Capítulo 12

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O inverno os castigou, mas passou.

Todos trocaram as peles, por roupas mais leves e Valkiria agradeceu aos Deuses por não precisar mais dividir a cama com Sam, não por que não gostava dele, mas porque em certas noites sonhara que estava nos braços de Lyon e quando ela acordava e via Sam, se afastava o mais rápido dele, deixando um clima estranho entre eles.

Os dias se seguiram e o exército inimigo não cedia, por mais baixas que tivessem e Valkiria como todos os dias desde que chegara, foi para a batalha ao lado de Sam.

Com os homens bem alimentados e lutando encima da terra ao invés do gelo, tornava a Guerra ainda mais violenta e nesse dia, o inimigo parecia desesperado por vencer, como se fosse sua última força, sua última batalha.

Valkiria estava lidando com dois homens, enquanto Sam era encurralado.

Quando ela o viu, se apressou em acabar com os dois homens e correu para ajudar ajuda-lo. Ele não aguentaria muito tempo.

- Não! - Valkiria correu, mas não rápido o suficiente, os homens o atacaram em conjunto. Sam conseguiu bloquear um dos homens, mas o outro o atingiu na lateral do corpo, na altura das costelas.

Sam caiu de joelhos no meio do campo de batalha.

Valkiria foi pra cima dos homens, sem tempo para que eles agissem. Ela foi rápida atingindo-os com toda força que lhe restara.

Valkiria se agachou e começou a analisar o ferimento de Sam.

- Não está tão grave. Eu darei um jeito, nós vamos dar um jeito nisso. - O ferimento foi profundo, mas ela não deixaria que ele morresse ali.

Valkiria gritou para os homens protege-los, enquanto ajudava Sam.

- Não pode me ajudar, precisa continuar lutando. Não me importo que me deixe aqui. - Valkiria olhou para ele com raiva.

- Não, nós voltaremos juntos, assim como lutaremos até o fim juntos. - Valkiria já sentia as lágrimas caindo, tentava ao máximo não se desesperar.

- Não pode fazer isso. - Sam estava com a mão no ferimento que estava jorrando sangue.

- Eu posso e vou! Homens, levem ele e cuidem para que ele continue vivo até que eu chegue. - Valkiria gritou as ordens aos homens que levaram Sam, mesmo ele protestando.

Valkiria acabaria com aquilo.

Ela levantou as lâminas gêmeas e deu seu grito de Guerra, seu último grito naquele lugar, sua última luta.

Todos em batalha gritaram em resposta, indo pra cima dos inimigos com mais força.

Ela voltaria viva para casa, por Sam, por todos aqueles que ainda lutavam, por Liam e por Lyon, ela sobreviveria por eles.
.....

Muitos morreram, muitos ficaram feridos, mas milhares haviam sobrevivido. A Guerra finalmente havia acabado.

Valkiria estava coberta de sangue, o campo de batalha era um mar de corpos caídos e graças aos Deuses Valkiria saia daquela Guerra apenas com alguns cortes.

Valkiria estava exausta e se esforçou o máximo que pode para chegar o mais rápido possível no acampamento.

Já se passara horas desde que Sam tinha sido ferido, ela precisava ir até ele.

Valkiria chegou na tenda em que compartilhavam e viu ele na cama, com a respiração fraca, suando por conta da febre que atingiu seu corpo.

Os homens tinham feito um curativo provisório nele e já estava encharcado de sangue.

- Por que não chamaram um curandeiro? - Valkiria gritava com os homens que o haviam levado.

- Há muitos feridos e poucos curandeiros. - Um deles falou, com a voz baixa, como se envergonhado por não conseguir fazer mais que um curativo grosseiro em seu Capitão.

- Vocês vão ter que me ajudar então. - Valkiria deu ordens para que eles pegassem algumas plantas e mandassem uma criada levar água limpa para o ferimento.

Sam suava e ardia de febre. Ela tirou o pano encharcado de sangue e viu o corte profundo nas costelas.

Se a infecção não o matasse, o sangramento o mataria.

Os homens trouxeram tudo que ela pediu, então ela preparou as ervas assim como seu povo um dia lhe ensinara. Limpou o ferimento e o costurou, cobrindo o ferimento com as ervas que ajudariam a cicatrização e não deixaria que pegasse uma infecção.

Sam gemia de dor e pra ela era agoniante vê-lo naquele estado. Valkiria lhe deu um chá para a dor e Sam dormiu.

- Precisam falar com os comandantes e ver se a Guerra realmente acabou. - Valkiria viu o estrago da Guerra, os inimigos tinham sido destroçados em campo, não conseguiriam se reerguer.

- Sim Senhora. - Alguns poucos a chamavam assim por respeito ao Lord, mas ela nunca gostou, preferia ser chamada de Valkiria.

Valkiria passou o dia ao lado de Sam enquanto os homens buscavam informações.

- Minha Senhora a Guerra acabou. - Valkiria viu o alivio no rosto dos homens que entraram na tenda para lhe avisar. Ela estava sentada na ponta da cama, onde Sam dormia, então olhou para ele e pediu aos Deuses que conseguissem levar ele para casa.

Valkiria só iria se sentir aliviada quando visse o rosto das pessoas que ela mais amava nesse mundo.

- Reúna todos os homens e diga que partiremos amanhã ao amanhecer. - Valkiria não via a hora de ir embora daquele lugar.

- Mas nosso Capitão vai conseguir fazer uma viagem tão longa? - Valkiria o olhou e viu que os tremores e a febre tinham diminuído.

- Precisamos de uma carroça. Servirá até chegarmos em casa. - Valkiria rezou aos Deuses para que eles não estivessem se esquecido dela.

- Será uma viagem longa. - Ela sabia que quanto mais rápido partissem, mais rápido chegariam em casa.

Coração de Fogo (Concluído)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt