Capítulo 1

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Anastasia pagou o motorista de táxi e, ansiosa, correu para casa. Mal acabara de passar o trinco de segurança na porta, foi logo chamando:

— Mamãe? Jô?

Ninguém respondeu. Ela largou a mala no hall e, franzindo as sobrancelhas, tirou o casaco. A casa estava quieta, estranhamente silenciosa. Intrigada, Anastasia deu uma olhadinha na sala de estar e foi para a espaçosa cozinha que ficava nos fundos da moradia. No caminho, passou os olhos pelos outros cômodos. Vazios. Até mesmo a saleta onde colocara o aparelho de televisão.

Tomada por uma desagradável sensação de mal-estar, Anastasia subiu as escadas que levavam ao andar superior do sobrado e suspirou de alívio ao entrar no quarto da mãe e constatar que ela dormia a sono solto. Com um sorriso, fechou a porta do quarto da velha Alicia Price e se dirigiu para o dormitório de sua filhinha de cinco anos de idade. Era um milagre que Jô já estivesse na cama tão cedo, deixando a avó à vontade para tirar uma soneca.

Girando com cuidado a maçaneta da porta onde havia uma placa de acrílico com a inscrição "Quarto de Jô", Anastasia entrou e logo olhou para a cama da menina. Surpresa! O sorriso desapareceu de seus lábios, assim que ela viu a cama vazia e o quarto deserto.

Alguma coisa estava errada. Confusa, Anastasia voltou correndo para o quarto da mãe e chamou várias vezes pela velha senhora, até acordá-la. Dona Alicia sentou-se com calma e esfregou os olhos. Esboçando um sorriso sonolento ao ver a filha, disse:

— Desculpe querida... Acho que peguei no sono. Fez boa viagem? Onde está Jô?

Anastasia ficou branca como cera. Dona Alicia levantou-se e, consternada, perguntou: —- O que houve?

— Sou eu quem... Ora, mamãe! Jô não está aqui em casa?

— Como assim? Pensei que você a tivesse apanhado na saída do colégio, Anastasia.

— Mas acabei de chegar de Bath!

— Ah, que confusão! Recebi um telefonema do colégio e eles me disseram que você havia pedido para me avisar que iria pegar Jô.

— Mas quem telefonou, mamãe?

— Eu não... não sei. A jovem que falou comigo disse apenas que era da Highcroft School. Oh, Anastasia... será que fiz alguma coisa errada?

—- Fique calma, sim? Já vamos esclarecer essa história.

— Mas. . .

— Com certeza não foi a srta. Collins, professora de Jô, quem telefonou para cá. Ela me conhece muito bem, pois me vê todos os dias no portão da escola. Talvez a moça tenha entregado minha filha para outra pessoa, por engano.

— Será?

Antes de responder, Anastasia deu uma olhada no relógio, enquanto apertava a mão da mãe entre as suas, para acalmá-la.

— Já passa das sete horas, mamãe... E o colégio só voltará a abrir após o fim de semana.

— Você não sabe o número do telefone da residência da diretora? Telefone para ela, Anastasia, enquanto preparo um café.

Anastasia desceu as escadas correndo e foi direto para a biblioteca. Abrindo uma das gavetas da escrivaninha, achou a pasta escolar de Jô e pôs-se a remexer nervosamente em todos os papéis e documentos que via pela frente. Quando deparou com o telefone da srta. Beauchamp numa folha com o timbre da Highcroft School, apanhou o aparelho e, com mãos trêmulas, discou o número indicado.

A voz ácida da diretora não demorou a soar do outro lado da linha. Após ouvir atentamente os fatos que Anastasia lhe narrava, a srta. Beauchamp expressou profunda e sincera preocupação. Afinal, segundo ela, Josephine fora apanhada pelo pai na hora do almoço. Como Anastasia não sabia disso? Era verdade que não havia dado nenhum recado à sra. Price através da srta. Collins, pois a jovem professora estava acamada, com uma forte gripe. Mesmo assim. . .

Christian GreyDonde viven las historias. Descúbrelo ahora