parabéns <3

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O dia foi difícil. O tempo passou devagar e eu não consegui encontrar nada pra me distrair o suficiente enquanto esperava a noite.

Ultimamente isso vem sido bem comum na minha "rotina". O dia não parece mais ter vinte e quatro horas, e sim o dobro disso. Ou mais. Pelo menos hoje eu terei algo diferente e legal pra fazer.

Não quero ter que pensar em voltar pra escola.

Por mais que isso parece me perseguir. Eu não pretendo sair de lá, e também não sei quando vou voltar. É difícil tentar compreender isso, mas fazer o que? Eu simplesmente não consigo.

Pelo menos hoje eu acordei mais felizinha, por conta da vinda das meninas e da festa do pijama.

Por que elas não me disseram à hora exata em que viriam? Eu to sentada nesse sofá esperando há uns trinta minutos e nenhum sinal delas.

Será que elas resolveram fazer uma brincadeira comigo, apesar do meu estado? Nossa, que maldade.

Aí sim eu ficaria mais animada pra voltar pra escola, pra poder bater nelas.

Risos.

Tentei ligar pra Sabrina umas três vezes e pra Angela quatro, pelo menos. Por que elas não respondem? To começando a levar a sério o negócio da brincadeira.

Puta merda. Coloquei meu pijama novo pra nada.

Já estava pensando em ligar de novo pra elas, quando eu me assusto com a campainha. Não é drama. A campainha da minha casa quase deu um treco na minha avó uma vez, de tão estranha que é.

Eu vou rapidamente até a porta e abro-a.

Eu to em um filme de terror, onde cada hora é um susto? Que palhaçada é essa? O que o Rafael tá fazendo encostado na parede da varanda, de sobrancelha arqueada, me olhando como se eu fosse uma criança?

- Quem te deu meu endereço? — eu pergunto, indignada —

- Isso não importa. — ele dá de ombros —

- Importa sim. Aliás, o que você tá fazendo aqui? — eu cruzo os braços —

- Eu vim te dar os parabéns... — ele entra, inconvenientemente, ficando de pé um pouco perto do sofá —

- Parabéns pelo que? A minha vida tá uma merda. — eu brinco, mas séria. Isso teve sentido? —

Fecho a porta irritada, e vou até o sofá, ficando de pé a mais ou menos um metro de distância de Rafael.

- Por você fazer o que o babaca do seu ex mais queria depois de você fuder com a reputação dele. — ele resmunga, praticamente cuspindo as palavras —

Eu faço uma expressão confusa, como se quisesse que ele repetisse.

- Então parabéns. Vai sair da escola, o que vai fazer tudo lá ficar pior pra você e melhor pra ele. — ele aumenta o tom da voz —

- Olha, idiota, eu não to te entendendo. Não falo sua língua. Pode me explicar? — eu ironizo, dando uma gargalhada no fim da frase —

- Você vai se fazer de desentendida mesmo? — ele pergunta, indignado — Agora que eu vou ficar feliz de você sair da escola...

- Eu não vou sair da escola. — eu digo, rapidamente — Quem foi que te disse isso? Tá acreditando em muita fofoca, embuste.

- Tá todo mundo falando sobre isso, você não precisa mentir agora. — ele exclama, convencido —

slowly [r.l]Where stories live. Discover now