Em algum momento da madrugada, enquanto bebíamos uísque, nossos corpos ficaram mais próximos e, quase que involuntariamente, mais quentes.
Dois mundos antagônicos, um cinza e um castanho, se encontraram em meio a escuridão eterna.
Victor estava sem camisa e mais intenso do que nunca. Todas as suas tatuagens amostras em um significado que eu jamais entenderia.
Eu também tinha algumas, mas pequenas o suficiente para passarem despercebidas, tal como a palavra "Maktub", escrita em árabe, na lateral do braço direito.
Nós nos encaramos profundamente e intensamente, enquanto o cigarro queimava devagar.
O silêncio era tudo e não existia mais nada além de escuridão daquela sala.
Era apenas nós dois no fim das contas, como tudo deve ser.
_Eu jurei que nunca mais colocaria um cigarro na boca. - Victor comentou de repente, quebrando a promessa mais uma vez, em um longo trago. - E que também nunca mais beberia.
Eu sorri, olhando para o copo de uísque na sua mão.
_Promessas são feitas para serem quebradas.
_Eu também jurei que nunca mais entraria na sua casa.
Meus olhos se direcionaram automaticamente para os seus.
_Por quê? - no fundo eu não queria saber.
Victor se ajeitou mais confortavelmente no sofá e então encarou o teto negro. Parecia estar fugindo do meu olhar.
_Eu não sei. - disse ele, soprando a fumaça.
_Não estou com tempo para conversas profundas. Estou bêbada, então por favor seja mais direto.
Me juntei a ele, apoiando a cabeça em seu ombro.
Não dava para ver o teto porque estava muito escuro, mas de alguma forma sabíamos que ele estava lá, tal como nossa química ou nossas correntes.
_Não gosto de me explicar, desculpa. - Victor murmurou algum tempo depois.
Eu sorri quando ele deixou o cigarro de lado e segurou na minha mão.
_Não sei decifrar você.
_Nem deve. Eu sou uma bagunça.
_Nós dois somos, Victor. - eu olhei brevemente para cima, mas Victor ainda tinha os olhos fixos no teto. - Você se arrepende de algo?
_Sim, de muitas coisas. E você?
Ele falava com tanta certeza, mas era difícil saber se o que saía da sua boca era verdadeiro ou não.
_Não há nada que eu não faria novamente. - respondi com plena convicção de que isso era mentira.
_Por que estamos juntos? - Victor perguntou de repente, com um pequeno sorriso nos lábios.
Eu me afastei um pouco para olhar em seu rosto.
_A pergunta certa, Victor, é "por que não estamos juntos?".
Seus olhos finalmente alcançaram os meus.
_Somos tóxicos demais um para o outro. Se tentássemos algo iríamos nos arrepender.
_O arrependimento será o mesmo se não arriscar.
Victor negou com a cabeça sorrindo de um jeito amargo, antes de segurar na minha mandíbula fortemente, prendendo o meu olhar no seu.
_Eu sou problema. Você deveria se envolver com caras como o Ero. Ele faz parte do seu mundo. - e soltou o meu rosto de forma brusca, meio que empurrando-o.
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∆KIRA (+18)
RomanceAkira era, de certo modo, a condenação dos seus pecados, o castigo da sua carne e a purificação da sua alma. Ela era a destruição da sua vida; o destino traçado nas estrelas que Victor não poderia apagar. AMORES IRREFUTÁVEIS - ∆KIRA vol. 01 - J∆D...