Lucas

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Jeff narrando:

      Encontrei registros sobre ela, vários. Eu não pensei que ela fosse tão problemática, reformatórios, psiquiatras, tentativas de suicídios, violência excessiva... Droga, Lua. Você escondeu bem, mas parece que eu ganhei nossa pequena guerra.

   "Isso realmente me assusta, uma criança de 6 anos ter causado isso e não sentir nenhum remorso, culpa ou tristeza. Ela matou seu irmãozinho, como não pode sentir nada?
  Lua diz que embora tenha sido um acidente, ela não sente remorso, culpa ou pena pelo irmão que foi morto. Lucas, cabelos negros, pele morena e olhos verdes. Morto por atropelamento de um caminhão.
  Lua voltava do parque com seu irmão, Lucas, mas no meio do caminho o sinal ficou verde, Lua afirma firmemente que não viu que não poderia atravessar e atravessou a rua correndo, como fazia na maioria das vezes, mas seu irmão ficou para trás. Lua diz que só notou quando já havia atravessado a rua, diz que viu seu irmão vivo poucos segundos antes do acidente. Segundos antes do caminhão destroçar totalmente o pobre garoto, Lua diz que não sentiu tristeza quando seu irmão morreu, mas também nega ter sentido alívio. Seus olhos estão vazios, não posso ver o que se passa na cabeça dessa criança, é como uma nuvem."

      Esse foi o depoimento de uma das testemunhas que por coincidência era policial. Lua tem medo de algo, não de lembrar de seu irmão, mas sim de sentir aquilo novamente. Aquele sentimento, ela perdeu alguém que amava, seu irmão mas não no acidente. Ela o perdeu antes disso, falta algo aqui. Muita coisa.
       Segui procurando pelos outros arquivos e encontrei algo que pode ser a resposta. Um pequeno diário azul, abro na última página.

    "
   
     Eu juro que você me paga... Lucas. Eu juro que não amo você mais, você me deixou lá, me deixou lá para me baterem e para gritarem comigo. Para eles me machucarem e tirarem o dinheiro do papai, eu espero que você morra. Seu pirralho mimado. Você fugiu, você escapou daquele inferno e disse para mamãe que eu estava morta, mas eu estou viva e aqui para acabar com você. Você deixou eles me matarem por dentro, é tudo culpa sua. Eu te odeio, odeio, odeio, ODEIO!"

   Um diário pequeno, escondido muito bem na gaveta e que pelo jeito os policiais  nunca se deram ao trabalho de abrir. As páginas estão um pouco manchadas em algo que antes foram lágrimas, lágrimas quentes e salgadas.
      Ora ora, parece que não é a primeira vez que você foi sequestrada, rata. Por isso resiste tanto, acha que vai conseguir fugir como da última vez. Sonhe, sonhe o mais alto que puder, porque assim será ainda melhor quando eu destruir todas suas esperanças para realizar esse sonho.

      Entrei no carro e comecei a dirigir de volta para o hospital enquanto lia o diário. Lua escrevia nele todo santo dia tudo que acontecia e como se sentia até seus 6 anos. E lá dizia como ela fugiu, fingindo que dormia enquanto os sequestradores mudavam ela de lugar. Uma criança desesperada por comida e cheia de ódio, podem imaginar o que ela fez. Foi a criança mais rápida e ágil que poderia ser, correu de todos eles e logo depois fugiu da cabana, que era na floresta. Correu por toda a floresta até a estrada e de lá até a cidade mais próxima. Que segundo aos policiais, era a 7km da cabana. Impressionante, principalmente depois de ter sido dada como morta pelo seu irmão mais novo. Ela sofreu choques e maus tratos por 3 semanas. O que faz sentido ela saber um pouco de como tudo vai funcionar.

      Quando chego no hospital, posso sentir o sangue pulsando por meu corpo, a ansiedade por ver seu rosto contorcido de dor pela tortura mental, de ter sido aberta por causa de um diário idiota da sua infância e de algumas fichas. Sinto cada vez mais vontade de ver seu rosto mostrando aquela expressão de mágoa, tristeza, dor e frustração.

      Ao chegar no meu quarto, ela está tentando se soltar das cordas.

      —Droga, parece que apertei essas cordas forte demais, seus braços estão ficando com marcas. —Falo enquanto solto as cordas. Ela tenta correr mas eu a seguro antes, fazendo-a cair no chão. Aparentemente ela desmaia, eu acreditaria se eu não tivesse acabado de ler um diário sobre esse truque. —Não tente fingir, eu já sei de absolutamente tudo, rata. Esse truque não vai funcionar comigo. —Jogo o diário em cima dela

     —Você não fez isso.. não pode ter feito isso. —Ela disse confusa. —Eu escondi ele, escondi muito bem para aqueles inúteis não acharem e acabarem descartando... O que você leu?

      —Tudo, desde seus dias mais felizes até Lucas, a última página. Uma garotinha patética, com ódio de tudo e todos que matou o irmão por ser tão mimada. —disse com tom de deboche, em vez de lágrimas em seus olhos, vejo fogo, raiva. O que acaba sendo muito melhor.

      —Cala boca, seu pedaço de lixo, não ouse achar algo sobre mim. —Ela disse se levantando e jogando o diário em minha direção. Facilmente desvio.

       —Eu sei tudo sobre você, tudo sobre como você se tornou isso. Sendo sempre a sombra dele simplesmente por ele ser o garotinho da mamãe e o herói do seu pai. Eles o achavam melhor do que você, não haveria como discordar, uma criança saudável, bonita, alegre e incrivelmente burra perto de você. você era a sombra dele, sempre a última a ser notada, a ser elogiada, o fogo que queimava em seu peito foi bem descrito. O ódio que a sua mãe sentiu de você durou muitos anos, o de seu pai nunca existiu. Mas sua mãe era alguém complicada e que nunca desejou uma menina, demorou tempo o suficiente para notar que deveria amar sua garotinha indesejada que se tornou uma criança fria, inteligente e violenta a cada dia que passava. Seu pai era cego, nunca notou sua infelicidade. Eles só tinham olhos para ele, o perfeitinho que era o centro dos holofotes, a criança mais amada pela sua família e pela sua escola. A pobre Lua, sempre sendo oprimida e humilhada por todos... —continuo com meu deboche

      —Para... Por favor, eu não quero lembrar disso... —Ela disse enquanto lágrimas escorriam sem parar de seu rosto —Meu peito dói, não consigo respirar —Ela caiu de joelhos respirando ofegante e começando a tremer —Ele... Ele sempre foi o favorito... Ele não merecia isso, eu merecia, ele era só mais uma criança burra e chata, eu precisava daquela atenção e daquele amor, mas ninguém nunca notou... Mas ele, ele sempre me humilhou. Jogava na minha cara que era mais amado do que eu... Até o dia que eu PROVEI que EU era a melhor e que eles tiveram que lidar com o seu mundinho sem o príncipe encantado. Mas não foi suficiente, as coisas não mudaram, era como se a presença dele continuasse viva no peito deles. —Seus punhos estavam fechados, apertando cada vez mais sua mão, que começava a sangrar. —Ele nunca mereceu aquilo, eu merecia, eu rezei para Deus, mas ele nunca ajudou. Então eu me ajudei, eu fiz o que eu precisei para mostrar para ele que eu sempre fui a melhor. Ele fugiu porque eu fiz o plano para nós dois sairmos mas não, ele me deixou para trás. Então, eu dei meu jeito. —Lua respirava ofegante e caiu deitada tremendo no chão, ela ficou pior do que eu imaginei —Por favor... Já chega... Eu não aguento mais isso.  

      —Sabe o que tem que fazer.

      —Nunca.

      —Então nunca vou parar.

      —Eu te odeio! —Ela gritou enquanto se levantava para me dar um soco, mas seu corpo não para de tremer e isso a deixou lenta e previsível. —Você é um lixo! —Ela disse tentando mais e mais socos

      —Eu não sou um lixo, rata. Eu sou um monstro, aprenda isso. — Digo segurando seu braço e o torcendo. —Renda-se logo, sabemos que isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde

     —Nunca! N-U-N-C-A!

     —Lembre que essa foi a sua escolha. —Derrubei lua no chão e comecei a chutar sua barriga até ela tossir sangue sem parar. Puxei ela pelo braço, a arrastando pelo chão, até uma das salas de tortura desse hospital. Será terapia de choque dessa vez, ela já está quase chegando na beira do penhasco, assim que ela chegar, ela vai ter que pular.

      —Não... Me solta —Ela disse enquanto ainda tossia um pouco. Seus olhos implorando por um pouco de misericórdia, sua boca e seu queixo sujos de sangue, sua expressão de cansaço e dor. Ela realmente foi uma boa escolha.

      Assim que eu comecei, senti o poder que eu tive sobre ela naquele momento, amarrada na cama, recebendo choques na cabeça, enfraquecendo cada vez mais. Seu corpo dava pulos por causa do choque, seus olhos demonstravam o quão cansada e que ela não aguentaria muito mais disso.

Dance With Devil -Jeff The killerWhere stories live. Discover now