Capítulo 27

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Mateo

- Vai me ignorar até quando? - Pergunto para Lina.

- Até você me pedir perdão. - Ela responde.

- Me perdoe Lina. - Reviro os olhos.

- Perdão verdadeiro Mateo.

Já faz dias que Lina mudou de quarto, e de lá para cá praticamente nem me olha. Ela só conversa comigo se eu perguntar algo, caso contrário não fala nada.

- Não sei porque está tão brava. - Falo. - Outras mulheres no seu lugar ficariam felizes por não ter que trabalhar por estar casada com um homem rico.

- Uma pena que não sou como as outras mulheres. - Ela sorri com desdém. - Não estou nem um pouco interessada se você é rico ou não, eu tenho saúde suficiente para ganhar o meu próprio dinheiro, sem depender de você.

Realmente não achei que Lina ficaria tão brava por ter perdido o emprego por minha causa. Na verdade achei que ela ficaria agradecida por não precisar trabalhar, mas pelo jeito eu estava errado.

Há alguns dias me pergunto se ela é uma interesseira como o pai. Se Lina se importasse tanto com dinheiro, estaria trabalhando com algo mais rentável que professora. 

Se ela realmente fosse uma mulher mimada, e gastadeira, já teria aceitado meu cartão de crédito, mas não foi isso que aconteceu.

Deixei um cartão no seu quarto, e o recebi novamente todo quebrado. Achei que ela estava apenas fazendo pirraça, mas estou começando a duvidar disso.

E se Lina for diferente do pai? Mesmo não tendo um bom exemplo em casa, talvez ela tenha se tornado uma mulher decente, e talvez a minha cegueira pela vingança não tenha me deixado enxergar isso.

- Realmente gostava tanto do seu emprego? - Pergunto.

- É claro que sim. - Lina me responde.

- Por que não escolheu algo que lhe desse mais dinheiro?

- Não estou interessada nisso, e sim em ensinar as pessoas. - Ela revira os olhos. - Obvio que sei que o dinheiro é importante, mas essa não era minha prioridade.

O seu celular começa a tocar, então ela o pega sobre a mesa e sua feição muda no mesmo instante.

- Oi pai. - Ela atende a ligação.

Lina parece desconfortável com a ligação do pai. Talvez seja por estar escondendo que nos casamos, ou talvez existe algo a mais nessa história.

- Estou na casa do Mateo. - Ela fala.

- O que ele quer? - Pergunto para ela.

- Quer vir aqui. - Ela me responde.

- Pode falar para ele vir. - Digo.

Já está na hora de Thomas saber que me casei com sua filha, e que o dinheiro da herança da Lina não ficará com ele.

Ela conversa com ele por mais alguns segundos, em seguida finaliza a ligação. Lina empurra a cadeira para trás e se levanta, depois começa a caminhar para fora da cozinha, e nem ao menos olha para mim.

Lina está me tratando com frieza, e por algum motivo não gosto disso. Tenho que admitir que sinto falta dela sendo amorosa comigo, mas isso não está acontecendo faz dias, e provavelmente não irá acontecer até eu pedir perdão com sinceridade.

Nunca imaginei que ela seria tão petulante ou respondona, ou que me enfrentaria cara a cara. Lina sempre pareceu meiga, só que não vejo isso nela agora.

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