Capítulo Dois

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        - Eu... fracassei.

       Aidan passou os últimos dez minutos - desde que eu e Selene entramos na tenda dele - repetindo isso a todo momento. Não sabíamos o que falar. 

       O que eu devo falar? vamos lá, Katrina Darcy Merlin! Você é uma feiticeira poderosa de classificação Alpha, você treinou para se tornar A mais forte, console seu amigo sua feérica burra! 

      - Querido... você foi muito bem... - minha madrinha tomou partido.

       - Chegou tão longe, estamos orgulhosas de você - eu continuei. 

      Viktor virou seu olhar em nossa direção, olhando no fundo de nossos olhos. Eu sempre me sinto muito pequena diante de seus olhos, sempre sentia que eles podiam descobrir o meu mais terrível segredo; fascinantes e perigosos. 

       - Mas eu... eu fracassei. Tanto treino durante esses cinco anos, tantas noites em claro, e eu nem consegui trazer glória a minha família - dizia com dor refletida pelo olhar. - Tudo que eu fiz, tudo, foi pra conseguir ser visto como... algo mais. Algo a mais que um mestiço. Algo a mais que somente o filho de Selene Galatikus, princesa-general dos povos estelares que renegou a coroa para se casar com um simples feiticeiro! eu quero fazer realmente parte de algo, eu não quero fama ou dinheiro, quero ser lembrado como alguém importante, e não o fruto de um casamento que é julgado por todos os feéricos. - sua voz era firme, convicta, mas com desespero implícito.

       Esse sempre foi o dilema de Aidan, desde que eu o conheci. Ser reconhecido e aceito é algo que qualquer ser almeja, nem que precisem ser outras pessoas para o mundo e se esquecessem de quem realmente são; entretanto, para ele era algo mais, era ter o peso de ser visto como um impuro, alguém que não é aceito simplesmente por ter nascido. Sem pensar em mais nada, me aproximo de meu melhor amigo, o garoto que cresceu ao meu lado e foi meu pilar para me reerguer após a morte de meus pais. O abracei sendo retribuída, o abraço era quente e aconchegante como todos os outros. Consegui ouvir o som de saltos se afastando, que logo percebi ser Selene saindo da tenda para nos dar a devida privacidade.

       - Está tudo bem, eu estou aqui... - murmurei enquanto afagava seus cabelos, seu rosto enterrado em meu pescoço. Ele não chorava, e nem choraria, eu sabia. 

       - Eu te amo, Kat. Obrigada por estar aqui comigo - ele falava sem tirar seu rosto de meu pescoço. 

       Devia ser desconfortável, considerando o fato dele ser mais alto que eu, mas em horas como essa coisas simples deixam de importar, e apreciar a companhia de alguém querido afasta todas as dores e tormentos.

      - Também te amo, Ai. Lembrasse sempre, você não está sozinho, nós dois somos filhos de lugar nenhum, somos utópicos.

      E abraçados no meio daquela tenta toda branca, eu tive a certeza que não importava quanto mal o mundo tivesse, quantas guerras tivéssemos que lutar, estaríamos bem, pois estaríamos juntos.

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       Três semanas haviam se passado desde as olimpíadas feéricas, e o ano letivo escolar em Shisbesia tinha começado a uma. As coisas estavam agitadas pela escola devido a um grande evento que está para acontecer: A disputa das raças. deixe-me esclarecer...

       Em Elfhergar existem cinco províncias: Pandora, a província dos descendentes da magia; Valka, dos Valerianos; Strix, dos estelares; Silicios, dos elfos d'água e Peridium, dos paladinos. Em cada província existe uma escola racial, onde somente nascidos-puros ou, no máximo, mestiços podem estudar; contudo, existe uma escola, Estheriam, onde exclusivamente a elite, os futuros governantes das cinco raças, se misturam. Feéricos comuns estudam nas escolas raciais, e não podem nem sonhar que em algum dia tenha a honra de estudar em Estheriam, nem sequer colocar os pés lá; entretanto, sempre existe alguma exceção, e esta é a disputa das raças, onde os futuros governantes de uma província, ou clã, e dois selecionados das escolas raciais são escolhidos para ter a chance de representar sua raça. Esse é o único momento na vida que um feérico comum vem a ter a chance de entrar lá.

A Herdeira de MerlinWhere stories live. Discover now