Capítulo 20

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"Chamando a Dra. Camila Cabello, emergência no sexto andar. Dra. Camila Cabello, compareça ao sexto andar."

A voz mecânica do hospital me chamava pela segunda vez. Estava deitada em um dos quartos onde os médicos podem descansar e abri lentamente os olhos, senti meu corpo doer assim que me sentei na cama. Tive mais um pesadelo. Tornaram-se constantes desde que Lauren partiu para a Grécia e dava poucas notícias. Motivo? Simples, estava embarcada em um dos navios de expedição e sinal de celular era algo inviável. Conclusão, não sabia quando ela ia voltar e nem como estava.

Dois anos já haviam passado. Dediquei meu tempo e minha vida ao meu trabalho e pesquisas na área da cardiologia, o que me gerou inúmeros prêmios e lucros. Como Harry havia proposto, íamos no apartamento de Lauren uma vez a cada duas semanas para ver se estava tudo em ordem e fazer uma pequena faxina. Sempre evitei em entrar no quarto dela, sabia que se fosse, iria sucumbir de saudade. O mesmo acontecia com o quarto do bebê, deixava para que Harry cuidasse desses dois cômodos.

- Qual a gravidade? Quero os dados do paciente. Onde está o estagiário?! – cheguei na ala da emergência e alguns enfermeiros me preparavam para a operação. Hummels, um dos meus estagiários, chegou afobado e desandou a falar.

- Doutora, o paciente é um senhor de cinquenta anos. Nome, Willian Jones.. – quando Hummels falou o nome, meu cérebro me levou de voltar ao meu primeiro ano de faculdade, quando o Dr. Jones faleceu em decorrência de um infarto. Independente desse homem ter alguma ligação com ele, não deixaria que outro Jones morresse por conta de um problema no coração. – A artéria coronária está obstruída, precisamos proceder à cirurgia de revascularização do miocárdio.

- Sei exatamente o que devo fazer, obrigada, Hummels. Pode sair. Avise a família do paciente que ele passará pela cirurgia de Ponte de Safena. Vamos evitar que esse homem sofra um infarto.

Assim que ele deixou a saleta e tudo estava pronto para iniciarmos a operação, dei uma olhada no rosto de Willian Jones. Era terrivelmente parecido com meu falecido professor, seriam parentes?! Agora não tinha tempo para suposições, eu precisava fazer esse homem sobreviver e ter a certeza que dormiria com a consciência limpa por salvar mais uma vida. Seria uma cirurgia demorada, mas esperava obter sucesso.

Último ponto da sutura feito. Batimentos cardíacos estáveis. Paciente salvo. Doze horas de cirurgia. Eu estava esgotada, mas o sorriso no meu rosto era maior que meu cansaço. Os assistentes davam leves tapinhas nas minhas costas e me parabenizavam. Respirei aliviada e agradeci a todos, avisando que estava na hora de conversar com a família do homem. Retirei as luvas e a máscara, jogando no lixo da saleta e lavei as mãos. Caminhei calmamente pelos corredores em direção à sala de espera. Havia cerca de quatro famílias sentadas, que levantaram assim que abri a porta.

- Família do senhor Willian Jones?

- Sim, somos nós. – uma mulher com cerca de quarenta anos se aproximou, acompanhada de dois adolescentes. – Como ele está?

- A cirurgia foi um sucesso. Ele está estabilizado e daqui a uma hora, será levado para a sala de recuperação pós-anestésica. Quando estiver bem acordado, vai para o quarto e, só então, poderão vê-lo.

- Muito obrigada, Doutora. Deus lhe abençoe. – a mulher apertava minha mão com força e sorri. Nada era mais reconfortante, do que ver a felicidade da família de um paciente após uma longa e cansativa cirurgia.

- Bom, se me dão licença, vou mandar que preparem o quarto para o senhor Jones e, quando for liberado, serão avisados.

Me despedi da família e me arrastei até a recepção, passei todas as informações e em menos de quinze minutos, uma equipe foi acionada para preparar o quarto onde o homem ficaria. Aproveitei esse tempo e corri para conseguir um café no restaurante do hospital. Precisava me manter acordada por mais três horas e então, finalmente ir para casa. Faziam dois dias que me recolhi no hospital, preferia ficar por aqui do que dormir sozinha em casa. Às vezes, ia para casa de Harry e Peter, passava a noite com eles, mas os pesadelos não cessavam. Infelizmente, a única pessoa que podia fazer com que parassem, não dava notícias e estava à quilômetros de distância.

My Biology (2º Temporada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora