call

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O porteiro estranha minha presença depois dos meses de ausência, retribuo seu cumprimento e aguardo com as mãos nos bolsos, ouvindo sua voz através do telefone.

— Jungkook está aqui em baixo.

Deixa subir.

Enfio as mãos até o fundo nos bolsos, aceno e entro no elevador, afundando o dedo no botão do seu andar. O trajeto tão conhecido que repentinamente se tornou uma nostalgia amarga.

Encaro a maçaneta até vê-lo surgir pela abertura da porta, seus olhos vermelhos e inchados, os fios loiros agora platinados, mais compridos do que minha memória se permitira recordar.

Eu não sabia o que estava fazendo aqui parado em sua porta, inferno, mesmo depois de tudo que ele me fez passar. Não compreendia como os efeitos que tinha sobre mim conseguiam manter-se intactos, sentindo todo meu interior revirar-se ao apenas ver sua presença.

Entro, fechando a porta atrás de mim. O lugar tão bem conhecido, recheado de infinitas memórias. Tudo está perfeitamente limpo e organizado, o que é preocupante, pois Jimin apela para afazeres domésticos apenas quando está realmente mal.

Sinto seus olhos em mim, os meus pairam no sofá, nas noites de filme em que cochilávamos um nos braços do outro, na mesa, nos tantos cafés da manhã, em todo o arredor, nos beijos, transas e discussões. Eu tentava inutilmente barrar a vinda das memórias, mas era impossível. Ainda via o vapor d'água espalhando-se pelo minúsculo apartamento nos banhos a dois de porta aberta, ainda ouvia nosso riso harmonizado, ricocheteando as paredes e preenchendo cada canto com aquilo que fomos um dia.

Ele percebe minha desconcentração, Jimin percebe tudo. Coço a cabeça e desvio a atenção, direcionando-me a ele.

— Estou aqui, Jimin, do que você precisa?

Três passos lentos foram o suficiente para que ele se aproximasse, colando, vagarosamente, seu corpo no meu; a íris escura cintilando naquilo que eu conhecia bem. Seus dedos, completamente desprovidos de anéis, passeiam por meu ombro, clavícula, parando na abertura da camiseta larga.

Jimin — Alerto-o, não tão firme quanto gostaria. Ele ignora.

A pontinha dos dedos macios escorregam pelo músculo retesado em meu pescoço, minhas pálpebras baixam instintivamente, sentindo seu efeito imediato quando adentra as mãos sem pudor por minha roupa, e, porra, como eu me odeio por deixá-lo fazer isso.

Tento forçar alguma racionalidade, lembrando em como fui trocado para que estivesse livre para as festas, descompromissado na faculdade, sem importar-se com o meu bem estar ao jogar nossa história para o alto como se não valesse nada, mas seus lábios me impedem de pensar.

Não proíbo, nem o afasto.

Meu corpo é um terreno conhecido, sua boca atingindo cada ponto sensível, barrando qualquer reação.

É detestável admitir quanto sinto sua falta, uma vez que palavras não precisam ser proferidas quando cada estímulo é correspondido. Tentei nutrir raiva, mas tudo que havia era frustração. Tentei deixá-lo de lado, mas a visão de vê-lo afundando nos próprios medos era dolorosa demais, eu, simplesmente, não conseguia deixar de me importar. Não conseguia deixar de retornar.

Sua boca é quente ao deixar chupões molhados em meu pescoço.

— Não podemos. — Digo, minhas mãos fracas empurrando sem força seu quadril para longe.

Eu nunca o tocaria naquele estado, bêbado e vulnerável, mais uma vez agia pelo famigerado impulso, o que normalmente não resultara em bons acontecimentos.

— Por favor... — Ele pede manhoso, espalmando a palma sobre meu membro que começara a dar sinais de vida dentro do jeans apertado.

Mil palavrões se passam em minha cabeça, nenhum digno de ser externado, por dar exatamente o que ele quer, deixando-me ser usado mais uma vez.

— Deixa eu te satisfazer, Jungkook. Deixa eu fazer uma coisa na qual sou bom.

n/a mereço estrelinhas até aqui??

don't call | jikookWhere stories live. Discover now