sou só

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e quanto mais a insegurança bate, pra mais longe me joga
mais fundo me toca
e tento ser menos aquilo que me sufoca
quanto mais a confiança desfaz
mais me traz o que me retrai
mais imersa a mim eu fico
quanto mais quero extrair
pouco sai mas me faz expelir
aquilo que eu fujo de sentir
trago poesia ao meu descaso
me enlaço e me rasgo
e mais profunda me faço
só sou
o meu
escárnio
em harmonia com o espaço
buraco negro me pede e eu caso
pouco caso, muito ao tato
tudo pelo pudor dos fatos
neles me quebro e me refaço
como luz pura em cacos
como o mundo em pedaços
pasmos, fracos
como aquele que mentiu ao próprio retrato
sou só

e pactos
rimas mal feitas e um eu lírico raro
mas não raso
um tanto iludida, constato
mas realista por bom grado
idealista eu me contraio
pois pelo utópico não me atraio
mais negativa me acho
por ver verdades em olhos cansados
eu sou

eucaristia de ratos.

outrora penseiOnde histórias criam vida. Descubra agora