Os Guardiões do Tempo: Agentes da Ordem (Volume único) + Audiolivro

Capítulo 10 - Planos para o futuro

"É muito perigoso fazê-lo, tem certeza que quer arriscar tanto?"

Melanie pensara muito antes de pedir para Merlin fazê-lo, aquele era um momento crucial, o momento que teriam de confiar em Ben.

"Sim. Tenho certeza."

Merlin ponderou sério.

"Sabes o quão debilitado ficarei depois, não poderei mais ajuda-lo até que tudo esteja concertado, suportarei manter uns quatro dias ou um dia depois da guerra talvez, após isto a minha mente ficara tão fragmentada que não voltará a se juntar e esta realidade Melanie, a qual estou mantendo inteira, vai se despedaçar, caindo no completo caos."

"Eu sei, eu sei."

Melanie lamentava.

"Mas é preciso, não poderei indicar o que Ben tem de fazer se não souber o futuro, além disso, precisamos ter outra garantia, tenho uma ideia, mas preciso que você a confirme para mim."

Relutante Merlin consentiu, não tinha como discutir com Melanie, sabia que era muito inteligente e confiava em suas decisões.

***

Estava com frio, com medo, confusa. Ser arrancada de sua realidade daquela forma era um tanto cruel para Sam, ainda olhava com dúvida para aquele que se apresentará como Ben, que dormia exausto por tudo que teve de fazer para escaparem.

Quando ele a puxou porta a fora, longe dos braços de Kaled, Sam sentiu alívio, como se voltasse pouco a pouco a ser ela mesma, Sam ainda não compreendia tudo o que Ben despejara sobre ela, era muita coisa para absorver, a magia, a troca de realidade, eles serem melhores amigos sendo que Sam nunca o tinha visto antes.

Mas uma coisa tinha de admitir, concordava sobre Kaled, nunca se sentiu à vontade com ele, nunca se sentia ela mesma quando estava por perto, Sam se encolheu lembrando, ainda podia sentir seu toque, ainda podia senti-lo nela, todas as vezes em que ele puxava suas roupas, beijava seu corpo, deslizava suas mãos por ela, Sam se sentia vazia, vazia e suja, sempre tentava faze-lo parar, mas não conseguia, sua mente nessas horas vagava pelo espaço, sem nem sentir o que estava acontecendo, mas toda vez que ele se sentia satisfeito e a deixava em paz, Sam se encolhia em sua cama e chorava.

Agora ali encolhida naquele espaço apertado com aquele cara que não conhecia e que era maior e mais intimidante que Kaled de certa forma, Sam se sentia de alguma forma segura. Quando chegaram e ela sentou se encolhendo, Ben não se aproximou, somente tirou o casaco e colocou sobre ela sem dizer nada, depois se afastou o máximo que o espaço limitado permitia e deitou dormindo quase instantaneamente.

Se assustou sendo tirada de seus pensamentos assim que ouviu um barulho, olhou para o lado e viu que um livro escorregara da mão de Ben que estava sobre sua barriga, o livro era bonito, mesmo parecendo simples e chamou a atenção de Sam, algo a atraia até ele, saindo de sua posição, Sam se aproximou de Ben que respirava forte, tendo um sono intranquilo, por um momento se distraiu com as feições angulares, seu queixo forte, as bochechas meio rosadas, os cílios espessos, lembrava dos olhos azul e verde que vira, desejou pode-los ver mais uma vez.

Balançando a cabeça tentando focar sua atenção no livro, Sam o pegou, sentiu um arrepio percorrer seu corpo assim que o tocou, ao abri-lo páginas voaram rapidamente até parar em uma página perto do fim que estava escrita à mão, Samantha começou a ler:

Olá Samy, aqui é a senhora P.

Sei que agora não deve se lembrar, mas era assim que sempre me chamava, a mim e a meu marido, os pais de Ben, seu melhor amigo.

Sam olhou novamente para Ben de soslaio antes de continuar.

Desculpe por jogar esse peso em suas mãos, por pedir para você carrega-lo, Ben deve ter lhe explicado alguma coisa, espero que o suficiente para você entender a situação.

Antes de tudo, não deixe Ben ver esta carta, nem conte a ele sobre ela, Ben não pode saber, se não, nunca permitiria que eu o pedisse.

Eu vi o futuro Samantha, um futuro perdido, onde no final Kaled vence, no fim ele matará Ben.

Seu coração acelerou sem ela entender, não sabia por que estava sentindo aquilo por Ben, sim talvez acreditasse naquela loucura de outra realidade e magia, pois vira Ben fazer magia, mas saber que cresceram juntos e eram melhores amigos, era demais para Sam, mas conforme lia a carta, mais tinha incertezas, talvez ela pudesse ser essa pessoa que descreviam, talvez pudesse ajuda-lo, talvez quisesse ajuda-lo, talvez, isso somente o tempo diria.

***

Depois de Sam se sentar afastado dele sem mais nada a dizer, Ben a cobriu com o casaco e deitou-se o mais longe que conseguiu, para lhe dar espaço e dormiu em poucos segundos.

Acordou assustado sonhando com tudo o que tinha acontecido, quando dormiu tinha esperança de acordar e tudo estar bem, mas quando viu Sam ao seu lado, percebeu que ainda estava dentro do pesadelo.

Levantou esfregando o rosto, tentando espantar o sono, viu que o livro estava no chão ao seu lado, o pegou sentando de frente para Sam.

"Vai me dizer o que tem que fazer para resolver isso."

Ben levantou uma sobrancelha em tom de pergunta.

"Você acredita em mim?"

Sam sorriu fracamente, de um jeito que Ben gostava.

"Não sei ainda, mas você parece dizer a verdade."

Hesitou.

"Quero acreditar em você, quero que as coisas mudem."

Ben assentiu entendendo o sentimento.

"Certo."

"Então... o que posso fazer para ajudar."

"Primeiro preciso encontra-lo, preciso saber como encurralar Kaled para poder selar seus poderes, impedir que os use contra nós, ou contra qualquer um."

Sam franziu as sobrancelhas tentando entender.

"Acabamos de fugir dele e agora quer encontra-lo?"

Ben detestava ter que dar longas explicações. Mesmo assim, fez um esforço para vencer sua hiperatividade e falar com calma. Resolveu mostrar a carta que sua mãe lhe enviou, quando a viu, Sam mostrou uma reação que Ben não entendeu, mas resolveu ignorar, continuando a história contou tudo que sabia sobre o que havia aprendido a respeito da origem do universo, sobre Kaled, tudo que pudesse ajudar, ao final, Sam ficou com o olhar desfocado pensando.

Quando finalmente resolveu falar, sua voz soou um pouco mais firme.

"Acho que posso ajudar."