele nunca mais foi pronunciado.

— Elentári. – ela o olhou com força, sem resquícios de lágrimas. – Meu nome é Elentári, a Portadora da Luz, e futura Imperatriz da terra que pisas.

Ela se levantou, agora totalmente recuperada e caminhou até a janela. Elentári observou seu Vale despertar, as vozes do seu povo, os animais, o movimento das águas. Ela saiu da Fortaleza e caminhou até o acampamento militar, Mael não entendeu sua motivação e a seguiu impressionado.

Todos que a viam, despertados de suas prisões de pedra, agora se ajoelhavam nas ruas perante sua soberana.

Elentári chegou no meio do acampamento militar e ergueu a voz quando todos que se ajoelharam ergueram-se:

— Eu sei que muitos de vocês estão confusos. – sua voz se elevou a cada palavra. – Mas conheceremos nosso inimigo, e faremos ele pagar. Hoje vocês descansam, mas amanhã, vocês lutam! – todos gritaram em uníssono. – A Guerra se aproxima, e nós sairemos vitoriosos dela!

Mael se aproximou dela enquanto todos gritavam "vida longa a Soberana"

— Eu recuperarei minha coroa. – então Elentári olhou para o homem ao seu lado. – Você me ajudará senhor da Morte?

Como Elentári sabia sobre sua identidade era um mistério, mas ele não se intimidou e respondeu:

— Partiremos juntos para a guerra.

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Deixei vocês pensando muito? Se tiverem alguma teoria ou pergunta sobre a história ficarei honrada em responder

Até lá, beijinhos, pois esse é o fim.

Será?

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A Portadora da Luz [concluído]Where stories live. Discover now