Capítulo 1 - Uma ótima notícia para começar o dia

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PIPIPI PIPIPI PIPIPI

Abri os olhos com dificuldade e desliguei o despertador. Voltei a deitar e encarei o teto.

Acordar está ficando cada vez mais difícil. Não acho que seja pelo sono. É mais pelo desânimo. Saber que o dia começou e que ainda vai demorar muito pro mesmo acabar.

Tirando isso, é o sono.

Mas hey, não posso simplesmente fugir das minhas obrigações do dia. Odeio rotina mas sou um cara de compromisso.

Com um profundo suspiro me levantei depressa e ainda com tamanho desânimo me vesti. Odeio meu humor de manhã, é tão... negativo. Decidi lavar meu rosto, algo que não fasso normalmente de manhã, principalmente num clima frio como o de ultimamente. 

Depois de fazê-lo,  me encaro no espelho, com os olhos ainda meio fechados.

- Você, meu rapaz, é um baita de um idiota.

Saí do banheiro e fui à sala, onde consegui ver Ellie na cozinha, fazendo café e lendo algo. 

O sol entrava na sala, com feixes de luz vindo da sacada. Conseguia ver o céu de tons claros com nuvens preguiçosas que pareciam se misturar ao azul. Estava frio, mas pelo menos o céu estava alegre. 

Ao me aproximar de Ellie, observei seu interesse pelo livro, o que me chamou atenção.

- O que você está lendo?

Ela virou os olhos para mim. Achava impressionante como ela acordava bonita. Sem os olhos fechados, cara amassada.

- "História da Psicologia Moderna" livro da faculdade.

Virei os olhos à estante e peguei uma caixa de cereais.

- Olha Ellie, me pergunto por que que você foi fazer psicologia.

Ela tirou a caixa de cereais da minha mão, me fazendo olhar em seus olhos.

- Psicologia é importante pra sociedade, Ed. Todo mundo deveria ir ao psicólogo. Faz bem, como filosofia.

- Se isso é chantagem pra eu ir pro psicólogo, não conseguiu. Agora, pode me devolver meu cereal?

- Não era chantagem! E você não vai comer essas pedras de açúcar.

Ela pegou um caixa de cereais integrais e encheu minha tijela. Fiquei encarando minha tijela, indignado.

- Que absurdo.

Ela apenas riu e se pos a colocar café em sua xícara. Com a mão tremendo, levantou a garrafa térmica, com tamanha dificuldade. 

Como um bom irmão, tirei a garrafa de suas mãos e enchi sua xícara por ela. Afinal, aquilo era minha culpa.

- Você sabe que não pode forçar sua mão - alertei.

Ela tentou um sorriso forçado.

- Bem, podemos dizer que eu estou treinando a musculatura. Você pode me deixar tentar.

- Não tem graça, Ellie. Isso é o mínimo que tenho que fazer. 

- Ora, Ed. Não precisa ficar fazendo as coisas por mim.

- Eu posso encher uma xícara, mas não fazer tu conseguir desenhar de novo. Então me deixe fazer essas coisas, por favor.

Ela apenas suspirou e assentiu.

Poucos minutos de passaram e nós dois estávamos na mesa, tomando café. Ela não tirou os olhos do livro até a hora que fui me levantar.

- Hey Ed, nós temos que conversar.

Ok Ed, você não fez nada de errado, certo? Não, é claro que não. Sou um garoto do bem, só um pouco vagabundo. Ah meu Deus, ela descobriu que tirei D- em Inglês. Ou foi em Ciências? Ou nos dois? Ah cara, eu não deveria ter escondido minhas notas.

- Ellie, eu juro que vou recuperar minhas notas.

- O que? Ed, não é nada disso.

- Ah. Então beleza. Qual foi?

Ela olhou pra mim e depois pra cadeira. Ok, um convite para me sentar. Me sentei na cadeira, um tanto que desconfortável. Ela ficou me encarando por alguns segundos, relutante consigo mesma. Parecia estar procurando alguma forma de contar que alguém morreu. 

- Ed... Nós temos três meses de aluguel atrasado. Se eu não conseguir pagar até o final do mês, vamos ser expulsos, e isso só não vai acontecer por milagre. E... se eu não consigo te manter...

- Vá parando por aí, por favor. Antes de se render, olha as alternativas. Eu posso... arranjar um emprego.

- Mas você só tem doze anos! Olha Ed, eu sei que parece difícil, mas vai ser só por alguns meses, até eu conseguir me estabilizar nesse novo emprego e...

- Não! Eu não vou ficar longe de ti! Eu posso fazer hora extra, vender bolos, limpar garagens! Eu não vou ficar distante de você, Ellie! Porque se eu não tenho você... - Senti lágrimas se formarem em meus olhos. Engoli o choro e me dirigi ao meu quarto.

- Edward!

Ignorei-a. Peguei minha mochila e minha jaqueta jeans. Quando estava já na porta, ela correu até mim e me segurou em meu braço. Olhei para seu braço, a força que ela tentava fazer e que não conseguia. Aquilo me corroia por dentro. 

- Ed...

Soltei meu braço de sua mão e a olhei nos olhos.

- Eu vou dar um jeito.

Bati a porta e fui em direção às escadas do prédio.



Edward Gimle e os Semideuses OlimpianosWhere stories live. Discover now