Voyage à trois • {taeyoonseok}

05 | Aquele em que Taehyung finalmente ouve Lady Gaga

Taehyung era obrigado a escutar alguns poucos hits, mas majoritariamente as músicas de fossa dignas de cenas de drama de novelas de Hoseok e as bandas emo e pop punk de Yoongi; até agora, nada do que ele realmente gostava havia tocado.

Só o que queria era que seus namorados colocassem um hip-hop ou pop legal pra ouvirem, não aguentava mais ter de ouvir as músicas de todo mundo e não poder fazer absolutamente nada a respeito. Seu querido Hoseok tinha discutido com ele da última vez em que pedira por Lady Gaga — e tudo bem que ele estava estressado até demais na ocasião e que as coisas que andavam acontecendo na cabecinha de Hoseok não eram culpa dele, mas poxa! —, e não se atrevia a falar mais nada sobre o assunto desde então. Até porque, segundo as listas de tarefas bobas — e, ao mesmo tempo, fofas — de Yoongi, Hoseok era o encarregado supremo e vitalício de controlar o rádio e não seria tão cedo que alguém conseguiria convencê-lo do contrário — àquele ponto, já havia subido à cabeça.

Até o momento, a única música que havia gostado era o remix de Despacito e, sinceramente? Nem era tão bom. Na verdade, a participação do Justin Bieber tornava a música ainda mais intragável e sua única qualidade — ou defeito, no caso, porque era péssima — era que o pacito a pacito, suave suavecito grudava tanto na cabeça que se esquecer da existência daquela música era uma bênção.

Como de costume, Kim Taehyung estava esparramado como podia no banco de trás, pensando sobre várias coisas ao mesmo tempo porque sua mente nunca parava — e por consequência, nunca o deixava em paz —, enquanto olhava pela janela e via a serra passando. Aliás, se não fossem os contratempos — como congestionamentos e paradas obrigatórias, ou nem tanto; e longe, muito longe de Taehyung colocar o dele na reta —, já teriam chegado à praia.

Os alto-falantes ruins da pobre e odiada Abigail tocavam Joji, um artista que ele até que gostava bastante; contudo, definitivamente não era aquilo o que Taehyung queria ouvir no momento e pensar nessas coisas só o deixava mais ansioso. Algo que ele admirava, entretanto, em músicas como aquela era que a melancolia era tanta que chegava a contagiar. O ruivo apostava que, se tocassem aquilo numa festa de casamento, até mesmo a noiva mais feliz ficaria meio borocoxô — ele adorava essa palavra.

Yoongi, no volante como sempre, tinha os lábios crispados e os olhos tristes ainda mais caídos fixos na estrada ao som de SLOW DANCING IN THE DARK — e Taehyung não entendia como alguém podia colocar o nome de suas músicas inteiro em caixa alta, porque por mais triste que a música fosse, ele sempre lia o nome como se uma voz gritasse em sua cabeça.

Jung Hoseok, por sua vez, observava tudo o que se passava do outro lado da janela, os outros carros, a estrada e a própria paisagem como se estivesse dentro de um clipe. É claro que o mais novo também fazia aquele tipo de coisa, mas seu namorado levava tudo bem mais a sério. O vento que agitava os cabelos castanhos de Hoseok fazia com que suas mechas batessem revoltas no rosto bonito e o cenho franzido e a expressão de desalento só valorizavam ainda mais a cena; fosse atuação dele ou não. Hoseok parecia não querer perceber que aquela não era uma música animada o suficiente para alegrar uma viagem de carro e Yoongi parecia apenas não ligar, pois devia estar pensando em outras coisas — como a próxima parada, por exemplo. Taehyung sabia como ele próprio pareceria se dissesse alguma coisa: como o pentelho chato que, em geral, realmente era.

Então, não disse nada, até porque sabia de muito mais coisas além disso. Sabia que aquela compulsão momentânea por músicas tristes — sim, momentânea, pois o repertório de Hoseok ia muito além daquilo — era consequência do fato de que havia algo errado com seu Hoseok. E sabia, também, que assim como Yoongi costumava fazer, ele não ia contar nada para não preocupá-los. A verdade era que seus dois namorados eram muito bobos quando se tratava de seus problemas pessoais — principalmente, sobre compartilhá-los. Então não adiantava pressionar. Quando Hoseok conseguisse, ele falaria.