Os primeiros amores

Parte 4

Escutar as confissões da minha tia, estava sendo bom e excitante, mas infelizmente como sombras precisam aparecer, aquele tempo teve de chegar ao fim. Assim, Naomi me expulsou de sua casa, com a desculpa de que entardecia, e de que talvez nevasse, e eu, que fiz uma viagem para ficar com minha família (aparentemente para todos, escondendo a verdadeira razão) não deveria desperdiçar a chance de dormir na minha casa. Então, Naomi parou suas falas, como sempre me deixando mais curioso, ela adorava fazer isso: provocar e levar as coisas no seu tempo, com seu jeito, o oposto da minha mãe... Não, Yasu sempre fora a controlada, a vitima de suas birras e seus comentários infantis, como todo irmão mais velho é: chato. Entretanto, essa ligação quase cômica que as duas tem, é forte o bastante para intrigar. Até onde iriam uma pela outra?

No começo acreditei que tudo o que se seguiu teve apenas como protagonista, minha mãe, mas agora em casa, enquanto reflito nas palavras que antes escutei, percebo que não, haverá mais personagens e será uma longa descoberta. Se, minhas intuições estão certas, minha tia desenvolverá seu papel mais cedo ou mais tarde, além da irmã que instiga, diria que; pressinto que ela de alguma forma, tem culpa no cartório, e por isso se rendeu a ajudar o carente sobrinho. Espero me livrar desses pensamentos, e deitar parar dormir tranquilamente. Amanhã outra parte da história, minha história (minha?) da minha mãe, e seus amores -talvez- me espera.

            

                               **

-Dormiu bem Kyungsoo? Saiu daqui tão animado que me perguntei se teria sono. Sua ansiedade não é boa- minha tia diz. Cheguei aproximadamente uns cinco minutos, agora já são nove horas da manhã e na minha caminhada até aqui pude apreciar o clima e a cidade sem receios futuros; um momento de paz. E agora, aceito um chá oferecido, tornando a me sentar no sofá.

-E desde quando ansiedade é coisa boa?- respondo intrigado e com desdém.

-Kyungsoo- Naomi chama, mais para si mesma, a começar seu sermão delicado, uma aula para o mais novo.-Quando se espera uma comida, por exemplo: eu ponho essa água na chaleira todas as manhãs, espero ferver para preparar um chá; durante vinte anos essa é uma tradição que não aceito quebrar. Quando a água finalmente ferve e o barulho ecoa pelos cantos da casa, onde quer que eu esteja, minha felicidade transborda, e as vezes saio correndo, cambaleando por esses corredores pelo momento tão aguardado; paro qualquer que seja a atividade para me sentar aqui, e tomar o chá, pronto, quase queimando minha boca; e isso meu filho, é uma ansiedade boa. Que nunca passa, e não atrapalha meu sono..

-Eu dormi bem, muito bem inclusive- falo por fim, evitando o assunto.

-Então melhore essa cara.

Tento em vão abrir um sorriso. Não acontece como esperado. Gostaria de conseguir engana-la, mas continuo com as mesmas duvidas da noite passada. Penso em terminar essa história e essas visitas mais cedo ou mais tarde, por isso trago de volta o assunto, com um pouco de nervosismo. Sei que, ao contrário da neve no inverno que só desaparece com o surgimento da nova estação, por ser limitada a existir além daquele tempo, minha tia ditava o seu próprio período, se fosse uma estação, sofreríamos com temperaturas baixas por longos dias (ou não), ou chegaríamos a convulsar de tanto calor até ela achar enfim que já estava bom da sua aparição, para assim dar inicio as flores e as caídas de folhas (que também se arrastariam conforme seu gosto); ditadora; seu ritmo era não era mantido nem calculado. Quanto menos a pressionasse, mais rápido obteria sucesso na minha, "missão".

-O chá esta bom.

-Oh! Não me enrole, sei que essa sua cara de paisagem é por eu estar adiando o assunto. Mas gosto de tomar o primeiro chá do dia com calma. Já não basta seu tio roncando a noite.. Ninguém dorme mais nessa casa... Depois de velho os homens pioram, aish! Ya Kyungsoo não ronque quando envelhecer, sua mulher envelhecerá mais rápido se não dormir bem. Está vendo minhas rugas? Culpe seu tio. Então ESSE era o segredo para a juventude: não se casar. Sua mãe se livrou deveria me agradecer- falou- Mas esqueça isso, minhas queixas, aish!- termina. Quando penso em fazer menção do assunto principal Naomi, como uma vidente, se apressa em se referir primeiro. Começou: