Capítulo 4 - O Presídio de Téura - Parte 2

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     "Caro Senhor Ulisses, os filhos de Dáriu e Anna continuam vivos. Apareceram aqui em Téura, mas Rúbio mandou prendê-los ao invés de matá-los. Não sei o que ele pretende."

     Ulisses jogou o pequeno pedaço de papel em sua mesa e se levantou num pulo e ficou parado em frente à janela. Da sua janela sua vista se perdia com a imensa cidade em volta do castelo, mas nesse momento ele não estava olhando nada em específico.

     "O que Rúbio pretende? É inadmissível que ele deixe dois magins sobreviverem. Depois de tudo que passamos..." — pensava ele, com os punhos serrados sobre a janela e a testa franzida.

     Ulisses pegou novamente o papel e se aproximou de uma tocha que havia no canto da sala e colocou o papel sobre o fogo e esperou que o queimasse completamente. Ele caminhou em direção à porta e saiu rapidamente. Sua sala ficava numa das torres mais altas do castelo e havia apenas aquela sala ali naquele andar. Ele desceu as escadas de mármore com os corrimãos feitos de ouro esculpido em vários formatos até chegar em uma porta que dava acesso ao corredor onde ficava seus aposentos. Era um corredor imenso com um belo e macio tapete azul e dourado. Ao redor, as paredes eram muito brancas e lisas e haviam vários quadros emoldurados com ouro.

     Ao chegar em seu quarto, Ulisses retirou sua roupa e vestiu uma calça e uma camisa simples e colocou um sobretudo com capuz por cima. Separou algumas outras vestimentas e colocou-as dentro de uma mochila. Ele colocou o capuz em sua cabeça, jogou a mochila em suas costas, saiu rapidamente de seu quarto e seguiu pelo corredor até chegar próximo de uma das escadas que conectavam o terceiro andar com a escadaria principal do castelo, no segundo andar, onde desceu correndo.

     Aquela parte do castelo era muito bem iluminada devido às grandes portas que se mantinham abertas durante o dia. Era um local bem majestoso. Várias colunas esculpidas, quadros gigantes, tapetes por toda escadaria. Mas o que mais chamava atenção eram todos os detalhem em ouro nas mobilhas, tochas, colunas, corrimões e principalmente no teto, que era todo esculpido em ouro.

     Ulisses desceu toda escada e se encaminhava para o interior do castelo, no piso principal, mas um dos guardas o parou.

     — Senhor Ulisses? Aconteceu alguma coisa? — perguntou um guarda bem corpulento ao notar a pressa em que Ulisses estava. O guarda também achou estranha aquelas vestimentas. — O senhor pretende sair?

     — Filipe... — Ulisses suspirou — Sim, eu irei partir em uma viagem. Só quero chegar ao estábulo para pegar algum cavalo.

     — Senhor, mas para onde vai? E por que está vestido assim?

     — Eu irei para o norte, Filipe. Não quero que ninguém me reconheça, por isso estou vestido assim. — Ulisses o encarou com fúria.

     — Me desculpe intrometer, meu senhor, mas é que você é o governante de Templar e de todo Séron. Não é aconselhável que saia por aí em uma viagem. Ainda não sabemos quantas pessoas estão contra ao atual governo da Ordem N e muito menos o que eles poderiam fazer caso te vissem por aí.

     — Filipe, você acha que não sei me cuidar? — Ulisses caiu na gargalhada. — Eu criei tudo isso e duvido que haja alguém, não pertencente à Ordem N, que possa fazer algo contra mim. Eu só não quero que saibam que estou saindo daqui agora. Peço que avisem a todos que fui para uma viagem na região Norte e que volto assim que terminar o que tenho que fazer.

Ulisses deu as costas para Filipe e começou a andar, mas parou por um momento, se virou para trás e chamou o guarda novamente.

— Filipe, já que está aqui, quero que me dê cobertura para chegar ao estábulo, na parte exterior do castelo e que despiste todos guardas pelo caminho até que eu consiga sair com o cavalo. Te recompensarei com moedas de ouro assim que chegar de viagem. — Filipe disse que o ajudaria e ambos caminharam pela parte inferior do castelo até chegar ao estábulo.

Séron: Olhos VermelhosWhere stories live. Discover now