True

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"Eu comprei uma passagem para o mundo,
Mas agora eu voltei novamente
Porque eu tenho dificuldade para escrever a próxima linha?
Oh, eu quero que a verdade seja dita"
True - Spandau Ballet

- Você disse que seu sobrenome é Smith?
Alice questiona caminhando ao seu lado, enquanto o guia até a sala.
- Sim senhora! Agente Smith.
Ele responde sério observando atentamente os cômodos do local.
- Que coincidência! É meu sobrenome de solteira também! Pode me chamar assim na verdade, eu não uso mais Cooper. Eu e meu ex marido estamos nos separando!
Ele a olha surpreso, mas não questiona mais nada. Chegando na sala, o rapaz para por um instante analisando o ambiente e uma foto na mesinha ao lado de um vaso de flores.
- São suas filhas?
Alice o observa por um segundo, um rapaz alto e de postura perfeita, olhos castanhos e bonito. Sentindo segurança e até confiança, ela acena positivamente mirando a fotografia com as meninas abrindo um leve sorriso.
- Sim! Essa é Betty, minha filha mais nova e essa é Polly, a mais velha!
A mulher responde apontando, respectivamente, as filhas na foto e ele percebe o tom de orgulho na voz dela, sentindo-se por um momento com ciúmes do que não viveu.
- Mas, a que devo a honra da visita do FBI em minha casa? Ah sim, por favor sente-se. Você aceita algo? Uma água, um suco?
A jornalista aponta o sofá toda educada, ainda com a sensação de conhecer aquele homem de algum lugar. Um sentimento já sentido antes, o mesmo que com suas filhas.
- Não, muito obrigado!
Ele responde firme, apontando o sofá em sua frente para que ela senta-se junto. Assim, Alice faz, cruzando as pernas e encostando na poltrona prestando atenção no agente.
- Você já ouviu falar sobre A Fazenda?
O homem questiona se inclinando para frente e entrelaçando as mãos encarando a mulher. Mantendo o porte, ele examina Alice sem transparecer o nervosismo. Não é a primeira vez frente a mulher, mas é a primeira vez que conversam e estudando cada movimento da jornalista, ele repara cada detalhe de sua progenitora.
Quando soube que A Fazenda estaria em Riverdale, seus superiores no caso, sabendo de sua história de vida, ficaram na dúvida de deixá-lo agir, pois sabiam que envolveriam Alice, entretanto, o agente mostrou pulso firme e insistiu em continuar, afirmando que não seria afetado pela mulher.
Todavia, ficar de frente para Alice trouxe a ele sentimentos guardados por anos, mágoa e ressentimento principalmente. Havia jurado que não deixaria o contato com a loira o afetar, mas parecia impossível ao vê-la dialogando em sua frente.
- Ontem mesmo minha filha mais velha comentou comigo. Me convidou para participar! Tive alguns problemas com meu ex marido e ela disse que A Fazenda ajudaria a me curar, melhorar. Mas por que me questiona isso? Algum problema?
Alice responde o agente séria, balançando o pé no alto da perna cruzada. O homem em sua frente a deixa nervosa e faz seu coração acelerar.
- Eles são um grupo muito perigoso senhora Smith!
Dizer o sobrenome dela o deixou meio sem jeito, o sobrenome dele, que havia recebido dela e ela ali em sua frente sem saber de nada. Sem o reconhecer. Enquanto isso, alarmada, a jornalista se ajeita na poltrona prestando ainda mais atenção na fala do rapaz.
- O FBI vem investigando A Fazenda a bastante tempo, principalmente seu criador Edgar Evernever, um sádico, dissimulado e aproveitador.
Os sentidos de jornalista começam a despertar na mulher e o interesse se torna ainda mais mútuo.
- Ele se aproveita da vulnerabilidade das pessoas e utiliza seus pontos fracos para trazer para o grupo e então tirar aproveito de seu corpo, de seus órgãos.
A jornalista arregala os olhos claros assustada, prendendo a respiração por alguns segundos analisando a fala e entendendo onde o homem quer chegar.
- A Fazenda na verdade é uma colheita de órgãos humanos sem permissão. Um mercado negro de órgãos sem que as pessoas que entram saibam. Ele usa de suas fragilidades, manipula e consegue o quer. Nós estamos atrás de provas a algum tempo, quase conseguimos pegá-lo a duas cidades atrás, mas assim que ele descobre que estamos na área, consegue fugir.
Explicando detalhadamente, ele observa a expressão de espanto da mulher.
- Minha filha está nesse lugar! Eu preciso avisar, tirar ela de lá...
Alice afirma movendo-se na poltrona para levantar, mas antes que pudesse fazer o homem nega a parando.
- Não pode! Precisamos dela lá, precisamos de você infiltrada lá.
A jornalista o mira entendendo e voltando a se ajeitar na ponta da poltrona.
- Manter a Polly lá, deixa mais verídico sua atuação na fazenda e além do mais, você consegue cuidar dela. Precisamos que você se inflitre, faça amizade e consiga o máximo de informações para nós. De provas!
O agente afirma sério, ficando ereto e a encarando.
- querem que eu me torne uma informante do FBI?
Ela questiona ainda não acreditando.
- Sim! Sabemos de suas habilidades como jornalista e investigadora. Vamos pagar é claro e manter você e sua família segura se concordar em nos ajudar.
Ele a encara a vendo suspirar um pouco preocupada. Ela desvia o olhar por um instante, mas acena a cabeça concordando depois de pensar um pouco.
- Eu aceito agente Smith! Desde que prometa que minhas filhas ficarão bem.
Ela pronúncia séria, o vendo concordar com o único empecilho.
- Mas porque eu? Vocês já haviam me investigado?
A jornalista fica séria novamente encarando profundamente os olhos do homem. Aqueles olham que a lembram alguém, só não sabia quem.
- Bom, nós sabemos que é jornalista e sim, já investigamos sua vida e sabemos de tudo que te aconteceu, mas quem indicou sua pessoa... Fui eu!
Ela o encara sem entender, buscando rapidamente alguma lembrança com ele, mas em vão.
- Nós nos conhecemos! Bom, de vista...
Ele começa a falar meio inseguro, deixando-a desconfiada.
- Eu sei quem você é, sempre soube na verdade. Tinha prometido a mim mesmo que não iria tocar no assunto, mas ter você aqui na minha frente... Tão perto... Tinha tantas perguntas, tantas coisas para falar... Mas agora... Eu só não sei o que dizer...
Então como uma revelação, ela entende. Aquele olhar que ela sabia conhecer, a sensação que ela estava sentindo desde que o viu, o sobrenome. Ela junta as peças e sua mão automaticamente aperta o braço do sofá ao sentir tudo ao seu redor girar por um momento. Um arrepio a percorre e o coração acelera em um frequência que faz sua cabeça começar a doer. Os olhos enchem d'água e a boca abre levemente de surpresa. Aquele olhar, aqueles olhos... FP Jones, os olhos e a postura rígida. A seriedade dele e o sorriso discreto dela. Era ele. Em sua frente. Em carne e osso. Seu filho mais velho.
- Meu nome é...
Ele percebendo que a mulher havia descoberto, resolve acabar logo com o suspense, entretanto, Alice sussurra quase inaudível seu primeiro nome, fazendo o coração do rapaz acelerar ainda mais ao ouvir isso da boca dela.
- Charles!
Alice pronúncia em um murmúrio, voltando a falar mais alto sem tirar os olhos do rosto do rapaz.
- Você é meu filho. Charles Smith!

"Sempre escapando das minhas mãos,
A areia tem seu próprio tempo
Leve seus braços à praia e escreva a próxima linha
Oh, eu quero que a verdade a seja conhecida"
True - Spandau Ballet

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⏰ Last updated: Jun 06, 2019 ⏰

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