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A recepção foi inesperada.

Muitos dos inscritos não se desinscreveram do canal, pelo contrário, vi muitas palavras de apoio quanto à mim. Muitos até fizeram várias comparações daquilo com filmes clichês bem conhecidos. No meu Instagram tinham mais gente que me apoiavam também depois do meu desabafo. Por um lado eu estava completamente feliz com aquilo, mas por outro lado continuava tão machucado quanto antes com as feridas que aquela situação toda me causara.

Jennifer estava preparando nosso lanchinho da tarde. Fazendo torradas com café enquanto eu a ajudava. Colocamos presunto dentro dos pães para deixar ainda mais saboroso. Agora eu estava tirando as torradas já prontas da torradeira.

― Eu te disse que me encontrei com Andrew ontem? ― pergunta Jennifer.

― Não! ― respondo. ― Você não disse que eu estava aqui né?

― Não. Eu não disse. Sabia que você não ia querer que eu falasse para ele do seu paradeiro.

― Ah, ainda bem. Eu não queria mesmo ver ele depois de tudo o que aconteceu.

A campainha tocou.

― Quem será? ― indaga Jennifer curiosa.

― Eu não faço a mínima ideia!

Jennifer largou tudo e foi até a porta para ver quem era. A cozinha dela era no estilo americana, então eu podia ver bem ela indo até a porta para saber quem era. Assim que ela abriu a porta, tomei um susto ao ver o rosto de Andrew. Fiquei totalmente paralisafo.

― Cadê o Max? ― pergunta ele.

Jennifer olha para trás esperando que eu mesmo pudesse responder àquela pergunta já que Andrew já tinha me visto na cozinha.

― Diga à ele que eu morri de gripe suína! ― respondo com sarcasmo sentindo uma onda de ódio me invadir.

― Qual é Max, podemos conversar? ― gritou ele da onde estava.

― Não quero conversar com você. Jennifer expulsa ele.

― Eu não vou fazer isso Max.

― Qual é, a casa é sua!

― Eu sinto muito Max, mas não posso me meter nisso. Vocês tem que se resolverem sozinhos. Agora você vai decidir se expulsa ele ou não daqui.

Jennifer empurra Andrew para dentro do apartamento e em seguida sai, batendo a porta, deixando Andrew e eu sozinhos, frente a frente.

― O que você quer aqui Andrew? ― falei o mais ríspido que consegui.

― Eu quero falar com você!

―Olha que engraçado, porque eu não quero e acho que uma conversa precisa de duas pessoas não é mesmo?

― Quer parar de ser sarcástico e me escutar?

― Não! ― falo cruzando os braços.

― Mas vou falar assim mesmo.

Tiro a última torrada da torradeira sem encará-lo.

― Eu não voltei com o Antônio.

Elevei meu olhar para ele.

― E eu com isso?

Pude ver que Andrew respirou fundo. Às vezes eu com raiva era a pior coisa que poderiam ter.

― Eu não podia voltar com ele depois de tudo o que a gente viveu Max.

― Não quero que se obrigue a ficar comigo só pelo que vivemos Andrew.

― E não estou fazendo isso de maneira alguma Max. Antônio e eu não temos nada a ver. Eu sei que sofri por ele muito tempo, mas não podíamos mais ficar juntos. Por muito tempo eu gostei do Antônio e a oportunidade de mostrar para ele que estava bem sem ele não era porque eu gostava dele e mais por uma vingança. Eu não voltaria mais para ele mesmo que ele me pedisse de joelhos e isso aconteceu, mas eu recusei porque estava apaixonado por outra pessoa.

No momento em que ele falou aquilo baixei a guarda no mesmo instante e o ódio todo que eu estava sentindo se esvaiu em questão de segundos como uma adrenalina louca que salta para fora do nosso corpo. Senti uma estabilização em meus sentimentos.

― Max, a pessoa na verdade que eu nunca superei foi você. Durante muito tempo na minha vida, foi você que eu amei em segredo.

― Então aquela história no dia que estávamos fechando o contrato e todas as ideias não foi você que inventou, aquela história era real. O fato de que um declarou para o outro que se amavam desde muito tempo.

― Sim Max. Era o que eu queria que acontecesse. Aquele era o meu clichê.

― Você basicamente inventou uma fanfic nossa.

― É! ― concordou Andrew meneando a cabeça e as mãos. ― Mas a questão é Max, enquanto eu te amava em silêncio, você sofria por aquele tal de Ricardinho. Eu não queria te perder de jeito nenhum nem queria que a nossa amizade ficasse estranha, então eu me calei para sermos apenas amigos.

Meu coração estava acelerado e eu não sabia mais o que dizer.

― Max, ficar com você foi a melhor coisa que me aconteceu. Eu não quero te perder. Eu preciso de você na minha vida nem que seja como um amigo, porque eu te amo demais para ficar longe de você. Só por favor fica na minha vida.

Eu sabia que não precisava de mais nada para simplesmente beijá-lo naquele momento e foi o que eu fiz. Corri até ele e o beijei profundamente, como se aquele fosse o nosso primeiro e último beijo. Depois de ouvir tudo o que eu tinha acabado de ouvir sair da boca de Andrew, me remetia àquela ação que acabara de executar. Enquanto nos beijávamos, ouvi uma comemoração vinda do corredor, então soube exatamente o que estava acontecendo ali.

― Jennifer sabemos que você está aí! ― falei alto ainda abraçado com Andrew.

A porta abriu e ela entrou com um sorriso aberto.

― Estava nos espionando? ― questionei me afastando um pouco de Andrew.

― Espionar é uma palavra muito forte não acha? ― comentou ela. ― Eu só fiquei ali por garantia e pura preocupação com o meu amigo.

Andrew e eu rimos.

― O que acha de voltarmos a dividir o apartamento de novo? ― perguntou Andrew.

― Não acha que é muito cedo para irmos morar juntos? ― disse em forma de piada. ― Mas olha, como sou uma princesa da Disney, vou fazer essa loucura com certeza.

Todos rimos juntos, então eu fui até o quarto para pegar a minha mala para voltar para o meu apartamento antigo. Andrew me ajudou a fechar a mala, então fui do mesmo jeito que estava. Jennifer foi conosco até lá embaixo. Andrew pediu um Uber pelo aplicativo dele e ficamos esperando chegar.

― Jennifer, de verdade, obrigado por me acolher na sua casa! ― agradeci à ela lhe dando um forte abraço.

― Qual é Max, amigos são para essas coisas.

O Uber chegou, então Andrew e eu colocamos a minha mala no porta-malas do carro e logo em seguida entramos. Pela janela acenei para Jennifer que devolveu o gesto.

― Manda um beijo para o Geovani! ― gritei por fim e o carro finalmente saiu.

Enquanto o carro estava em movimento, Andrew pegou a minha mão, o que me fez olhar para ele. Ele deu um sorriso para mim e eu devolvi. Não nos beijamos, mas ficamos ali juntinhos. Pousei minha cabeça sobre o seu ombro e seguimos de volta para o nosso aconchego.

"The ᴮᵒʸB̶e̶s̶t̶friends"Onde histórias criam vida. Descubra agora