Meu Primeiro Encontro com Você [✓]

Carter

DIA DOS NAMORADOS

8:30 PM

CARTER

Sabe quando você espera uma noite perfeita e ela se transforma em um caos? Aqueles típicos desastres de filmes adolescentes, em que o cara nerd é ignorado pela garota que passou o ano inteiro venerando. Essa era a minha noite, e justamente no dia dos namorados.

Sinceramente não sabia onde tinha errado, pois tinha seguido a cartilha de uma noite perfeita, que era: a garota linda, o restaurante caro, flores, velas e banho tomado.

Mas qual era o problema daquela noite? Não sabia como tínhamos chegado naquele ponto, nem me recordava mais se era uma pergunta que eu tinha feito ou ela simplesmente não conseguia parar de falar do seu ex-namorado.

— Ele é um babaca - resmungou, sugando algo que parecia escorrer de suas narinas.

Será que ela sempre foi assim? Comecei a me questionar, como não havia percebido que aquela garota linda, de cabelos cor de fogo e olhos escuros, perfume de rosas que sentava na minha frente nas aulas de Física era tão chata, tão resmungona e agora podia notar que ela tinha certa humanidade, pois tinha melecas, muitas melecas, como qualquer ser humano, e olha que meu irmão mais novo sabia ser nojento.

— Acredita que o imbecil teve a audácia de me ligar hoje de manhã e dizer que era um engano — esbravejou, engolindo o resto da água dentro do copo transparente a sua frente — Como você tem a coragem de ligar para uma pessoa que até semanas atrás você ligava todos os dias e dizer que é engano — ela bateu com força o copo na mesa — Qual é o problema de vocês homens Curter.

Curter?!

Perfeito! Ela não sabia nem meu nome.

Carter seu burro! Como não tinha percebido que foi fácil convidar a linda e bela Molly Pulman para sair? Justamente a garota mais popular do colégio. Foi só esperar a aula acabar, pois ela andava solitária e quieta nas últimas semanas e eu como um idiota acreditei que tinha chance, quando na verdade ela não estava nem ai para o mundo.

— É Carter — a corrigi, pois não queria acabar como naqueles filmes dos anos oitenta em que erram o nome do nerd, que se torna descolado e depois ele é obrigado a ir no cartório mudar de nome.

— Sim! Sim! — ela repetiu automaticamente, enquanto sua maquiagem começava a escorrer humilhantemente — Eu não acredito que ele fez isso comigo — seu tom começou a oscilar de raivoso para melancólico — Me abandonou no dia dos namorados — nesta última frase ela aumentou algumas oitavas.

Oh Terra! Me trague por favor! A encarrei, percebendo que ela estava igual a minha prima de cinco anos quando não dávamos o que ela queria.

Não não não ! Não chora!

Relaxei meu corpo na cadeira, em desistência, pois lá estavam mais lágrimas rolando como uma cachoeira por sua face, escorrendo o restante da maquiagem e estragando a sobremesa.

E infelizmente eu era o centro das atenções naquele minúsculo restaurante, perdido no meio da cidade, em uma rua pequena, com umas quarenta mesas divididas em duas fileiras, cada mesa somente com duas cadeiras e a desconfortável companhia dos outros casais praticamente encostados do seu lado.

E eu era a atração principal da noite.

Mas, como um cavaleiro, ainda na esperança de recuperar alguma dignidade daquela noite, busquei nos bolsos da minha jaqueta um lenço que sempre deixava esquecido.