cronos

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Oi :)
Então, eu reescrevi essa história inteira e agora eu acredito que ela esteja bem melhor que antes. Quem já leu os capítulos iniciais, recomendo que leia novamente porque algumas (muitas) coisas mudaram. Quem nunca leu, bom, seja bem vindo(a) e eu espero que goste!

Att: novas mudanças feitas em 2022, podendo haver problemas com os comentários. Boa leitura!

***

Visionary Heads — ou Chefes Visionários — é uma curiosa série de trabalhos baseada em sonhos e visões. "Heim?", você pode perguntar. Veja, há muitos anos viveu o astrólogo e pintor John Varley. Ele acreditava plenamente na existência de espíritos, achava que eram partes do mundo espiritual astrológico. Quando conheceu William Blake, importante pintor da época, seu interesse apenas aumentou. E como não aumentaria? Blake, durante toda sua vida, teve visões. Pessoas mortas não eram tão distantes para si. Podia vê-las em sua frente, talvez até em sonhos. Os dois pintores tiveram diversos encontros nos quais pessoas famosas — e estamos falando de personalidades como Voltaire e Júlio César — foram representadas através da arte. Não era apenas um encontro de pessoas em carne e osso: eram encontros entre mais de um plano. O plano físico e o plano espiritual. 

Taehyung achava engraçado. Talvez fosse a fé que Varley punha em Blake. Algo assim, tão absurdo, tão escandaloso. Não é o que costumamos ouvir falar. Questionava quantas pessoas se agarraram à possibilidade do astrólogo estar certo. Independente disso, estava convencido de uma coisa: conseguia fazer algo um pouco semelhante. Bem, nunca precisou morrer para se encontrar com pessoas em outros planos, bastava que sonhasse.

"Visitar sonhos?", ele pensava. Na verdade, diria nunca haver visitado o sonho de ninguém. Talvez pudesse chamar de invasão. Afinal, sempre entrou sem ter a oportunidade de pedir licença. Não que isso ainda o incomodasse: ninguém iria culpá-lo por algo que ele não tinha escolha. Aliás, era tudo fruto da imaginação dos sonhadores. Certo?

Nunca soube o motivo pelo qual desde criança era direcionado ao sonho das mais diversas pessoas no mundo, e nunca contara isso para ninguém porque, muito provavelmente, apenas seria tachado de louco. Tinha suas muitas desvantagens, é claro. Uma delas, era que nunca pôde escolher o sonhador da vez. Visitara os das mais diversas pessoas, conhecidas e desconhecidas.

— Taehyung? — ouviu sua mãe gritar do andar de baixo.

— Sim? — respondeu.

— Você não vai descer? Está atrasado.

— Eu já estou indo.

Você bem deve imaginar que ele ainda não estava indo. Ficou sentado em sua cama calculando quais eram as possibilidades de dar tudo errado e aquele dia ser péssimo. Tinha medo de se decepcionar com seu curso e, mais uma vez, ter que largar a faculdade. Foi o que aconteceu em Daegu com seu curso de arquitetura. Sempre soube que a área não era pra ele, mas a pressão familiar o levou a tentar. Seu melhor amigo foi quem o aconselhou a fazer o que realmente queria, mas e se ele também se arrependesse em Seul? E se fotografia não fosse para ele?

Antes de se levantar para atender ao chamado de sua mãe, lembrou-se do sonho em que esteve aquela noite. Mesmo para os seus padrões, foi um sonho estranho. Não se lembrava de muita coisa, apenas de um relógio antigo pendurado na parede de uma sala de estar, e da imagem borrada de alguém. Isso não era comum de acontecer, e sabia. Não o fato de estar num sonho que não lhe pertencia, mas o de não lembrar-se de nada. Geralmente entrava em sonhos vívidos, onde não levava mais do que alguns segundos para identificar o sonhador original. Esteve duas vezes nos sonhos de Jimin e se lembrava de como fora engraçado escutar no dia seguinte o amigo balbuciar sobre o aspecto assustadoramente real de seus devaneios daquela noite. Mal sabia Jimin que Taehyung poderia narrar o sonho sem perder nenhum detalhe, do começo ao fim.

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