Lucky ones

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“Nós somos os sortudos dessa vez!”

A chuva ainda caia forte fora do Jeep, mas Jared eu não nos importávamos e ficar presos ali, desde o nascimento de Nate, foi o melhor momento que tive durante todo esse tempo.
Ele estava acariciando meu rosto, colocando meu cabelo para trás.
-Você é tão linda. – ele falou baixo, sorri sem mostrar os dentes. – não precisa ficar assim.
-Assim como? – perguntei confusa.
-Como quem não sabe o que deve fazer, como se estar aqui comigo é algo errado. – respondeu.
-De certa forma é sim, Jared. – respondi, ele ficou sério.
-Errado foi você ter ido embora. E quando você foi embora, Margot, levou quase tudo. – respondeu ainda sério – sorte a minha ter uma filha que é idêntica a você, a única calmaria que eu tive todo esse tempo.
Ele falava baixo, mas falava sério e aquelas palavras entravam em mim como facadas, eu não sabia como me sentir em relação a aquilo. Bem? Mal? Feliz ou chateada? Eu não sei, as circunstâncias nos fizeram desistir de nós mesmos no passado, a impulsividade, raiva, e mágoa me fez entrar naquele avião.
Mas ele devia ter feito algo.
-Por que não me impediu? – perguntei – Jared, você sabia que eu te amava, sabia que eu queria ficar.
Ele juntou as sobrancelhas e engoliu em seco rapidamente, ficou sério me olhando por alguns segundos.
-Eu fui até o aeroporto. – disse rapidamente
-O que? – falei mais rapidamente ainda, estática.
-Eu fui, você tinha acabado de entrar no avião, eu ia atrás de você até do outro lado do oceano mas fui convencido a ficar.
Instantaneamente meus olhos se encheram de lágrimas, ele tinha ido até o aeroporto por mim?! E eu lembrei daquele dia como se tivesse acontecido no dia anterior, fiquei olhando hipnotizada para a porta da sala de embarque esperando ele aparecer, mas achei que ele não ia, achei que ele tinha me deixado ir. E agora ele me diz que foi, que ele estava lá.
Ele deu um meio sorriso.
-De certa forma, Mag, talvez não era para ter acontecido daquela forma. Estávamos magoados demais ainda um com o outro... E quando você foi embora eu fiquei com tanta raiva de você que achei que iria ter essa raiva para sempre mas quando te vi naquele dia... Foi o dia mais feliz da minha vida em muito tempo.
Ele falava e eu não conseguia responder. O que eu diria a ele? Eu tentei seguir em frente, mas ele meio que tornou essa frase um tanto sem significado na minha vida quando se tratava dele. Não tinha como seguir em frente sem ele. Não tinha vida para mim pós Jared Leto!
Ele acariciou o meu rosto de novo.
Mas eu não podia...
-Mesmo assim, o que aconteceu passou. Eu também estava magoada mais hoje não estou mais, porém ainda estou com Léo e – continuei falando até ele me interromper colocando o indicador nos meus lábios.
-Margot, você realmente quer me ver implorar? – falou olhando fundo nos meus olhos. Se eu fosse ainda uma vadia arrogante iria fazer isso, fazer ele comer na minha mão tudo o que ele fez eu passar, mas eu não era mais assim. Eu fiz coisas terríveis com ele também, não era justo, e eu o amava, qual o sentido de você fazer alguém que você ama sofrer para satisfazer um desejo de vingança? Bom, eu não tinha isso em relação a ele. Eu queria estar com ele.
-Não. – respondi, ele sorriu. – Você não tem que implorar para que eu fique com você, seria como negar água mesmo em meio a um deserto.
Então o sorriso dele se estendeu mais ainda e ele voltou a me beijar apertando meu corpo com força contra o dele. Era um tanto desconfortável o banco de trás do Jeep mas era perfeito com ele ali, qualquer lugar com ele era o paraíso.
-Além do mais eu ouvi sua conversa com a Rachel – disse e ele me olhou espantado.
-Você ouviu? – balancei a cabeça e ele suspirou – eu tentei muito amar ela e esquecer você! Tentei, ela é maravilhosa mas simplesmente não é você.
Meus olhos se encheram de lágrimas que eu não soube decifrar se era felicidade ou sei lá, eu me inclinei um pouco mais e o beijei porque ele já havia tirado todas as minhas palavras.
Íamos continuar mas alguém bateu no vidro do Jeep. Ele ergueu a cabeça e pulou para o banco da frente arrumando sua calça. Nós não tínhamos reparado que a chuva havia diminuído.
-Precisam de ajuda? – Ouvi um homem barrigudo e bigodudo perguntar.
-Nosso Jeep atolou, estávamos esperando a chuva passar. – Jared respondeu. Aproveitei para arrumar minha roupa também e pulei para o banco da frete, o homem olhou para mim entendendo tudo e Jared ficou meio sem jeito, mas eu não.
-Bom, eu tenho uma carreta forte e uma corda... – o cara falou amigável. Jared pôs a cabeça para fora da Janela e olhou para a carreta.
-Deve ajudar. – respondeu – fica aqui, Mag. – falou abrindo a porta do Jeep e saltando para fora. O homem conseguiu tirar nosso Jeep da lama, Jared e eu agradecemos e então só depois o homem descobriu quem Jared era, pois o mesmo foi amigo de Carl, seu padrasto, quando ele era vivo.
-Margot, este é o Bob, ele era um grande amigo de Carl – falou, cumprimentei Bob – apareça na casa do Lago para conversarmos – ele falou alegre, sempre que encontrava amigos antigos da cidade ficava todo alegre, mas mais alegre estava eu porque finalmente decidimos ficar juntos. Decidimos, não foi?
-Jar... – falei com ele dirigindo o Jeep em direção a casa.
-Que? – falou, segurei sua mão direita e acariciei ela, sorrindo para ele. Ele olhou para mim e sorriu também, apertando minha mão.
-Estamos juntos? De novo?
Eu me sentia como se estivesse me apaixonando pela primeira vez novamente. Eu estava tão assustada por muito tempo achando que nunca mais sentiria isso, tudo parecia uma bagunça mas de vez em quando as estrelas se alinham e duas pessoas que se amam podem ficar juntos, será que nós somos os sortudos dessa vez? Eu sei que aconteceu muita coisa, e todo mundo diz que o amor nos cega mas, eu o amava tanto! E tudo que ele me dizia, estar ali comigo, amando um filho que acreditava ser de outra pessoa, eu era muito sortuda.
Qualquer um sabe que nós nunca nos deixaríamos. Eu podia rodar o mundo e ter o homem que eu quisesse, mas ninguém se compara a ele. Ninguém tem o que ele tem, ninguém me faz sentir como ele faz.
-Para sempre. – ele respondeu.
Nós voltamos para a casa do Lago, chegamos um pouco tarde. Maggie e as crianças já haviam dormido, Maggie no sofá junto de Nate e Hannah no chão em cima do tapete e suas bonecas. Jared e eu rimos.
-Bom, acho melhor acorda-la. – ele falou acordando-a e dizendo para ir descansar em seu quarto.
-Jared, você pega a Hannah, por favor? – falei pegando Nate que resmungou um pouco mas não acordou. Levamos os dois para o quarto e os deitamos, continuaram dormindo, ao menos dormindo pareciam dois anjinhos.
Logo fomos para o nosso quarto, e assim que fechei a porta ele me agarrou novamente.
-Você é realmente incontrolável. – falei rindo em seus braços, ele me beijou novamente.
-Perto de você, desconheço a palavra controle. Você é irresistível.
E aquela noite foi uma das mais maravilhosas, após termos nos amado novamente fiquei deitada com a cabeça no peito dele, ouvindo seu coração bater e sua pele quente contra minha. Ele acariciando meu cabelo.
-Isso parece um sonho. – resmunguei.
-Uh? – perguntou, já estava sonolento.
-Nada, estou pensando e voz alta. – respondi.
-Concordo com você, parece um sonho. – respondeu, eu sorri. Ele era inteligente demais. E assim pegamos os dois no sono. Durante a noite sonhei com olhos azuis, cabelos castanhos e me senti a pessoa mais feliz do mundo.
No domingo fomos embora cedo pela manhã, mas chegamos na Califórnia quase no final da tarde. No caminho todo eu fui pensando no que aconteceu naquele fim de semana. Tipo, nós voltamos! Estamos juntos. Mas como seria dali em diante? Eu estava me enfiando num buraco sem saber como eu iria sair dali.
Léo havia me mandando umas mensagens e me ligado assim que eu cheguei, falei que queria conversar algo sério com ele no dia seguinte e pelo tom de minha voz eu sabia que ele já havia entendido do que se tratava. Mas eu precisava ser honesta com ele. Na segunda de manhã fui para a agencia, havia muita coisa para fazer pois Marina ainda estava em casa por conta de Henry que ainda era muito novo para ficar sem a mãe, as vezes ela aparecia na agencia com ele para me ajudar mas eu preferia que ela aproveitasse o tempo com o filho, Lizzy e eu nos virávamos muito bem.
-Mag é melhor você se preparar! – Lizzy me parou na recepção me assustando.
-Como assim? – perguntei, ela jogou o cabelo castanho para trás e olhou em volta. – Léo está aí, quer falar com você, ele está um pouco esquisito. Entrou perguntando sobre você e depois logo subiu para o seu escritório.
Suspirei. Que merda.
-Tá eu vou lá falar com ele. – falei mas ela continuou olhando para mim.
-O que aconteceu? – perguntou desconfiada. Eu sorri.
-Nada – tentei disfarçar, ela semicerrou os olhos e fez um biquinho.
-Eu conheço você, Margot Robbie. É Jared, não é? – eu apenas sorri mais ainda, ela riu junto comigo.
-Vocês não prestam, eu sempre disse que todas aquelas brigas era fogo de palha. – respondeu. – Estão juntos de novo?
-Eu espero que sim. – falei. – você sabia que ele tinha ido no aeroporto?
-Claro que eu sabia, todo mundo sabia. – respondeu.
-E não me contaram porquê? – falei um pouco irritada.
-Porque não valia a pena Margot, você iria pegar o primeiro voo de volta ai vocês iriam brigar, terminar e brigar novamente. Vocês precisavam desse tempo longe. – ela falou, eu tive que concordar com ela mas teria sido legal saber que ele foi atrás de mim.
-Tá, agora eu vou ir falar com Léo para dar fim logo nisso. – falei – me deseje sorte – e ela deu risada.
Pelo elevador eu já estava pensando no que eu iria dizer, mas não tinha ideia na verdade do que falaria ou como falaria, Deus, era um saco tudo isso. Abri a porta e ele estava lá sentado mexendo no celular.
-Ah, finalmente! – falou alegre logo se levantando e vindo até mim me tirando um beijo que eu cortei mas ele fingiu não perceber.
-Está aqui ah muito tempo? – perguntei. Ele juntou as sobrancelhas.
-Acho que ah uma hora mais ou menos, mas não tem problema eu queria conversar com você algo muito importante. – falou rapidamente, ele estava estranho. Um pouco alegre, um pouco ansioso, andando de um lado para a outro e falando mais do que o normal. Eu até comecei a ficar com um pouco de medo.
-É, eu também queria. – falei colocando minha bolsa sobre minha mesa e pensando em como começar a falar – é algo um pouco complicado... Mas acho que você vai entender.
Ele parou de falar e me olhou.
-É... eu não sei como dizer isso. – falei rindo um pouco nervosa.
-Nem eu sei, Margot, acredite, nunca fiz isso antes então eu fico um pouco nervoso, sentindo minhas mãos suarem frio...
Do que ele estava falando? Ah, Deus! Não. Abri a boca e me aproximei dele.
-Léo... – me aproximei dele tentando evitar que ele falasse aquilo.
-Não, Margot, eu preciso falar, preciso falar agora porque senão eu perco a coragem... Você... Você é uma mulher linda, maravilhosa.... – Eu acho que nunca o vi tão nervoso e fora de si, e senti cheiro de Whisky, ele bebeu? – você é incrível, forte, decidida, dedicada, eu nem acredito que tenho você como namorada.
-Léo... – tentei impedi-lo mas ele continuava falando sem parar sem me ouvir direito.
-Quando eu vi você a primeira vez, eu pensei comigo mesmo como poderia existir criatura mais linda nessa terra. Então eu preciso fazer isso agora.
-Não... – falei mas ele puxou minhas duas mãos segurando-as firmes, e se ajoelhou na minha frente. Senti meu coração disparado, não de alegria, nem felicidade, mas porque eu não queria ter que fazer ele passar por aquilo mas ele não me escutava, não me deixava falar e apertava minhas mãos com tanta força que achei que fosse quebrar meus dedos. Fechei os olhos por um segundo e balancei a cabeça.
-Margot Elizabeth Robbie, você é a pessoa mais linda que eu conheço. Quer se casar comigo?
Eu fiquei calada, olhando para ele séria por um minuto aproximadamente e engoli em seco. De certa forma agradeci aos céus por estarmos só nós dois ali. Ele ainda estava me olhando sorrindo, esperançoso. Engoli sem seco novamente e segurando suas mãos o fiz que se levantasse. Então sua expressão foi mudando.
-Léo, Jared e eu estamos junto novamente. – falei antes que perdesse a coragem, ele deixou o semblante cair quebrando meu coração.
-Eu não entendi.... Você está comigo. – falou segurando meus ombros.
-Não, Léo. Eu vim terminar com você, por isso pedi para que me encontrasse hoje, Jared é quem eu amo é com ele que devo ficar.
Eu vi seus olhos se acenderem de raiva tomando o lugar de todo aquele brilho esperançoso e alegre que estavam ali minutos antes, ele apertou mais meus ombros me machucando um pouco.
-Margot, você não vai ficar com Jared, você tem que ficar comigo! Eu sei que eu me descontrolei um pouco, é por causa disso, não é? Eu sei! Cometi um erro mas eu prometo nunca mais te machucar – falou com mais firmeza desesperado – você me ama, eu sei. Sei que fica confusa quando ele aparece, porque ele manipula você, ele é o pai dos seus filhos e você acha que deve isso a suas crianças, mas não deve Margot.
Ele praticamente gritou.
-Não é isso! – gritei ficando irritada com o que ele estava falando – Eu amo o Jared, e sempre vai ser o Jared. Não é só pelas crianças, é por mim também.
Então ele se afastou com a expressão enojada passando a mão no cabelo, eu sabia o quanto eu estava ferindo-o mas eu não podia viver num relacionamento em que eu não estava feliz, ou também enganando-o além dele ter me agredido. Precisava ser honesta e acabar com aquilo, tomar uma decisão na minha vida. Retomar as rédeas.
-Acabou, Léo. – falei.
-Não! Depois de tudo que eu fiz por você, não vai simplesmente dizer que acabou. – gritou tão alto que eu quase me assustei, se eu não tivesse ficado irada com o que ele disse. Sempre tinha essa mania de achar que fez algo por mim, que ter “aceitado” meu filho foi um ato de caridade. Mas era bom ele falar isso porque eu lembrava um dos motivos pelo qual eu nunca consegui amar ele.
-Olha onde você está! – falei – olha esse edifício! Eu sou a dona disso aqui! Tenho outro desse na Europa me deixando cada dia mais milionária, eu nunca precisei de você, Leonardo! Nunca! Acabou entre nós dois, eu nunca seria capaz de amar uma pessoa tão arrogante e egocêntrica quanto você é.
Seus lábios tremiam. Ele veio para cima de mim e parou bem na minha frente, jurei que ele fosse me agredir novamente..
-Você não vai viver em paz com ele – falou.
-Some daqui. – falei entredentes.
-Está fazendo uma péssima escolha. – respondeu – ele não te ama.
-A péssima escolha que fiz foi ter entrado naquele avião... vai embora. – ele segurou meu braço com força, mas eu não senti medo.
-E você não vai tirar o Nate de mim. – eu já estava a ponto de explodir, então logo virei minha mão sobre o rosto em um tapa forte que o fez se afastar.
-Se você tocar no Nate, inventar de fazer qualquer coisa – falei lembrando da vez que a minha filha havia sido sequestrada – eu juro por Deus, eu mato você! Eu mato qualquer um que chegar perto do meu filho.
Ele ficou uns segundos olhando diretamente para mim sem querer acreditar que eu falava sério.
-Agora vai embora daqui! Agora! Acabou entende isso!
Ele apertou a mandíbula e depois saiu batendo a porta do meu escritório com força. Tentei e achei que as coisas seriam mais fáceis de resolver mas todo homem que eu tentava um termino, acabava da pior forma possível. Eu sabia que não tinha acabado ali, ele ia preparar alguma coisa.

A acompanhante (CONCLUÍDA) حيث تعيش القصص. اكتشف الآن