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Quase não consegui dormir naquela noite.

Acordei com ar de ansiedade. Meu coração palpitava irrequieto. Olhei a hora e vi que ainda eram oito horas da manhã, entretanto eu não estava mais conseguindo dormir de jeito algum. O pensamento em preparar o meu vídeo o quanto antes para postar, prevalecia em minha cabeça e atacava todos os meus outros sentidos de cheio, me inquietando de forma brutal, que não conseguia mais acalmar minha mente.

Levantei da cama quase que num salto. Nem sequer arrumei a cama, apenas corri para pegar o meu notebook em cima da cômoda do meu quarto e o liguei, sentindo meu coração ávido batendo freneticamente. Estava cada vez mais ansioso por começar a editar aquele vídeo, e mais ansioso ainda para postá-lo. Era em tudo o que eu conseguia pensar enquanto o processador do notebook iniciava.

Assim que o computador ligou, não perco tempo para começar finalmente a editar. Como já havia passado no final da noite anterior o vídeo para o computador pelo cabo USB, só tinha realmente que começar a editar. Já que eu era perfeccionista, quanto antes começasse mais probabilidade eu tinha de terminar aquele processo naquele mesmo dia e postá-lo. Cliquei no vídeo que abriu logo em seguida e vi que tinha dado quase vinte minutos. Eu cortaria algumas coisas desnecessárias para o vídeo e acrescentaria algumas para não deixar o vídeo tão monótono, como alguns efeitos sonoros e recortes que encaixassem-se no contexto momentâneo.

Dava realmente muito trabalho ser um YouTuber. Muita gente adere à essa vida porque acha que é uma forma mais fácil de ganhar dinheiro, porém estão equivocadamente erradas. Dava muito trabalho para quem era um criador de conteúdos na web. Para quem apenas assistia aos vídeos que duravam poucos minutos, não tinham a noção de como tudo aquilo era tão trabalhoso, porém, para um YouTuber, nada vale mais à pena. Quando se tem aquela sensação de trabalho feito e de retorno positivo, nada mais traz tanta paz.

Vi que não tinha comido depois de um tempo. Vi que eram nove e meia no relógio do notebook e resolvi tomar finalmente o meu café da manhã. Dei uma leve pausa e fui em busca de algo para comer que não demandasse preparo, queria algo mais prático, que fosse apenas rasgar a embalagem e consumir sem impedimentos.

Vasculhei no armário alguma coisa pronta para comer e remexendo ali, achei um biscoito recheado perdido por debaixo de pacotes de macarrões parafusos, que não sabia porque Andrew havia comprado se aquele tipo de macarrão pedia um preparo especial e nem eu e nem ele cozinhávamos ali, Andrew por falta de tempo, e eu por falta de habilidade na cozinha. Eu não cozinhava mal, mas fazia apenas o básico. O suficiente para não passar fome caso tivesse de me virar sozinho.

Voltei para o quarto comendo o biscoito recheado e sentando novamente na frente do computador para editar mais um pouco do vídeo. Tinha editado apenas um minuto e meio só naquele meio tempo. Isso tudo, porque a cada segundo que eu editava, olhava para ver se estava no ponto. Por isso dizia que era perfeccionista. De fato eu era. Aquilo chegava até a me incomodar um pouco em mim em certas ocasiões, mas algo de positivo tinha naquilo, que era o fato das coisas saírem perfeitas dependendo de mim.

Passei boa parte do meu dia na frente daquele computador editando o meu vídeo. Já até havia saído do meu quarto e estava na sala na sala na mesa de computador. Colocara meu notebook para carregar enquanto eu continuava arduamente trabalhando naquela edição. Mesmo sentado naquela cadeira macia, sentia minhas costas doídas pelo fato de eu ter ficado curvado por algum tempo despercebidamente, porém meu trabalho continuava peremptório.

Ouvi alguém chamar na porta. Fechei o notebook e corri para atender. Ao abrir a porta, vi que se tratava de Jennifer, minha melhor amiga ali em São Paulo. Ela me deu um abraço apertado e soltamos beijinhos no ar um para o outro. A chamei para entrar e ela assim fez, enquanto eu fechava a porta novamente e ia logo atrás dela.

"The ᴮᵒʸB̶e̶s̶t̶friends"Onde histórias criam vida. Descubra agora