11 | Aquele em que Taehyung é atacado por gaivotas raivosas

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Kim Taehyung se encontrava o mais esparramado possível na esteira, usando seus óculos escuros e assando ao sol enquanto tirava um cochilo. Antes de adormecer, até onde sabia, deixara Min Yoongi e Jung Hoseok sob a sombra do guarda-sol, conversando baixo e trocando beijinhos como dois boiolinhas. O ruivo acordou pouco tempo depois sentindo que seus braços, o peito, o abdômen e as coxas praticamente pegavam fogo, então resolveu se virar de costas, ignorando que a barriga ardia ao entrar em contato com a esteira áspera. Fingiu que ainda dormia enquanto, com os olhos semicerrados por baixo das lentes escuras, apenas observava seus namorados. Estavam aos sussurros e Taehyung, definitivamente, amava quando se distraíam entre eles.

De súbito, Hoseok se afastou de Yoongi e virou-se rapidamente na direção de Taehyung, a expressão preocupada.

— Ele passou protetor? — Hoseok questionou, ainda baixinho, e foi só aí que Taehyung se lembrou de que, não, não havia passado protetor; àquela altura, já era tarde demais.

Yoongi franziu o cenho, cerrando os lábios e fazendo uma carinha engraçada, pensativo, antes de responder:

— Não sei, Hobi. Acho que não... ai!

Ai?

Àquele horário havia crianças demais na praia, brincando por todas as partes, correndo e gritando. Não que Taehyung se incomodasse — ele adorava crianças, apesar de tudo, e aquele era o tipo de bagunça com o qual já era acostumado. Talvez em sua casa fosse ainda pior. Contudo, seu instinto protetor entrou em alerta assim que percebeu que seu Yoongi acabara de ser acertado por uma bola. E, pior, o impacto fez com que ele desse de cara com Hoseok, já que estavam tão próximos.

Assim que se recuperaram do choque, o ruivo percebeu que Yoongi, que segurava a bola de vôlei responsável pelo acidente, tinha o canto da boca sangrando. Taehyung se sentou, pronto para tomar qualquer providência. As crianças donas da bola rapidamente chegaram à cena, cobrindo a boca na tentativa — falha — de disfarçar as risadas.

Crianças, sempre rindo da desgraça dos outros.

Dois meninos e uma menina menorzinha. O mais alto, e muito provavelmente mais velho, deu um passo à frente dos outros e entrou na sombra do guarda-sol de Yoongi e Hoseok.

— Pô, foi mal, tio — disse simplesmente, a voz oscilando entre o grave e o fino, respectivo ao início da puberdade. — Devolve a bola aí?

Tio? — Min Yoongi fez uma carinha de indignação.

Taehyung se levantou e pegou a bola das mãos de seu namorado mais velho, seu semblante extremamente sério. Apesar de agir como uma criança na maior parte do tempo, quando se tratava de lidar com crianças de verdade ele ficava tão maduro que não parecia a mesma pessoa. E quando elas faziam algo errado, ele se tornava tão sério que — seus namorados nunca admitiriam — chegava a dar medo. Seus irmãos sabiam muito bem disso.

Taehyung andou até o garoto em questão, intimidador e olhando-o de cima. Entregou a bola, empurrando-a não tão gentilmente em direção ao peito do moleque, e proferiu com a voz grossa:

— Vão brincar pra lá. Se essa bola vier parar a menos de três metros da gente, eu não devolvo, 'tá me entendendo?

O garoto engoliu em seco, tendo de olhar para cima, pois Taehyung era muito mais alto.

— Sim, t...

— Nem pense em me chamar de tio, é senhor pra você. Estamos entendidos?

— Sim... senhor.

— Ótimo. Agora vaza daqui.

Taehyung suspirou. Adorava crianças, mas crescera criando várias e sabia que para lidar com elas, deveria saber também ser firme. Não podia ser o cara legal toda hora — e infelizmente, por mais que quisesse, não podia voltar no tempo e ser um deles. Ainda assim, às vezes ele acabava exagerando, como era o caso. Yoongi e Hoseok ainda o encaravam sem expressão, até que Hoseok começou a rir, correndo os dedos pelos cabelos castanhos e macios.

Voyage à trois • {taeyoonseok}Where stories live. Discover now