Conhecendo o coelho falante, mas...

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O clima pesou por brevíssimos milésimos de segundos. Até Draco Malfoy torcer os lábios num sorriso enviesado e largar a bomba em forma de palavras:

— Oi. Somos dois bruxos e viemos dizer que o seu namorado está grávido.

O silêncio que se seguiu foi pior que a explosão de uma ogiva nuclear. Ou de um Avada Kedavra bem no meio dos olhos, segundo a modesta opinião de Harry Potter.

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Uruha aspirou ar com um chiado e, aproveitando que ainda tinha a maçaneta na mão, puxou a porta com força, fechando-a com um estrondo. Num movimento fluente correu a tranca duas vezes.

— Kai, sinto muito eu... Te ligo depois! – cortou a ligação com urgência.

— Kou... – Aoi estranhou aquilo tanto quanto o namorado, sem poder entender o que dois gringos desconhecidos faziam no seu apartamento àquela hora da manhã, dizendo disparates como se estivessem drogados.

— Vou ligar para a polícia, Yuu.

Os dedos ágeis do guitarrista já digitavam os números sabidos de cor. Porém nem o primeiro toque soou e os japoneses viram, horrorizados, a porta do apartamento praticamente voar para fora, como se uma potente e silenciosa explosão a destruísse.

— Mas que... – Aoi exclamou andando desengonçado para trás. Uruha levou um susto tão grande que ficou paralisado no lugar, apenas vendo enquanto os estrangeiros invadiam calmamente a residência.

Mobiliarcel! – o homem de olhos cinzentos falou, apontando uma espécie de varinha para Kouyou. Pareceu que algo puxou o celular das mãos do japonês, arremessando-o longe. Com uma nova palavra o aparelhinho explodiu em vários pedaços – Reducto!

Foi a vez de Takashima arrastar os pés pelo chão, afastando-se o máximo possível dos invasores até ficar ao lado do outro guitarrista, ambos assustados com todas aquelas demonstrações.

Apesar dos gestos aparentemente agressivos, o loiro cruzou os braços e olhou para o rapaz de óculos que o acompanhava. Como se obedecesse a um comando silencioso, o homem apontou outra varinha para os cacos do que fora a porta e falou em voz clara e firme:

Reparo! — como se fossem movidos por magia os pedaços de madeira flutuaram e foram se unindo no ar até que a porta se reconstituísse e ficasse perfeita, fechando-se e trancando-se sozinha, isolando os quatro dentro do apartamento.

O silêncio caiu na sala com todo seu peso esmagador. Por alguns segundos houve apenas a troca de olhares entre os japoneses e os estrangeiros. Até que o moreno mais alto dos quatro sorriu tranqüilizador e se apresentou:

— Meu nome é Potter, Harry Potter. E esse é Draco Malfoy. Temos algo muito importante para falar com vocês...

— Podem levar qualquer coisa! – Aoi cortou a frase – Mas não nos machuque...

O guitarrista achou que talvez se tratasse de um assalto ousado. Não se importava de ter os pertences e dinheiro roubados, desde que seu namorado não se ferisse no processo. Ele não permitiria que encostassem um dedo em Kouyou.

Uruha engoliu em seco e não disse nada. Nunca pensou que teria de passar por algo assim, enfrentar ladrões dentro do lugar que deveria ser o mais seguro para eles.

— Aff... – o loiro chamado Malfoy rolou os olhos – Não queremos nada disso!

— Mas vamos levar ele. – Potter sorria ao apontar Shiroyama.

— Não! – num arroubo de coragem Kouyou entrou na frente do namorado. Teve um insight e achou compreender a situação: aquilo era um seqüestro! De alguma forma descobriram onde os GazettE moravam e vinham para raptar Yuu. Talvez o levassem para um cativeiro horrível, onde o moreno ficaria preso, sem comida e passando frio até que a banda aceitasse pagar um resgate milionário. Calafrios de medo arrepiaram cada pelinho do guitarrista loiro. O simples pensamento de Aoi sofrendo lhe dava uma injeção de adrenalina capaz de fazê-lo desafiar qualquer criminoso.

ChizuruOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz